Ao menos seis casos de dengue e cinco de chikungunya foram registados em Santos este ano / Isabela Carrari / Prefeitura de Santos
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Os setores público e privado de saúde estão focado na pandemia da Covid-19 desde o início do ano passado, mas as doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti, principalmente a dengue, também causam preocupação, em especial em períodos mais quentes do ano. De acordo com especialistas ouvidos pela Gazeta, há crescimento de casos de dengue chegando aos hospitais do estado de São Paulo neste mês e é fundamental reforçar as medidas de prevenção à doença.
Os profissionais de saúde relatam alto número de casos da doença em 2021, apesar da enfermidade estar mais controlada – pelo menos pelos números oficiais – do que nos anos pré-pandemia da Covid-19. Conforme dados do Ministério da Saúde, 2019 registrou o segundo maior número de mortes pela doença desde 1998, ano de início da série histórica.
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Segundo o Governo de São Paulo, em 2020 os números de casos e óbitos por dengue caíram cerca de 53% e 51% no Estado, respectivamente, em comparação ao ano anterior. No ano passado, foram confirmados 192.350 casos e 136 pessoas morreram pela doença. Já em 2019 foram 411.088 infectados e 274 mortes.
De acordo com Glaucia Fernanda Varkulja, infectologista do Hospital Santa Catarina, de São Paulo, de fato houve redução de casos em relação ao que era esperado. As primeiras semanas de 2020 até registraram valores mais altos, conta, mas a partir da 12ª. semana epidemiológica houve a queda mais marcada e assim sustentada na curva epidêmica da dengue.
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Segundo ela, é “muito difícil” definir uma causa única, mas alguns fatores podem explicar a situação, como, inclusive, a subnotificação.
“Fatores que podem explicar são a avalanche da Covid-19 e a consequente reorganização dos serviços de saúde frente às demandas colocadas pela pandemia, e que poderia corresponder também a algum grau de atraso destas comunicações, ou de subnotificação. Asimilaridade de alguns sintomas entre as duas doenças poderia eventualmente trazer contribuição para a menor notificação. Também a considerar o impacto que a Covid-19 trouxe à mobilidade humana, com mais pessoas em casa, dificultando talvez novos adoecimentos”.
Além disso, explica, é possível somar a isso o receio da população em buscar atendimento médico em serviços de saúde, por medo de se contaminar com o novo coronavírus.
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De acordo com a infectologista, na cidade de São Paulo já houve 70 confirmações e 900 notificações de dengue neste ano. O mesmo período de 2020 testemunhou 377 confirmações em 2.520 casos suspeitos notificados.
Ela explica, porém, que a temporada de calor e chuva é propícia para a formação de criadouros do Aedes aegypti e, consequentemente, sua proliferação, por isso não pode relaxar com as medidas de prevenção de novos casos.
“Todas as oportunidades de combater o mosquito são valiosas, e vale a adoção de medidas simples: substituir a água dos pratinhos de vasos de planta por areia; caixa d'água sempre tampada; manter cobertos reservatórios de água e; tirar do ambiente todo material que possa acumular água”.
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Já para evitar a picada, orienta, é necessário usar repelentes recomendados (à base de DEET, icaridina e IR 3535) e evitar exposição em horário de atividade da fêmea do mosquito (que tem hábitos diurnos, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer). Também é importante estar atento a sinais e sintomas para evitar demora no atendimento.
Aumento na Baixada Santista
Para o médico e psicólogo Roberto Debski, que atua na cidade de Santos, a sensação geral para quem trabalha no setor é que os casos vêm aumentando neste fim do mês de fevereiro.
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“A percepção, mesmo que ainda sem confirmação oficial ou números e estatísticas definitivos, mas sim no atendimento em unidades de pronto socorro da região, é que o número de casos de dengue tem tido um grande aumento nas diversas cidades da região metropolitana da Baixada Santista”, explica o especialista.
Ele conta que há a percepção, sem a comprovação por exames, que parte também se trata de chikungunya, que tem quadro clínico semelhante à dengue.
Segundo especialistas, dengue e chikungunya são doenças endêmicas, ou seja, se repetem de tempos em tempos em regiões específicas. O infectologista Evaldo de Araújo, do Hospital das Clínicas de São Paulo, explicou como funcionam os ciclos das doenças, em entrevista à “Rádio Bandeirantes”.
“São doenças que têm um ciclo. Normalmente, dengue tem de 2 a 4 anos que fica tranquilo e ela vem e dá um pico. Depende da introdução do sorotipo e da mudança do perfil de imunidade da população. Neste ano como a gente cuidou muito de Covid-19, as outras áreas da medicina sofreram”, conta.
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Já para Roberto Debski, a pandemia da Covid-19 piora ainda mais o quadro de outras doenças, por trazer o “esquecimento” das outras enfermidades na população em geral, o que pode provocar falta de cuidado com os focos do Aedes aegypiti e a sua eventual proliferação.
“Se este aumento se mostrará como uma grande elevação em relação aos anos anteriores, uma epidemia, ou se somente faz parte de um aumento natural da estação, só o tempo com a posterior avaliação e divulgação oficial do número de casos pelos órgãos sanitários responsáveis nos dirá”, finaliza Debski.
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