27 de Setembro de 2024 • 08:15
Um grupo de funcionários da Cruz Vermelha foi atacado enquanto coletava corpos de supostas vítimas do ebola para enterrá-los no sudeste da Guiné. Trata-se do mais recente de uma série de ataques que dificultam os esforços para controlar o surto da doença na África ocidental.
Um funcionário se recuperava de ferimentos no pescoço após o ataque ocorrido em Forecariah, informou Benoit Carpentier, porta-voz da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
Familiares dos mortos inicialmente atacaram os seis voluntários e destruíram seus carros, disse a moradora Mariam Barry. Depois disso, uma multidão se reuniu e foi em direção ao escritório de saúde regional, onde atiraram pedras contra o prédio.
O ataque é o mais recente de uma série contra grupos que trabalham para enterrar corpos, fornecer informações sobre o ebola e na desinfecção de locais públicos. O episódio mais chocante até agora foi o sequestro e assassinato, na semana passada, de um grupo de funcionários de saúde e jornalistas na Guiné, que explicavam para a população como evitar contrair a doença.
Acredita-se que o vírus do ebola tenha infectado mais de 5.800 pessoas na Libéria, Serra Leoa, Guiné, Nigéria e Senegal. O surto é o maior já registrado. Isso aconteceu em parte porque durante meses a doença não foi percebida e atingiu uma área de grande movimentação, chegando a cidades densamente povoadas da África ocidental.
A resistência aos esforços para controlar a doença - da negação das pessoas a respeito da existência da doença a temores de que cada pessoa que trabalha no combate ao surto é, na verdade, alguém que dissemina o ebola - tem frustrado as medidas adotadas para conter sua disseminação nos três países mais afetados: Libéria, Serra Leoa e Guiné, afirmam autoridades.
Há crenças muito arraigadas na região sobre como corpos devem ser tratados, por isso os grupos que são forçados a interferir nessas práticas costumam ser atacados, disse Carpentier. A maior resistência é registrada em áreas remotas, onde os hábitos mudam mais lentamente.
"É preciso falar com uma pessoa de cada vez, assim elas entendem e não corremos o risco de que uma que não acredita atraia a atenção de toda a vila, espalhando a mensagem errada", afirmou Carpentier.
Os métodos convencionais usados para controlar o ebola - isolar os doentes e registrar todas as pessoas com quem o infectado teve contato - estão falhando em razão do tamanho do surto. Especialistas em saúde pública começam a esperar que vacinas, atualmente em teste, tenham eventualmente algum impacto.
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