Carlos Alberto mostra receita em que médico prescreve Ivermectina e depois rabisca o item da lista / Divulgação
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Segundo denúncias encaminhadas à Reportagem, algumas unidades da Unimed estão prescrevendo Ivermectina para o tratamento da Covid-19. Uma delas é do aposentado santista
Carlos Alberto Lungarzo (79 anos) que, junto com a esposa, Silvana Barolo (67 anos), afirma que recebeu prescrição do medicamento em um Pronto Atendimento da seguradora, localizado na Rua Paraná.
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A Ivermectina, usada contra vermes, parasitas e piolhos, além de doenças de pele, não é recomendada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e nem pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para evitar a doença causada pelo novo coronavírus.
O Ministério da Saúde confirmou, em documento enviado para a CPI da Covid, que cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina também não devem ser utilizados ainda em pacientes hospitalizados por conta da Covid-19. Esse grupo de medicamentos ficou conhecido como “kit covid”.
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Além do casal santista, Mauricio Pereira Coelho, de Praia Grande, é autor de uma declaração de supostas negligência e recusa de atendimento emergencial à filha de apenas três anos, pela Unimed daquela cidade, ‘empurrando’ o atendimento para as unidades de pronto-atendimento públicas.
O chef Christopher Edward Silva Anestassi também foi submetido a um verdadeiro calvário. Todos procuram a Reportagem por acreditar em inúmeros outros casos semelhantes e que a divulgação pode servir de alerta e busca de direitos.
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Professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Carlos Alberto é conveniado há 38 anos da Unimed. No dia 28 último, ele relata que acordou com febre e cansaço e, junto com a esposa Silvana, decidiu pagar teste rápido para Covid-19 no drive-thru do Instituto de Análises Clínicas (IACs). Ambos estavam triplamente vacinados e, por isso, a doença não os levou à internação.
“Decidimos ir ao Pronto Atendimento da Unimed. Nove dias antes, a Agência Nacional de Saúde (ANS) havia aprovado a inclusão de teste rápido para diagnóstico da Covid-19 no rol de cobertura obrigatória. Sua publicação estava desde o 19 de janeiro, mas havia mais de um ano de precedentes nesse sentido. Agora, a inclusão era totalmente oficial”, revela o aposentado.
Depois de serem informados da não possibilidade de testes e passarem pela triagem e exames de praxe - temperatura, oximetria, batimentos cardíacos e pressão arterial – o casal foi atendido por um médico de plantão que, segundo relata Carlos Alberto, evidenciou certo desconforto e se negou a testar Silvana.
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“Insistimos na importância da testagem para tratamento adequado de quem estivesse doente e isolamento em relação a quem não estivesse positivado. Ele saiu às pressas da sala e chamou a chefe do Serviço Médico naquele plantão, que não se identificou nem cumprimentou, apenas disse, de maneira abrupta e áspera, que já não se faziam mais testes. A única coisa que podíamos esperar era uma receita para ambos. Porém, o mais inesperado é que entre as drogas recomendadas Astro (antibiótico), Predsin (cortisona) e Novalgina (analgésico), estava a Ivermectina, do chamado kit Covid imposto em diversas manobras da equipe do Ministério da Saúde do Governo Federal”, revela o aposentado, alertando que o médico riscou o nome da droga após a explosão de surpresa e indignação do casal.
DESOBEDIÊNCIA.
Além de desobedecer determinação da ANS em relação à realização de testes, o casal ressalta a iniciativa perigosa de receitar medicamentos impróprios à Covid-19. “Os componentes do kit covid do Governo Bolsonaro, além de não aliviar os danos da doença, podem causar sérios problemas de saúde. A Cloroquina, por exemplo, que se usa para malária em casos muito graves, pode levar a uma arritmia cardíaca severa e o paciente à óbito. A Unimed e seus médicos, ao prescreverem o kit-covid, ou parte dele, assumem com absurda irresponsabilidade a prescrição de medicamentos sem eficácia”, afirma o aposentado.
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Para ele, há indícios de uma suposta “ajuda mútua” entre Governo e planos de saúde em “desovar os milhões de drogas inúteis, como cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina, produzidas pelos laboratórios do exército e por mercenários que inventaram empresas fantasmas com esse fim. Quanto mais os médicos prescrevam o kit covid, mais aumentam os dois benefícios básicos de qualquer plano macabro: privar as vítimas de tratamento correto e oferecer drogas sem comprovação científica que podem até gerar doenças fatais”, finaliza.
PRAIA GRANDE.
Maurício Coelho relata que esteve com a filha em 31 de janeiro último, por volta das 11 horas, no Pronto atendimento da Unimed localizada na Avenida Presidente Kennedy. Após passar pela triagem, ele informou aos médicos que a menina estava com Covid pois, em sua casa, a irmã de 13 anos, que já havia passado no dia 29 do mesmo mês, foi atendida, testou positivo e foi medicada, “apesar do médico não ter feito nenhum outro tipo de avaliação e exames, prescrevendo receita para ela (menina de 13 anos) e para minha esposa que também estava com Covid”.
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Mesmo diante de todas as informações, ele explica que foi direcionado para uma sala em que os médicos não possuíam identificação (crachás), incluindo o monitor de atendimento.
“A médica mal deixou eu explicar os sintomas da minha filha e logo saiu falando que não tinha autorização para examinar nem mesmo fazer exame de Covid por determinação da Administração da Unimed. Mandou leva-la aos hospitais públicos da região e que nem em Santos ela seria atendida”.
Maurício Coelho revela que a menina estava com mais de 40 graus de febre, calafrios, garganta extremamente inflamada e diarreia, além da confirmação da irmã, da mãe e do pai que testaram positivo. “Sai da Unimed e corri ao posto emergencial público, no Ginásio Falcão, na qual ela foi bem atendida e medicada imediatamente”, finaliza.
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Christopher Anestassi, depois passados os três dias com sintomas e ter o convênio rejeitado por dois laboratórios, recebeu a informação que precisava aprovar um pré-cadastro na própria Unimed para realizar o exame. “Minha esposa é médica. Tenho uma filha. Trabalho e lido com pessoas. É o cúmulo do absurdo ter que aprovar dia, local e horário para fazer exame de uma doença tão grave!”, lamenta.
UNIMED.
Sobre os casos do casal e de Maurício Coelho, a Unimed informa, em nota assinada pelo superintendente Gilberto Biskier, que foram condutas médicas e não institucionais. “Foram abertos procedimentos internos para verificação das ocorrências. Formada e dirigida por médicos, a Unimed Santos tem a missão de prover soluções de excelência em saúde, havendo total interesse em esclarecer os fatos”, finaliza.
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