Baixada Santista confirma primeiros casos da doença / Udomkarn Chitkul/istock
Continua depois da publicidade
A líder técnica para varíola dos macacos da OMS (Organização Mundial da Saúde), Rosamund Lewis, disse em entrevista coletiva nesta terça-feira (26) que "a situação do Brasil [para a doença] é preocupante".
"É muito preocupante para países como o Brasil [...] reportando um número significativo de casos", afirmou. Até o momento, o país conta com 813 casos confirmados da doença, segundo o Ministério da Saúde. O saldo representa um incremento de 33% em comparação com a última sexta (22), quando havia 607 diagnósticos confirmados em todo o país.
Continua depois da publicidade
A maior parte dos casos se concentram no estado de São Paulo. A Secretaria de Estado da Saúde afirmou nesta segunda (25) que o estado já registrou 590 diagnósticos da doença. Assim, comparando com a última sexta, houve o aumento de 26% nos casos da doença. Por outro lado, o Ministério da Saúde diz que são 595 pacientes com varíola dos macacos em São Paulo.
A líder técnica da OMS também chamou atenção para problemas de testagem que podem afetar o país.
Continua depois da publicidade
"O que é [...] importante é o acesso aos testes."
A organização declarou neste sábado (23) que a doença é considerada como emergência pública de preocupação global.
"Nós acreditamos ser o momento deste anúncio, considerando que, dia após dia, mais países e pessoas têm sido afetados pela doença. Precisamos de coordenação e solidariedade para controlar esse surto", disse Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, no sábado.
Continua depois da publicidade
No mundo, a doença já infectou mais de 17 mil pessoas, segundo informações consultadas na tarde desta terça na plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford. O Brasil está na sexta posição dos países com mais casos de varíola dos macacos. Espanha, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França figuram entre as cinco nações com maior contingente de doentes.
Mesmo com o cenário de crescimento de casos do Brasil, Rosamund Lewis explica que a avaliação de risco depende dos escritórios regionais da OMS -são seis em todo o mundo. Sendo assim, o cenário de risco da doença continua considerado como moderado no mundo, com exceção da Europa, onde o risco é alto.
A varíola dos macacos é causada pelo monkeypox, um vírus do gênero orthopoxvirus. Outro patógeno que também é desse gênero é o que acarreta a varíola comum, doença erradicada em 1980.
Continua depois da publicidade
Os principais sintomas da doença são febre, mal-estar e dores no corpo. Então, o quadro evolui para o surgimento de lesões na pele, sendo o contato com essas feridas a principal forma de transmissão do vírus.
Pesquisas já reportam que alguns pacientes desenvolvem essas lesões nas regiões genitais, anais ou orais.
A hipótese é que isso aconteça porque a disseminação da doença está ocorrendo principalmente por contato sexual. Um estudo publicado na última quinta (21) concluiu que, entre 528 casos de varíola dos macacos de 16 países, 95% das infecções ocorreram durante o contato sexual.
Continua depois da publicidade
Os diagnósticos também se concentram na comunidade de homens que fazem sexo com outros homens.
A OMS, por exemplo, já indicou que cerca de 90% dos casos são reportados nessa população.
Um receio é que esse cenário cause estigma a esses homens. "Estigma e discriminação podem ser mais perigosos que qualquer vírus", afirmou Adhanom, no último sábado.
Continua depois da publicidade
Os Estados Unidos já confirmaram dois casos de monkeypox em crianças, segundo informações do CDC. Isso é um indicativo que, embora a disseminação da doença esteja sendo visto principalmente em relações sexuais, ela tem o potencial de infectar qualquer pessoa que tenha contato próximo a outros pacientes.
Uma dessas formas, por exemplo, é ter contato com gotículas infectadas. Nesse caso, é necessário contato muito próximo e prolongado. Por isso, especialistas afirmam que a pessoas doente deve se isolar e evitar contato próximo com outros moradores da residência. Também não é recomendado compartilhar objetos, além de sempre higienizar com álcool e evitar compartilhar roupas.
Além disso, a vacinação de populações chaves e pessoas que tiveram contato com pacientes é uma forma eficaz de evitar a transmissão, mas a expectativa é de que a vacina demore para chegar ao Brasil.
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, afirmou nesta segunda (25) que não há previsão de vacinar toda a população contra a varíola dos macacos e que a prioridade deve ser o isolamento dos casos confirmados e orientações sobre as formas de contágio.
Continua depois da publicidade
"Não há previsão de vacinação em massa em relação à monkeypox em nenhum país do mundo. São grupos específicos, que as autoridades sanitárias ainda não têm consenso", disse.
Segundo o ministro, a prioridade no Brasil será vacinar profissionais de saúde que manipulam diretamente o vírus.
Atualmente, existem duas alternativas de vacinas com eficácia para a varíola dos macacos: a Jynneos (ou Imvanex), produzida pela farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic, e a ACAM2000, fabricada pela Sanofi.
Continua depois da publicidade