Saúde

Entenda o que é a síndrome do impostor

Sensação de que é uma fraude pode impactar carreira e saúde mental

Gladys Magalhães

Publicado em 10/09/2023 às 13:00

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A não evolução da carreira é o principal impacto da síndrome do impostor na vida laboral / Imagem do Freepik

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Você já ouviu falar da síndrome do impostor? Ainda que não seja reconhecida como uma doença, propriamente dita, ela pode impactar negativamente a carreira e a saúde mental de muitos profissionais, conforme explica a psicóloga Regiane Ribeiro de Aquino Serralheiro, professora do curso de Psicologia da Universidade Cruzeiro do Sul.

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“Embora não seja reconhecida como um transtorno psicológico, a síndrome do impostor tem sido relatada em consultórios psicológicos e psiquiátricos. Foi introduzida pelas psicólogas americanas Pauline Rose Clance e Suzanne Ament Ime, num estudo em 1978, em que descrevem sobre percepções e sentimentos de pessoas que duvidam das próprias conquistas, as quais atribuem a fatores externos (sorte ou oportunismo) e não às suas próprias habilidades e esforços”, diz Regiane.

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Caracterizada pela imagem distorcida de que uma pessoa tem de si mesma na vida profissional e pelo medo que as pessoas descubram que é uma fraude, um profissional que não merece conquistas ou mesmo o espaço que já conquistou, a síndrome do impostor é prevalente em mulheres e minorias étnicas e sociais. Contudo, qualquer pessoa pode ser acometida por tal sentimento, em maior ou menor grau.

“Existem várias situações na história de vida de alguém que podem resultar na síndrome do impostor. Geralmente, há uma construção ao longo da história daquela pessoa que faz com que ela esteja sempre duvidando do seu potencial. Podemos ter, por exemplo, pais que exigiram demais desse adulto quando criança, a ponto de colocá-lo sempre em dúvida, ou ainda uma educação muito coercitiva, que cobrava demais e elogiava de menos”, comenta o psicólogo Marcelo Santos, docente do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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Questões relacionadas à autoestima e ao perfeccionismo também podem levar ao desenvolvimento da síndrome. “A autoestima desta pessoa é muito instável, sempre se compara com outros profissionais. Além disso, pessoas muito perfeccionistas são muito autocríticas, então conforme elevam a exigência em relação aos seus próprios resultados estarão propensas a desenvolver a síndrome do impostor. A autocritica da pessoa com esta síndrome é constante e extrema, fazendo com que tenha níveis elevadíssimos de ansiedade e estresse”, completa Mari Possidonio, especialista em comunicação e programação neurolinguística.

Os impactos na carreira e saúde mental
A não evolução da carreira é o principal impacto da síndrome do impostor na vida laboral de alguém. Porém, este não é o único, o comprometimento da motivação e até longas horas de trabalho podem vir a fazer parte da rotina profissional de quem convive com o sentimento de fraude.

“As condutas de autossabotagem e o medo excessivo de errar afetam a crença na própria capacidade. Podem levar a adiamento de prazos, longas jornadas de trabalho e esgotamento profissional”, diz Regiane.

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A saúde mental também é comprometida, conforme explica o psicólogo Alexander Bez, especialista em Ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA). “A síndrome do impostor pode levar à cessação da motivação e criatividade. Pode haver também um aumento drástico da depressão, falta de cuidados pessoais e até com a aparência, além da predominância da negatividade e do pessimismo.”

Como reconhecer e ajudar
De acordo com Mari, reconhecer que alguém sofre da síndrome do impostor é um desafio. Porém, alguns comportamentos podem ajudar. Neste sentido, orienta a profissional, vale observar quão perfeccionista é a pessoa, observar se quando ela faz algum projeto o foco está nas falhas, se a pessoa é muito autocrítica e se quando consideram o trabalho dela muito bom, se ela atribui a si ou a sorte ou a outras pessoas o sucesso do projeto. 

Ao perceber tais sinais, completa Marcelo, vale incentivar a pessoa a buscar ajuda.

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Tratamento
Ainda que não seja uma condição médica reconhecida, os profissionais lembram que é possível sair de tal situação. Para isso, é preciso buscar ajuda com psicólogos e, em alguns casos, psiquiatras.

“Ainda necessitam de estudos no Brasil, mas os acompanhamentos psicológico e psiquiátrico costumam ajudar. Psicoterapia individual ou em grupo geralmente apresenta bons resultados. Auxiliar o indivíduo a reconhecer seu sofrimento, as condições precarizadas do trabalho, bem como tratar as demandas de insegurança, medos, ansiedade, entre outros, costumam ajudar, além de um bom contato com a realidade e reconhecimento de suas habilidades”, argumenta Regiane.

A professora lembra ainda que ter um orientador profissional pode auxiliar de maneira preventiva e ressalta que eventuais diagnósticos devem ser feitos por profissionais capacitados.

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Leia esta matéria também na Gazeta de S. Paulo. 

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