Número de crianças, que têm idades de 6 a 12 anos, diagnosticadas com depressão saltou de 4,5% para 8% na última década / Reprodução/Internet
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O planeta inteiro já completou um ano de uma nova vida resumida a isolamento e distância da sociedade em geral devido ao avanço cada vez mais agressivo da pandemia de Covid-19. E se muitos adultos não têm encarado a realidade com facilidade, o mesmo pode se dizer das crianças e dos adolescentes. Ao menos é esse o alerta que especialistas em saúde mental fazem.
Em março passado, a psicanalista Renata Bento, que é membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro e também integra a International Psychoanalytical Association, afirmou em artigo no Jornal do Brasil que a pandemia deu um espaço nunca antes cedido a um grande debate sobre a saúde mental uma vez que casos de medo e ansiedade sempre fizeram parte da vida dos brasileiros, mas nunca foram tão intensos quanto neste período de pandemia.
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A elevada busca por tratamento psicológico levou, segundo ela, a uma experiência de escuta durante o período de pandemia que deixou em plena evidência o surgimento de transtornos psicológicos tais como o stress agudo, a ansiedade e também a depressão tanto em adultos, quanto em crianças e também em adolescentes.
“Quem mais conhece os filhos são os pais. Qualquer comportamento que saia dentro do habitual do que eles estão acostumados dos filhos é importante prestar atenção. Como a pandemia está se estendendo muito, podem surgir comportamentos que tenham a ver com o desenvolvimento, então uma criança que está começando a pandemia com dois anos agora já vai fazer quase 3 anos e pouco, então já mudou muito o comportamento então a gente precisa ficar atento e não achar também que tudo é por causa do isolamento”, afirma Natércia Tiba, que é psicóloga e psicoterapeuta de casal e família.
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“Agora o tipo de personalidade do filho, se ele é mais extrovertido, se ele é mais fechado, se ele é mais irritado ou se é mais tranquilo os pais conhecem então qualquer alteração de humor muito forte ou alguma alteração fisiológica muito forte é motivo de atenção”, conclui.
Segundo estatísticas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice em todo o planeta de crianças, que têm idades que vão de 6 a 12 anos, diagnosticadas com depressão saltou de 4,5% para 8% durante o período vivido na última década, ou seja, anterior à pandemia de Covid-19, que obrigou autoridades sanitárias de todo o globo a recomendar que os governos fechassem seus comércios e as populações mudassem suas rotinas totalmente para impedir números ainda mais elevados de casos e mortes por Covid-19.
Diretora executiva e fundadora do jornal Joca, uma publicação produzida especialmente para o público infanto-juvenil que traz notícias de atualidades para crianças e adolescentes, Stéphanie Habrich destaca que o período da pandemia veio para reforçar uma necessidade que já é rotina na história do periódico.
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"As notícias que a gente lê, assiste e ouve no dia a dia são produzidas para os adultos e respondem as perguntas dos adultos. No cotidiano, as crianças acabam pegando pequenas partes desse ‘noticiário de adultos’, o que pode gerar ansiedade e medo nelas. A experiência do Joca ao longo desses 10 anos mostra a importância de responder as perguntas que a criança tem para fazer – que são diferentes das perguntas dos adultos – e explicar as notícias com contextualização”.
“Nesse contato constante que temos com os nossos leitores, entre crianças e os adolescentes, percebemos que muitos estão sofrendo calados com a própria saúde mental na pandemia, pois, muitas vezes, não conseguem dar nome aos sentimentos que estão vivendo agora”, complementa Habrich.
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