O início da operação especial para a destruição dos 115 cilindros de gases tóxicos armazenados no Porto de Santos depende da aprovação de um rebocador que levará a balsa com os produtos até alto mar. A embarcação, que virá do Rio de Janeiro, deve chegar à cidade na segunda-feira (21). A inspeção será feita pela Capitania dos Portos. Ontem (18), a Companhia Docas do Estado de Paulo (Codesp) se manifestou oficialmente sobre o assunto, após reunião na sede do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público Estadual (MPE).
“A gente não pode falar em uma data porque dependemos dos órgãos ambientais e da Capitania dos Portos. O novo rebocador chega na segunda-feira. Acredito que na segunda mesmo seja feita a vistoria. A partir de então, se não existir nenhum outro óbice (impedimento), a empresa estará pronta para iniciar a retirada desses cilindros da cidade”, explicou Almachia Zwarg Acerbi, promotora do Gaema. Um inquérito civil sobre a destruição dos equipamentos tóxicos tramita no órgão.
Durante a reunião, a empresa contratada pela Codesp para o procedimento de destruição dos cilindros, a Suatrans, apresentou o plano de trabalho e cronograma da ação. “Como representante do Ministério Público Estadual estou satisfeita. Não vejo nenhum óbice para a operação não acontecer. Pelo contrário, essa operação é imprescindível para a segurança da população e, em nenhum momento, foi deixado de lado. Vai ter todo o resguardo ao meio ambiente. Estou muito segura do que foi estudado. É a melhor maneira para a destinação correta e destruição desses produtos altamente tóxicos e explosivos”, destacou Almachia.
O coordenador da Defesa Civil de Santos, Daniel Onias, presente à reunião disse que o órgão está monitorando o processo. “Estamos acompanhando e a qualquer possibilidade de vazamento estamos prontos para isolarmos a área e proteger a população”, disse. “Houve exigência de vários órgãos ambientais e também do Corpo de Bombeiros quanto ao local em que estão depositados”, ressaltou. Os cilindros, antes depositados no Armazém 11, foram transferidos para o Armazém 10.
Onias explicou como será o processo de destruição dos cilindros. “Eles serão depositados em embarcações apropriadas para alto mar e lá se iniciará o processo de destruição. São seis tipos de gases, um processo distinto para cada tipo deles. Alguns serão queimados, em outros haverá reações químicas. São processos adequados para a segurança, principalmente da população”.
Ana Angélica Labarce, analista ambiental do Ibama, também destacou a segurança do processo. “A tecnologia que está sendo utilizada é tão magnifica, que a gente fica muito tranquilo. Estamos lidando com uma empresa que é considerada uma das melhores do mundo. Já chegaram especialistas e técnicos de toda a parte do mundo para fazer essa operação. E isso é muito importante porque nos dá segurança, com menos risco de impacto ambiental e com menor risco a saúde da população”, afirmou.
Codesp
O presidente da Codesp, José Alex Oliva, falou oficialmente sobre assunto após a reunião. Os representantes da empresa que será a responsável pelo transporte e a destruição dos cilindros não foram autorizados pela estatal a conversar com a imprensa.
“Todos os cuidados que tinham de ser feitos já foram feitos. A mudança que nós fizemos do Armazém 11 para o Armazém 10 já foi feita no sentido de dar segurança, acondicionar, ter condições de transporte. O que precisamos fazer agora é colocar na balsa, levar para lá e concretizar a operação com a queima de todos esses gases e resolver definitivamente o problema”, afirmou Oliva.
Sobre a Codesp não ter se manifestado até então sobre o assunto, Oliva disse que se tratou de cautela. “A manifestação pública só pode ser dita com exatidão. Não podemos dar informação incompleta, enquanto não se tem uma posição completa, concreta e segura é prematuro se falar. Tudo foi feito. A Codesp nunca se negou a dar esclarecimento com todos os órgãos. Temos atendidos todas as exigências, apenas não queríamos nos manifestar porque sabíamos na responsabilidade que temos”, afirmou.
Caso
Os cilindros estão no Porto de Santos há 22 anos. A existência dos produtos tóxicos veio à tona após a Codesp solicitar autorização ao Conselho Municipal de Meio Ambiente de Guarujá para queima dos gases na cidade. O pedido foi negado, e o Ministério Público solicitou que a estatal apresentasse um novo plano. A solução encontrada foi a destruição dos equipamentos em alto mar.
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