Fundação São Francisco Xavier (FSFX), responsável pela gestão do Hospital Municipal, também vem sendo investigada pela Câmara / Nair Bueno/Diário do Litoral
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O Ministério Público do Trabalho (MPT) ingressou com uma ação civil pública contra a Fundação São Francisco Xavier (FSFX), responsável pela gestão do Hospital Municipal de Cubatão, que vem sendo investigada pela Câmara de Cubatão por supostas omissão de socorro, falta de estrutura e de privilegiar os pacientes do convênio.
A ação, que corre na 2ª Vara do Trabalho de Cubatão, surgiu após o procurador do trabalho, Rodrigo Lestrade Pedroso, ter aberto inquérito após denúncia formal do Sindicato dos Tecnólogos, Técnicos e Auxiliares em Radiologia, Diagnóstico por Imagem e Terapia no Estado de São Paulo (SINTTARESP).
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A entidade sindical apontou diversas supostas irregularidades com relação à jornada de trabalho dos profissionais que exercem funções de técnicos e auxiliares em radiologia.
PONTO
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Baseando-se, entre outras coisas, no controle de ponto fornecido pela própria Administração, o procurador descobriu que estavam sendo descumprida a lei 7.394/85, que impõe jornada de trabalho de 24 horas semanais em virtude da exposição a riscos, num ambiente insalubre, tirando chapas de Raio X nos pacientes do hospital.
"Somente no período fiscalizado, 18 trabalhadores foram submetidos a jornadas semanais superiores ao patamar máximo permitido em 211 ocasiões. Ainda se aplicarmos por analogia que desconsidera a fração diária de 10 minutos para complemento na jornada de trabalho, ainda assim, constatam-se que as transgressões à lei ocorreram em 184 ocasiões, ou seja, em média, mais de uma vez a cada dia", revela Lestrade.
HORAS
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O procurador ainda escreveu na ação que, no segundo semestre de 2020, em 189 ocasiões, um empregado prestou serviço por mais de 12 horas consecutivas, ou seja, em condição contrária até mesmo aquilo que é pactuado através de norma coletiva ou artigo em artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Rodrigo Lestrade Pedroso explica à Justiça que tentou, em audiência com a Fundação, promover um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Mas a instituição não aceitou. "Não havendo outra alternativa, nada restou ao Ministério Público senão o ajuizamento da ação civil pública", reafirma.
PEDIDOS
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Finalizando, o procurador pede à Justiça que obrigue a instituição a abster-se de prorrogar a jornada dos técnicos em radiologia e dos auxiliares em radiologia além da oitava hora diária, salvo as horas extras em número não excedente de duas horas diárias; de exigir a prestação de serviços além da 24ª semanal e de exigir a prestação de serviços dos empregados além da décima hora diária na hipótese de compensação de jornada, conforme determinam as leis que regem o trabalho da categoria.
CEI
Foi criada uma Comissão Especial de Inquérito (CEI). Esta semana, a promotora Thaisa Durante Unger Monteiro deu parecer favorável ao mandado de segurança, com pedido de liminar (decisão provisória), para garantir a participação nela do vereador Fábio Alves Moreira, o Roxinho (MDB), que teria sido excluído do processo de investigação pelo presidente Ricardo de Oliveira, Queixão (PSDB).
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Segundo Roxinho, houve clara violação do regimento interno, em especial, o princípio da proporcionalidade partidária. Já Queixão alega o contrário e que é prerrogativa do presidente indicar os integrantes das comissões provisórias mediante "consulta ao autor" e que isso não vincula diretamente a escolha do presidente aos nomes indicados.
A CEI terá o prazo de sessenta dias, a partir de sua publicação no Diário Oficial, para fazer a apuração dos fatos. Ela foi motivada, segundo os vereadores, por conta centenas de reclamações de mau atendimento no Hospital Municipal de Cubatão por parte dos moradores.
FUNDAÇÃO
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Sobre a questão trabalhista, a Fundação informa que não teve conhecimento da distribuição da referida ação, não tendo sido notificada, registrando nesta oportunidade seu respeito ao trabalho realizado pelo MPT, prestando sempre todas as informações e esclarecimentos que são solicitados. Garante que é pautada por uma atuação ética e transparente na administração de seus hospitais e no cumprimento da legislação, inclusive trabalhista.
Sobre a CEI, justifica que é uma entidade beneficente de assistência social que atua há mais de 50 anos nas áreas da saúde e educação, num trabalho marcado pelo atendimento humanizado e acolhedor, referência para outras unidades do Brasil.
Que é pautada por uma atuação ética e transparente na administração de seus hospitais, e reforça que as contas do Hospital de Cubatão são públicas e estão acessíveis a todos. "Inclusive a FSFX mantém um canal aberto, com equipe de ouvidoria dedicada a atender e ouvir a população", afirma em nota, reforçando que está aberta para qualquer esclarecimento junto as autoridades cubatenses.
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