Saúde

Mulheres obesas podem enfrentar maior risco de desenvolver pedras na vesícula

A colecistectomia remove a vesícula. É um procedimento com baixo índice de complicações, realizado por laparoscopia ou mais modernamente por laparoscopia com um único orifício (single port)

Publicado em 22/11/2013 às 13:21

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Uma nova pesquisa reforça a associação causal entre um elevado índice de massa corporal (IMC) e um aumento do risco de desenvolver cálculos biliares ou pedras na vesícula. Os resultados publicados no Hepatology, jornal da Associação Americana para o Estudo das Doenças do Fígado, confirmam que as mulheres estão em maior risco de desenvolver cálculos biliares.

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De acordo com o gastroenterologista Silvio Gabor (CRM-SP 47.042), “a função da vesícula biliar é armazenar a bile produzida no fígado e lançá-la no duodeno (órgão entre o estômago e o intestino delgado) através dos ductos cístico e colédoco (canais da bile), quando ela é necessária para a digestão, principalmente de gorduras. Alterações de uma ou mais fases do metabolismo de formação da bile e seus componentes pode levar à precipitação do(s) componente(s) em excesso e sua cristalização, formando-se assim os cálculos”, explica o médico.

A doença do cálculo biliar é uma das doenças gastrointestinais mais comuns. Pode atingir até 10% da população em alguns países. É mais comum em adultos na faixa dos 40 aos 60 anos e em países do ocidente.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que um IMC maior estava associado a um risco aumentado de doença do cálculo biliar. Para uma maior compreensão dessa relação, uma equipe de pesquisadores dinamarqueses realizou um estudo que contou com a participação de 77.679 participantes da população em geral.  Neste grupo, havia 4.106 participantes que desenvolveram a doença do cálculo biliar sintomático, durante os 34 anos de duração da pesquisa.

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Os resultados publicados no Hepatology, jornal da Associação Americana para o Estudo das Doenças do Fígado, confirmam que as mulheres estão em maior risco de desenvolver cálculos biliares (Foto: Divulgação)

Segundo os cientistas, os participantes do estudo com doença do cálculo biliar eram mais propensos a serem mais velhos, do sexo feminino e menos ativos fisicamente. Os pesquisadores descobriram que as pessoas com cálculos biliares muitas vezes faziam terapia de reposição hormonal e bebiam menos álcool do que aqueles sem a doença. As análises mostraram que o aumento do IMC foi associado com o risco de doença do cálculo biliar, com uma taxa de risco global de 2,84%. Ao analisar a relação do IMC e do sexo, a equipe descobriu que as mulheres tinham um risco maior de desenvolver a doença do cálculo biliar do que os homens (3,36% e 1,51%, respectivamente).

“Esse estudo reforça o que já imaginávamos há muitos anos. É clássico dizermos que pessoas ‘4F’ apresentam maios riscos de desenvolver cálculos biliares, isto é, mulheres (female), em idade fértil (fertility), ao redor dos 40 anos (fourty) e obesas (fat)”, lembra o médico.

Os resultados indicam que o risco de doença do cálculo biliar aumentou em 7% para cada 1 kg/m2 de aumento do IMC . "A obesidade é um fator de risco conhecido para a doença do cálculo biliar e o estudo dinamarquês sugere que o IMC elevado provavelmente contribui para o desenvolvimento da doença. Estes dados confirmam que a obesidade afeta negativamente a saúde e as intervenções de estilo de vida que promovem a perda de peso em indivíduos com sobrepeso e obesidade são muito pertinentes e necessárias”, afirma o gastroenterologista.

Tratamento cirúrgico, sempre...

Silvio Gabor destaca que, muitas vezes, a presença do cálculo biliar passa despercebida. “Não é incomum o paciente saber que é portador de pedras na vesícula somente ao fazer exames de rotina, como uma ultrassonografia solicitada por um clínico geral ou um ginecologista. Entre os sintomas mais comuns temos a dor em cólica do lado direito do abdome, logo abaixo das costelas. Essa dor, muitas vezes, tem seu início após a ingestão de gorduras e pode ser seguida de náuseas com ou sem vômitos, ou seja, são sintomas inespecíficos e ‘podem passar batidos’. Sintomas específicos que levam o médico a uma forte suspeita de pedras na vesícula, na maioria das vezes, aparecem com as complicações e acabam sendo diagnosticados nos pronto-socorros”, observa o médico, que também é professor assistente de Cirurgia Geral e do Trauma da Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (UNISA).

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O tratamento é sempre cirúrgico. “A  colecistectomia remove a vesícula, não apenas as pedras da vesícula. É um procedimento com baixo índice de complicações, realizado por laparoscopia ou mais modernamente por laparoscopia com um único orifício  (single port ou portal único). Após a cirurgia, o fígado passa a assumir o papel da vesícula no armazenamento e distribuição da bile, havendo uma rápida adaptação do organismo, na maioria dos casos”, explica Gabor.

Segundo o médico, a colecistectomia é o procedimento cirúrgico da retirada da vesícula biliar. Esse tipo de cirurgia é realizada desde fins do século XIX. É o melhor tratamento para as doenças da vesícula biliar como litiase (pedras na vesícula) e várias de suas complicações como colecistite aguda (inflamação aguda da vesícula biliar), coledocolitiase (migração de cálculo para o canal da bile), colangite (infecção do canal da bile) e na prevenção de novas crises de pancreatite aguda biliar (inflamação aguda do pâncreas por presença de pedra no canal da bile) dentre outras. O câncer da vesícula biliar também exige sua remoção cirúrgica.
 

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