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O corpo humano emite muitos sinais quando algo não está bem. Com a saúde bucal não é diferente e nem sempre a dor é o único indicativo de perigo. O sangramento gengival, por exemplo, ignorado por muitos, normalmente caracteriza doenças nas estruturas de proteção e suporte dos dentes, chamadas gengivite (fase inicial) e periodontite (fase avançada). Por se tratarem de doenças crônicas, esses distúrbios costumam ter baixa intensidade e dificilmente causam dor, fazendo com que as pessoas adiem seu tratamento.
De acordo com Julio Cezar Sá Ferreira, pós graduado em periodontia pela Universidade da California, Los Angeles, essas inflamações de gengiva quando não tratadas corretamente podem levar à perda dos dentes, mesmo que esses não tenham nenhuma cárie. “Isso acontece porque a infecção ataca a gengiva, os ligamentos e reabsorve o osso. Sem o apoio necessário os dentes ficam moles e caem ou têm que ser extraídos cirurgicamente”, explica.
Além da perda dos dentes, Sá Ferreira atenta para o risco de que a inflamação causada pela doença periodontal afete outras partes do corpo. “Elevados níveis de inflamação aumentam a carga inflamatória no corpo e estão ligados a uma série de graves enfermidades, como problemas cardíacos, artrite, problemas renais e diabetes, entre outros. Já foi comprovado que quando se reduz o nível inflamatório total do organismo, pessoas com problemas cardíacos, diabéticos e doentes renais, tendem a ter menos complicações”, explica. No caso dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) isquêmicos e problemas cardiovasculares como o infarto do miocárdio, ele explica que os micro-organismos da boca entram na circulação, se instalam nas artérias coronárias ou cerebrais e interrompem a nutrição desses órgãos.
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As doenças das gengivas são mais comuns após a adolescência, na fase a adulta, mas também podem afetar outros grupos etários, inclusive crianças, quando não há os cuidados necessários. O risco de problemas gengivais também aumenta consideravelmente se a pessoa fuma ou tem outros problemas de saúde (como o diabetes), por isso, é fundamental que as pessoas mantenham seus dentistas informados sobre seu estado geral.
Sá Ferreira aconselha que a prevenção continua sendo a maneira mais simples para evitar essas e quaisquer outras enfermidades. “Escovar os dentes corretamente no mínimo duas vezes ao dia, usar fio dental ou escovas interdentais (entre os dentes), escovar bem a língua e visitar o dentista para o exame anual é o mais aconselhável para quem quiser manter seus dentes por toda a vida”, recomenda ele, revelando, ainda que uma dieta saudável ajuda a manter a saúde gengival. “Novas pesquisas sugerem que uma dieta rica em ômega 3, encontradas em peixes, óleo de peixe, azeite de oliva, castanhas e amêndoas, pode também ajudar a reduzir o risco de inflamações”, completa.
Entenda as doenças da gengiva
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Gengivite:
É o primeiro estágio da inflamação gengival causada pela placa bacteriana, que se forma na margem da gengiva. Se a escovação e o uso de fio dental não forem empregados de forma correta a placa produzirá toxinas, que podem irritar o tecido gengival. Os sintomas mais importantes são vermelhidão, sangramento na escovação e mau hálito persistente. Nesse estágio é de fácil tratamento. Se a gengivite não for tratada, a inflamação pode progredir invadindo a base e instalar-se a periodontite, já com perda do osso de sustentação. É o início do caos que pode levar à perda dos dentes.
Periodontite:
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Quando a gengivite evolui para este ponto, o osso e as fibras de sustentação que mantêm os dentes em posição são danificados. Ao redor da sua gengiva pode começar a se formar uma bolsa que avança para baixo, onde ficam armazenados os detritos e a placa bacteriana. O tratamento dentário adequado e a higiene bucal minuciosa em casa, em geral, podem ajudar a prevenir danos maiores.
Periodontite Avançada:
no estágio final da doença, as fibras e os ossos de sustentação dos dentes estão destruídos, o que faz com que os dentes migrem ou mudem de lugar ou se tornem abalados ou móveis. Isto pode afetar sua mordida e se o tratamento não for eficaz, corre-se o risco de perder os dentes.