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O consumo de açúcar vem crescendo no mundo todo e se transformou numa das principais questões da saúde pública em vários países. O Brasil é um deles. Por aqui, o consumo per capta de açúcar responde pela ingestão de 40O a 500 calorias/dia, segundo estudo conduzido na Universidade de Harvard (EUA). Isso é 4 a 5 vezes mais que as 100 calorias/dia ou 6 colheres de chá que correspondem as 25 gramas/dia, recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Além da obesidade e diabetes, este hábito causa doenças cardíacas e oculares a médio prazo.
O oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, afirma que antes até da balança, os olhos podem sinalizar que o consumo de açúcar está muito alto em pessoas que não têm predisposição para ganhar peso. Os problemas oculares desencadeados pela hiperglicemia vão muito além da já conhecida retinopatia diabética.
"Adultos que nunca usaram óculos e de repente começam a enxergar embaçado à distância, devem fazer um exame de sangue", alerta. Isso porque, explica, o aumento da glicose na corrente sanguínea pode induzir à miopia por provocar o inchaço do cristalino, lente natural do olho responsável pelo focalização das imagens. Não por acaso, ressalta, é comum diabéticos chegarem ao consultório acreditando que precisam trocar os óculos. Em muitos casos é só uma flutuação na refração decorrente de glicemia mal controlada. Trocar os óculos não resolve. Quando a glicemia está sob controle os óculos voltam a corrigir a visão.
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Outros efeitos
O descontrole glicêmico no Brasil é maior do que se possa imaginar. A VIGITEL 2014 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), pesquisa anual realizada pelo Ministério da Saúde desde 2006, mostra que 18,1% dos brasileiros comem doce diariamente, sendo 15,6% da população masculina e 20,3% das mulheres.
Segundo Queiroz Neto o aumento e redução da espessura do cristalino provocado pelo flutuação da glicemia predispõe à formação da catarata, opacificação do cristalino. Hoje, a operação é a única forma de eliminar a catarata. O especialista diz que o ideal para diabéticos é a cirurgia a laser. Isso porque, a técnica faz cortes precisos e numa inclinação autosselante que dispensa o fechamento com pontos. Esta precisão, destaca, diminui o risco do procedimento, agiliza a recuperação e evita distorções visuais provocadas pela cicatrização irregular que pode ocorrer no método convencional.
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O oftalmologista ressalta que outro alteração ocular resultante do descontrole glicêmico é o glaucoma. "A doença ocorre porque o aumento da espessura do cristalino em alguma pessoas dificulta o fluxo do humor aquoso, líquido que preenche os olhos, e leva ao aumento da pressão intraocular característico do glaucoma" explica. O tratamento é feito com colírios para manter a pressão intraocular normal. O glaucoma, ressalta, é a segunda maior causa de cegueira definitiva no mundo. Se os colírios não forem usados corretamente leva à perda do campo visual até a completa cegueira.
Retinopatia diabética
A mais temida doença ocular decorrente da hiperglicemia é a retinopatia que geralmente aparece depois de 10 anos convivendo com o diabetes. O especialista afirma que a retinopatia resulta da obstrução dos vasos da retina. Inicialmente leva à diminuição da visão e à formação de manchas quando atinge parte da mácula, porção central da retina responsável pela visão de detalhes. Conforme evolui pode levar à formação de novos vasos. Por serem mais frágeis estes neovasos, podem romper e causar grande hemorragia no fundo do olho que leva à cegueira definitiva.
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Queiroz Neto alerta que alguns alimentos aumentam o risco de obstrução dos vasos e artérias. São os que combinam glicose e frutose, como por exemplo os refrigerantes, sucos industrializados, entre outros. Isso porque, explica, quando este coquetel cai no fígado é convertido em gordura. Para manter a visão, o oftalmologista recomenda checar a composição dos alimentos. Sempre que combinar açúcar e frutose representa um risco maior para a circulação, inclusive dos olhos.
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