Com potencial para se transformar em problemas de saúde ainda mais sérios, o Burnout é carcterizado pelo esgotamento profissional / Lukas Bieri por Pixabay
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Uma pesquisa realizada no ano de 2021 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) revelou que um em cada quatro brasileiros está ou já foi acometido pela Síndrome de Burnout, problema que foi reconhecido em 2022 como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Com potencial para se transformar em problemas de saúde ainda mais sérios, o Burnout é carcterizado pelo esgotamento profissional, acometendo trabalhadores que estão com jornadas extensas e intenso trabalho, conforme explica a professora Andreia de Conto Garbin, da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
"De modo geral, o Burnout incide em um quadro de esgotamento que tem três características principais: a exaustão, o não reconhecimento do trabalho realizado e o distanciamento da pessoa atendida. Já os sintomas, os mais comuns envolvem a sensação de não realização, sensações depressivas e apatia em relação ao outro. É possível também que apareçam e se manifestem dores, dores musculares, cansaço, dificuldade para manter alguma atividade e até dificuldade para dormir ou se alimentar", comenta Andreia.
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Professores e profissionais da saúde
A Sídnrome de Burnout pode atingir qualquer grupo profissional e pessoas de todas as idades e cargos. Entretanto, a psicanalista clínica Claudia Brazil, diretora do Instituto AMAS de Psicanálise, destaca que o problema é mais frequente em professores e profissionais da saúde.
"É muito relativo falar de grupos de profissionais que são mais atingidos, porque a Síndrome de Burnout hoje atinge muitas pessoas independente do seu grupo de trabalho. Porém, a doença é frequente em profissionais da área da saúde, que muitas vezes vivem de plantão, não têm horário para sair, moram dentro do hospital praticamente", diz a psicanalista.
Cláudia também destaca profissionais de venda e lembra que o Burnout pode atingir quem usa o trabalho como fuga dos problemas pessoais. "Os professores, especialmente que trabalham com adolescentes e crianças, que, muitas vezes, precisam dar várias aulas ao dia, em vários colégios, para obter uma renda maior, também são bastante atingidos, assim como os profissionais de venda, que trabalham com metas; empresários, que trabalham por conta própria, ou mesmo aqueles que buscam incessantemente o trabalho para não ver outros problemas, como uma fuga, um escape."
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Diagnóstico, tratamento e prevenção
O diagnóstico da Síndrome de Burnout é feito por meio dos sintomas relatados pelo paciente, análise da condição de trabalho, da relação e situação de trabalho. Dessa forma, explica Andreia, o psicólogo ou psiquiatra poderá estabelecer uma relação entre o quadro de trabalho e a síndrome.
No que diz respeito ao tratamento, ele pode envolver o uso de medicamentos, mas é essencial o atendimento psicoterápico nas modalidades individuais ou em grupo.
De acordo com as profissionais, o não tratamento da Síndrome de Burnout pode levar ao pareceimento de outras enfermidades, tanto mentais como físicas, a exemplo da depressão, síndrome de ansiedade, gastrite, entre outros.
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"O não tratamento pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas, como enxaqueca nervosa, gastrite nervosa, a fibromialgia, que é uma doença que dá dores em todo o corpo, e até levar a problemas cardíacos, AVC, entre outros", ressalta Cláudia.
Prevenção
Quando o assunto é prevenir a Síndrome de Burnout, o equilíbrio costuma ser a chave da questão.
"As pessoas precisam entender que a vida não é feita só de trabalho, que a vida também é feita de momentos de diversão, de lazer, de estar com a família. O equilíbrio é tudo na vida do ser humano. Assim, é preciso buscá-lo sempre. A análise pessoal, por meio da psicoterapia, também é muito importante para perceber os momentos de excesso", diz Cláudia.
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O papel das empresas
As empresas também exercem um papel importante na prevenção da Síndrome de Burnout, conforme explica o especialista em Recursos Humanos Caio Infante.
O profissional lembra que é comum as empresas se preocuparem muito com produtividade, eficiência e resultado da equipe e pouco com outras coisas que impactam a vida profissional das pessoas. Assim, ele aconselha os líderes a ouvirem mais.
"Uma das coisas mais importantes é saber ouvir o funcionário. O líder deve participar do trabalho da sua equipe e se engajar em ações de treinamento e desenvolvimento, mas, também, é essencial que ele faça sempre algumas perguntas importantes aos seus subordinados, como: ‘Como você está se sentindo?’, ‘Está tudo bem com a sua família?’, ‘Você está precisando de alguma coisa?’ ou ‘O que eu enquanto líder ou enquanto empresa posso fazer para o seu trabalho ser melhor?”", aconselha Caio.
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A segunda dica do especialista em RH é o cuidado com o celular. "As empresas precisam tomar mais cuidado com a comunicação pelo celular com seus colaboradores. Não é porque a pessoa está com o telefone que ela está 100% disponível o tempo todo para o trabalho. É preciso ter equilíbrio e bom senso nesse sentido".
Por fim, no caso de freelancers ou autônomos, ele aconselha o estabelecimento de uma rotina pessoal e de trabalho para produzir melhor sem perder o foco e evitando excessos.
Leia esta matéria também na Gazeta de S. Paulo.
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