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O número de brasileiros acima do peso pode tornar a deficiência visual grave ou cegueira funcional uma epidemia no Brasil. Isso porque, segundo o Ministério da Saúde o índice de sobrepeso no país saltou de 43% em 2006 para 51% em 2010. No mesmo período, a taxa de obesidade aumentou de 11% para 17%.
De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, uma revisão de estudos da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostra que estar acima do peso é um importante fator de risco para a perda da visão.
Isso porque, funciona como gatilho do aumento de colesterol, desenvolvimento de diabetes tipo 2, hipertensão e doença cardíaca. Estas alterações podem acelerar o aparecimento da catarata, causar degeneração macular, oclusão da veia central da retina ou de seus ramos, retinopatia diabética e retinopatia por hipertensão arterial, afirma.
Na opinião do médico, o problema é que o brasileiro faz vista grossa para a prevenção. É o que evidencia o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Dois em cada 3 dos 35,8 milhões de brasileiros que usam óculos ou lente de contato continuam não enxergando bem por falta de acompanhamento médico. Além disso, o censo mostra que a deficiência visual grave mais que dobrou em 10 anos. A incidência saltou de 1,5% em 2000 para 3,5% em 2010. O aumento comenta, tem relação com o envelhecimento da população, mas também está relacionado à explosão da obesidade no país.
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Obesidade e radicais livres
A recomendação da OMS é manter o IMC (Índice de Massa Corpórea) abaixo de 25. O sobrepeso corresponde ao IMC entre 25 e 29,9. A obesidade ao IMC igual a 30 ou maior. Para calcular o IMC basta dividir o peso em quilos pela altura ao quadrado em metros.
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O oftalmologista explica que estar acima do peso diminui a capacidade do nosso organismo combater os radicais livres, substâncias formadas pelo oxigênio, que dificultam a regeneração das células. O aumento dos radicais livres danifica as células da retina sensíveis à luz. Por isso, dobra o risco de contrair degeneração macular seca. A doença é irreversível e reduz a visão em 90%.
Os radicais livres também podem antecipar o turvamento do cristalino que caracteriza a catarata. A perda visual é revertida com uma cirurgia em que o cristalino turvo é substituído por uma lente intraocular.
Retinopatia diabética
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Estudos demonstram que pessoas com IMC acima de 30 têm 10 vezes mais chance de contrair diabetes do tipo 2, e para IMC superior a 35 o risco aumenta 80 vezes. O médico destaca que após 10 anos de diabetes a maioria das pessoas desenvolve retinopatia diabética. A doença é caracterizada pela formação de neovasos que dificultam a nutrição da retina. A boa notícia a destruição precoce destes neovasos com aplicação de laser, restabelece a visão em 90% dos casos.
Oclusão da veia central da retina
Quando o IMC é superior a 30 o risco de ter oclusão da veia central da retina ou de seus ramos que causa cegueira permanente é 4 vezes maior. Queiroz Neto afirma que a alteração ocorre quando a pessoa tem elevação do colesterol na corrente sanguínea. “O colesterol alto pode provocar o espessamento e enrijecimento das artérias da retina. Isso resulta na obstrução da veia central ou de seus ramos e o extravasamento do sangue que dificulta a visão.
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Retinopatia por hipertensão arterial
O especialista explica que pessoa acima do peso tem maior propensão à hipertensão arterial que altera os vasos da retina. Esta alteração é conhecida como retinopatia por hipertensão arterial. Resulta do descontrole da pressão que pode causar vazamento nos vasos e cegar.
Prevenção
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Queiroz Neto afirma que a maioria das doenças oculares passa despercebida nos estágios iniciais. Por isso, a recomendação é consultar um oftalmologista a cada 2 anos para quem tem até 59 anos e anualmente a partir dos 60 anos. “É muito comum pacientes descobrirem que têm diabetes ou hipertensão arterial durante exame de fundo do olho em que são diagnosticadas alterações nos vasos da retina. Ele ressalta que embora as pessoas acima do peso tenham maior propensão, as alterações sistêmicas que causam doenças na retina também ocorrem em quem tem baixo peso. Por isso, os exames periódicos são indicados para todos.