Saúde
Especialista dá dicas para identificara doença, que é de origem genética, influenciada por fatores ambientais e orgânicos, e altera os neurotransmissores cerebrais
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Quem já não ouviu falar em hiperatividade ou usou essa palavra para expressar o comportamento agitado de alguma criança? As estatísticas são alarmantes: a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que cerca de 5% das crianças em idade escolar são portadoras de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Conhecida pela sigla TDAH, a doença é de origem genética, influenciada por fatores ambientais e orgânicos, e altera os neurotransmissores cerebrais que controlam funções essenciais, como atenção, organização, planejamento, cognição, motivação e atividade motora.
De acordo com a pedagoga Regina Helena Trinca, do suporte pedagógico do Ético Sistema de Ensino, da Editora Saraiva, o transtorno fica mais evidente quando a criança vai para a escola. Em situações normais, ela consegue permanecer sentada, prestar atenção no que a professora fala, anotar informações, fazer atividades e aprender as lições. Já a criança hiperativa, com déficit de atenção, não para quieta, age sem pensar e comete erros por distração.
“Muitas vezes, fica evidente que ela sabe o conteúdo, mas não acerta as respostas, porque se distrai com facilidade. Entretanto, não é porque a criança mostra-se agitada ou apresenta um rendimento escolar insatisfatório que sofre de TDAH. Pensar assim não é correto, já que esses sintomas não são exclusivos desse transtorno, mas podem ser decorrentes de outras causas, como ansiedade, depressão, síndrome do pânico ou, até mesmo, ser apenas uma agitação normal”, explica a especialista.
Regina ressalta que o primeiro passo para o diagnóstico nessa faixa etária é tentar obter o máximo possível de dados sobre o comportamento da criança. É importante saber, por exemplo, se na escola esse estudante é indisciplinado, desorganizado, apresenta suas tarefas mal feitas e cuida mal do próprio material escolar. Também é importante verificar se o aluno tem dificuldade em concentrar-se na leitura de um texto mais longo; em realizar tarefas do dia a dia, em assistir a uma aula que exija concentração e em permanecer sentado em uma atividade mais prolongada ou monótona.
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A possibilidade do TDAH é considerada quando a criança não responde aos estímulos, não apresenta controle emocional e corporal, não tem autonomia na tomada de decisões e não consegue organizar ou planejar suas atividades, mesmo tendo uma orientação efetiva e contínua. Se tais características persistem, é importante que a escola comunique aos pais e peça uma avaliação com um profissional competente, pois cada criança pode apresentar uma necessidade específica.
A pedagoga aponta que delinear esse conjunto de dados possibilita reconhecer o quadro de déficit de atenção e hiperatividade. “Para fazer o diagnóstico correto, os sintomas precisam manifestar-se em dois ambientes distintos. Normalmente, eles ocorrem em casa e na escola. A mãe, que geralmente acompanha a criança nos deveres de casa, percebe a agitação e a demora para a resolução das tarefas, assim como a professora, que nota o mesmo comportamento na escola”, explica. Por isso, ela reforça o importante papel dos pais e dos professores em passar essas informações ao profissional que observa a criança no consultório para ajudá-lo na identificação.
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Porém, a especialista alerta que não é por causa do transtorno que os responsáveis devem deixar de estabelecer limites, já que a maioria das dificuldades das crianças gira em torno da competência cognitiva, da falta de organização e da apreensão de informações, o que não tem relação com a obediência. “Há também outros fatores que podem interferir no insucesso do processo de aprendizagem, como crises familiares, problemas emocionais, dificuldades de socialização e o uso cada vez mais frequente de celulares e computadores. E nada disso tem a ver com transtorno de déficit de atenção”, diz Regina.
Isso sem levar em consideração os aspectos relativos à própria escola, como o projeto pedagógico, a capacitação dos professores e a infraestrutura, que podem ajudar ou atrapalhar a aprendizagem do aluno. “Portanto, é preciso que o professor avalie as atividades propostas, a rotina da sala de aula e a sua postura, pois a motivação para estudar e aprender não é necessária somente para os estudantes com TDAH, mas para todos os alunos”, conclui.
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