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Doença inflamatória séria da mucosa gástrica, a gastrite não é apenas um desconforto estomacal, como pensam muitas pessoas. Considerada aguda quando aparece de repente e evolui devido uma causa específica, ou crônica, quando pode não apresentar os sintomas e depende de exames específicos para ser diagnosticada, a doença pode estar ainda associada à infecção pela bactéria H. pylori, a mesma responsável pelas úlceras.
A Helicobacter pylori, mais conhecida por H. pylori, é uma bactéria que vive no nosso estômago e duodeno. Segundo a Federação Brasileira de Gastroenterologia, no Brasil pelo menos 70% da população já está infectada pela bactéria que também pode contribuir para o desenvolvimento de doenças como úlcera e câncer de estômago. Quem vive em países em desenvolvimento ou superpopulosos, com condições precárias de higiene, está mais propenso a contrair a bactéria, que é transmitida de uma pessoa à outra, principalmente durante a infância.
O endoscopista Sérgio Barrichello (CRM-111.301), do HC-FMUSP, explica que quando a H. Pylori estiver presente é importante erradicá-la com o uso de antibióticos específicos por 7, 10 ou 14 dias. “Durante este tempo é normal que os sintomas da gastrite pareçam ter aumentado, mas é muito importante levar o tratamento até ao fim para vencer a bactéria. Ao final destes dias, deve-se realizar uma endoscopia digestiva com biópsia para verificar se a bactéria foi realmente eliminada, e caso contrário, reiniciar o uso do antibiótico”, explica o médico, que também é cirurgião geral, da Clínica Healthme gerenciamento de perda de peso, e especialista em emagrecimento.
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Queimação e dor de estômago são as principais queixas de quem sofre com essa inflamação da mucosa estomacal. O desconforto esporádico, porém, não é suficiente para o veredicto de gastrite. Só vale a pena marcar uma consulta médica quando ele dura mais de duas semanas. Para o diagnóstico o especialista pedirá uma endoscopia. As imagens obtidas no exame revelarão se o indivíduo tem um dos dois tipos mais comuns da doença, a aguda, provocada pelo consumo abusivo de álcool ou de remédios, por exemplo, ou a crônica, que tem como causas principais o H.pylori, estresse constante, o cigarro e o café. "A dieta precisa sofrer mudanças", avisa o Barrichello. "Alimentos ácidos, gorduras, cafeína e álcool devem ser banidos. Os remédios só entram em cena se, apesar das alterações no cardápio, a dor não for embora”.
Principal meio para detectar a gastrite, a endoscopia digestiva alta do esôfago, estômago e duodeno possibilita ver o estado da mucosa junto à análise microscópica de fragmentos do tecido retirados durante o exame. No entanto, por ser muito invasivo, esse procedimento só é geralmente recomendado para pessoas com suspeita de úlcera, com alto risco de ter úlcera ou outras complicações causadas pela H. pylori, como câncer de estômago.
“O tratamento geralmente é feito com a associação de antibióticos e um medicamento que inibe a acidez. A boa notícia é que as pessoas que têm a bactéria e passam por um tratamento tem próximo de 1% de chance de voltar a ter úlcera ou gastrite em um ano. Entre as pessoas que não tratam, o índice aumenta para 95% de chance”, alerta o endoscopista.
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Prevenção é a melhor forma de evitar a infecção
A prevenção, com condições de higiene e sanitárias adequadas, também é uma ótima aliada, além de uma dieta alimentar saudável e equilibrada, prática recomendada para qualquer pessoa, tendo ou não a bactéria. Confira as recomendações do endoscopista Sérgio Barrichello:
1. Uma dieta saudável inclui verduras, legumes e frutas e é pobre em gorduras;
2. Cafeína, álcool e condimentos ácidos e picantes estimulam a produção ácido-gástrica;
3. A pressa é inimiga da boa digestão. Faça no mínimo três refeições ao dia em ambiente tranquilo, não exagere na quantidade e mastigue bem os alimentos;
4. Temperaturas extremas (muito quente ou muito gelada) devem ser evitadas, pois promovem congestão da mucosa gástrica com aumento da secreção ácida e retardo do esvaziamento gástrico;
5. Beba líquidos com frequência, exceto nos horários das refeições;
6. Quem está passando pelo tratamento da bactéria, deve evitar alguns alimentos:
· - Café, chá mate, chá preto e chocolate em excesso;
· - Bebidas alcoólicas, gaseificadas, refrigerantes e sucos artificiais;
· - Frutas ácidas (laranja-pera, abacaxi, caju, maracujá, limão, etc);
· - Doces concentrados (goiabada, marmelada, leite condensado, chocolate, cremes, chantily, etc);
· - Frituras em geral;
· - Temperos, molhos e condimentos ácidos ou picantes;
· - Frios (mortadela, queijo prato e mussarela, presunto, lombo defumado, etc);
· - Embutidos (salsicha, linguiça, mortadela, salame, etc).
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