Saúde

Inverno aumenta interações perigosas com colírios

Medicamentos mais usados no frio podem cortar o efeito de colírios ou se transformar numa bomba para a saúde. Saiba o que deve ser evitado

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 06/07/2015 às 16:18

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Continua depois da publicidade

O consumo de medicamentos para doenças respiratórias triplica no inverno, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Levantamento feito em 12 mil prontuários do Instituto Penido Burnier pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, mostra que nesta época do ano 20% dos pacientes atendidos no hospital acabam se expondo a interações perigosas de colírios com esta classe de remédios.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

O médico afirma que o  'coquetel molotov' atinge principalmente os portadores de glaucoma, cardiopatas e mulheres. Isso porque, o colírio mai usado por conta própria é o vasoconstritor (adstringente) para combater o olho vermelho. "A maioria dos brasileiros acredita que este tipo de colírio é uma aguinha refrescante que resolve  quase todos os problemas", afirma. Não é bem assim. O médico diz que o uso abusivo pode causar catarata a longo prazo e outros problemas quando associados a alguns medicamentos.

Cuidados com o glaucoma

Este é o caso dos portadores de glaucoma, afirma. Isso porque,  os vasoconstritores diminuem o calibre dos vasos sanguíneos quando instilados no olho e podem cortar o efeito do tratamento para glaucoma. Queiroz Neto ressalta que outra classe de medicação que contrai os vasos e deve ser evitada por este grupo são os descongestionantes nasais. A dica do médico é lavar a narina com soro fisiológico para aliviar o entupimento sem efeitos colaterais. 

Continua depois da publicidade

"Os portadores de glaucoma que tem asma também devem evitar o uso de colírio betabloqueador para diminuir a pressão intraocular. A medicação pode causar falta de ar nestas pessoas", explica. Já nas irritações das vias respiratórias. quem tem glaucoma deve fazer o tratamento com anti-inflamatórios não hormonais. Isso porque, comenta, o uso de anti-inflamatório hormonal (corticóide) é contraindicado para glaucomatosos por cortar o efeito dos colírios que diminuem a pressão intraocular.

O inverno aumenta as interações perigosas com os colírios, segundo especialista (Foto: Divulgação)

Contraindicações para cardiopatas

Continua depois da publicidade

O oftalmologista diz a simples combinação de colírio vasoconstritor e aspirina, antiagregante plaquetário  bastante usado no tratamento de resfriados,  pode causar hemorragia em cardiopatas. Outras contraindicações deste tipo de colírio e dos descongestionantes nasais para quem tem alterações cardíacas são a maior dificuldade de  circulação sanguínea,  aumento da pressão arterial e risco de taquicardia. O ideal no tratamento de vermelhidão ocular em cardiopatas, comenta, é a lágrima artificial. Isso se não fizer tratamento com Amiodarona para arritmia cardíaca.

"Esta medicação corta o efeito da lágrima artificial", afirma.  Outras complicações  também podem impedir a eficácia do colírio. Este foi o caso de Antônio Mussolini que trabalhou muitos anos consertando monitores com tela de fósforo. "A atividade danificou minha  glândula lacrimal" conta. O que salvou o olho de Mussolini de uma lesão na córnea foi  o implante de um plugue no canal lacrimal.  

Mulheres

Continua depois da publicidade

Segundo Queiroz Neto, mulheres que tomam pílula anticoncepcional ou fazem TRH (Terapia de Reposição Hormonal) devem ficar atentas com a interação dessas medicações e antibióticos usados nas infecções das vias respiratórias durante o inverno. Isso porque, os antibióticos podem diminuir o efeito da pílula, explica. A pílula e a TRH também diminuem o efeito da lágrima artificial.

A dica do médico para reduzir o risco dessas interações medicamentosas  é tampar  o canal lagrimal no canto interno do olho sempre que for instilar um colírio para impedir que penetre na corrente sanguínea. O problema é que a maioria dos brasileiros instila colírio de forma errada.

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software