Saúde

Perda de pelos fez homem ser bípede, diz física

A ideia de que a perda dos pelos provocou uma pressão seletiva, levando ao bipedalismo, foi concebida pela física Lia Amaral

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 29/08/2015 às 15:00

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A biologia evolutiva tem poucas pistas sobre os fatos que levaram os ancestrais do ser humano a se tornar bípedes. Mas, da perspectiva da Física, a explicação para essa característica única do homem entre os demais primatas pode estar ligada a outro traço especialmente humano: a perda dos pelos.

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A ideia de que a perda dos pelos provocou uma pressão seletiva, levando ao bipedalismo, foi concebida pela física Lia Amaral, docente aposentada do Instituto de Física da USP. Em paralelo a uma carreira brilhante na Física, ela tem estudado apaixonadamente o tema da evolução desde 1975, quando leu o livro A Origem do Homem e a Seleção Sexual, do inglês Charles Darwin. Desde 1985, passou a publicar uma série de artigos em revistas científicas.

"Tornar-se bípede é um esforço evolutivo imenso, que só pode ocorrer por forte pressão seletiva. Quando os ancestrais dos humanos perderam os pelos, os bebês não tinham mais onde se agarrar em suas mães, o que os forçou a abandonar o andar quadrúpede", disse Lia.

A perda de pelos fez homem ser bípede, segundo Lia Amaral (Foto: Arquivo/DL)

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De acordo com Lia, todos os parentes mais próximos dos humanos - gibões, orangotangos, gorilas e chimpanzés - carregam filhotes agarrados nos pelos das costas. "Não há bípede peludo, não há quadrúpede pelado. Para uma física, é evidente que há correlação necessária entre nudez e bipedalismo", disse.

Para comprovar sua hipótese, Lia se valeu de recursos da Física, como uma análise mecânica do processo dos primatas para carregar crias e sua correlação com a variação da densidade de pelos. Ela também fez uma análise teórica do equilíbrio mecânico na locomoção quadrúpede dos gorilas e concluiu que, para que o filhote não escorregue, o ângulo formado pela parte superior do seu corpo durante a locomoção tem de ser, no máximo, de 30°.
 

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