Saúde
O índice não define a delta como a cepa dominante no país, mas alerta para o avanço no número de casos de Covid-19 causados por ela
O aumento da proporção da delta pode estar relacionado ao avanço da variante no Rio de Janeiro / ITAMAR CRISPIM/FIOCRUZ
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A variante delta já responde pela maior parte das amostras brasileiras do Sars-CoV-2 depositadas na plataforma internacional Gisaid, que reúne dados genômicos de 172 países.
Em uma semana, a proporção passou de 38,5% para 61,2%. Já variante gama (antiga P.1), que respondia por 60% das amostras, representa agora 33,8%.
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Porém, isso não quer dizer que a delta já seja a cepa dominante no país. Embora haja um avanço no número de casos de Covid-19 causados por ela, a predominância ainda é da variante gama, segundo dados do Ministério da Saúde.
Para os virologistas e infectologistas, há um viés nas amostragens depositadas na Gisaid. A maior parte das amostras sequenciadas vem do Sudeste e há uma busca ativa de casos de infecção pela delta.
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Segundo o virologista Maurício Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, o aumento da proporção da delta pode estar relacionado ao avanço da variante no Rio de Janeiro, onde ela já responde por 66% das amostras coletadas na capital e 60% no estado, segundo último boletim da Secretaria Estadual de Saúde.
Atualmente, o centro brasileiro que mais sequencia amostras do coronavírus é o da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que fica no Rio. Até segunda, 431 dos 1.020 casos de delta registrados no Brasil estavam no Rio de Janeiro, segundo dados Ministério da Saúde. O país tem 41 mortes atribuídas à variante.
No estado de São Paulo, a gama ainda domina, segundo balanço do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) da última segunda (16). Há 231 casos confirmados da variante delta, e outras 169 confirmações em fase de investigação epidemiológica. Já a gama totalizava 867 confirmações.
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Para o infectologista Renato Kfouri, secretário da SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações), ainda há várias perguntas sem resposta acerca da dispersão da delta no Brasil, como o motivo da alta prevalência da variante e de casos e hospitalizações associadas a ela no Rio, mas não ainda em São Paulo, por exemplo.
Outro fato intrigante, diz ele, é o que o Brasil não está registrando um aumento abrupto de casos da Covid-19 com a chegada da delta como ocorreu em outros países. "Continuamos em tendência de queda de óbitos e internações."
Uma hipótese já levantada por virologistas é uma possível competição biológica com a variante gama, que poderia funcionar como um inibidor da propagação da delta.
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"No cenário europeu e americano, a delta entrou num vácuo, num nicho ecológico vazio, e fez um estrago maior. Aqui, ela não vai passar despercebida, mas talvez o impacto possa ser menor. Mas estamos todos no campo do talvez."
Outra curiosidade, segundo Kfouri, é que vários países da Europa, como Reino Unidos, Itália, Alemanha, Espanha e Portugal, que registraram picos de infecções pela delta semanas atrás, hoje estão com os casos em queda ou em estabilidade.
"Eles estão com quase metade dos registros de três semanas atrás. É um outro fenômeno sem explicação até o momento. Uma hipótese é que, como ela é muito transmissível, rapidamente se esgota", diz.
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Outra variante que está se espalhando pela América do Sul é a lambda, que foi detectada pela primeira vez no Peru em agosto de 2020 e avançou para 29 países.
No Chile ela já é responsável por 31% das pessoas infectadas. No Brasil, há pelo menos seis casos, segundo dados da plataforma Gisaid.
Seja a gama, a delta ou a lambda, as recomendações para prevenir a Covid-19 e suas complicações continuam as mesmas: esquema vacinal completo (os estudos vêm mostrando boa proteção também contra a delta), uso de máscaras, preferencialmente a PFF2, distanciamento social, evitar aglomerações e manter a higiene das mãos.
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