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Trinta anos após o início da epidemia de AIDS, os portadores do vírus HIV estão vivendo mais e melhor. O avanço da medicina no desenvolvimento de terapias antirretrovirais proporciona ao pacientes uma vida relativamente normal. A AIDS é classificada hoje como uma doença crônica. Mas, profissionais de saúde alertam que na contramão da evolução dos tratamentos está o retrocesso do comportamento sexual da população, que está relaxando quanto ao uso de preservativos em todas as faixas etárias. Eles enfatizam que a doença é contagiosa e grave e que a epidemia, embora esteja controlada, ainda preocupa.
A um mês do Dia Mundial de Luta contra a AIDS, celebrado no dia 1º de dezembro, o Diário do Litoral elaborou uma série de reportagens mostrando o mapa da AIDS na Baixada Santista. O objetivo é alertar a população, informando o número de casos e o perfil dos doentes em cada cidade da Região.
Segundo coordenadores municipais de DST/AIDS e hepatites entrevistados, ao longo dos últimos 15 anos, prevaleu a incidência de casos de HIV entre os heterossexuais. O número de mulheres infectadas já chegou a 50% em algumas cidades, no período analisado.
No entanto, conforme os dados epidemiológicos enviados ao Diário do Litoral pelas secretarias de Saúde das nove cidades da Região Metropolitana da Baixada Santista, o número de novos casos vem caindo progressivamente na última década.
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Analisando todos os relatórios enviados, a Reportagem constatou que o maior número de pessoas infectadas está concentrado na faixa etária de 20 e 39 anos de idade, homens e mulheres.
Os especialistas ressaltam também que não existe grupo de risco, mas situação de exposição ao vírus HIV. Trocando em miúdos, o que eles querem dizer é que hoje “quem vê cara não vê coração”, não há estereótipos.
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A coordenadora do Programa de DST/AIDS e Hepatites de Santos, Regina Lacerda, afirma que a cidade registra “quase um caso novo por dia”, e que o quadro é preocupante, mesmo com a tendência de queda. Em 2014, foram confirmados 101 diagnósticos contra 152 de 2013. A matéria completa sobre Santos será publicada na edição de amanhã.
Já a coordenadora de DST/AIDS e Hepatites de São Vicente, Ilham El Maerrawi, diz que o município tem uma média de 100 a 140 novos casos por ano, o que considera um número alto, porém afirma que comparado ao início da epidemia na década de 80, a situação na Cidade tende à estabilização.
O chefe do Serviço de Atendimento às Doenças Transmissíveis (Serviço do SADT) de Cubatão, Edison José de Aguiar, afirma que o uso de antirretrovirais, por reduzir a carga viral do paciente, diminui também a possibilidade de transmissão. Ele comenta que graças às terapias antirretrovirais, a doença foi controlada, tornou-se crônica, e a mortalidade caiu bastante. Por causa disso, houve segundo ele, um relaxamento por parte das pessoas sexualmente ativas em usar preservativos. “Houve um desestímulo do uso de preservativos, e uma das consequências foi o aumento de pessoas infectadas com o vírus HPV”. O HPV provoca o câncer de colo de útero.
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As entrevistas completas dos profissionais de saúde da Região poderão ser lidas ao longo da série de reportagens.
Número de idosos com HIV cresceu 80% no País
A entrada das pilulas contra a impotência no mercado farmacêutico provocou a mudança de comportamento entre os idosos que passaram a ter vida sexual mais ativa no País.
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Só que as relações sexuais desprotegidas resultaram no aumento de casos de HIV/IDS na população idosa.
O último Boletim Epidemiológico Aids e DST (2013) do Ministério da Saúde identificou crescimento de 80% da doença, nos últimos 12 anos no País, entre o público com mais de 60 anos por 100 mil habitantes. O índice de 4,8 (2001) saltou para 8,7, em 2012.
De acordo com especialistas, esse aumento é resultado de uma fraca atuação de conscientização e combate entre os idosos.
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Santos e região
Em 2008, conforme reportagem publicada no Diário do Litoral, o aumento de casos de HIV na terceira idade, em Santos, havia aumentado 152% em uma década, mas atualmente a incidência é significativamente baixa entre essa população em toda a Baixada, segundo dados epidemiológicos oficiais.