De acordo com a Ideal Consulting, nos sete primeiros meses deste ano, foram consumidos 263,4 milhões de litros de vinho / Freepik
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Por Vanessa Zampronho
Ficar mais tempo em casa na pandemia causou uma série de mudanças de hábitos, como trabalhar em esquema home-office, cozinhar mais e sair menos. E a consequência quase direta dessa mudança foi sentida no aumento do consumo de vinho no primeiro semestre de 2020. Esse aumento pode ser visto em números: de acordo com a Ideal Consulting, empresa de auditoria e inteligência de mercado, nos sete primeiros meses deste ano, foram consumidos 263,4 milhões de litros de vinho, ante 192,2 milhões de 2019 – e 75% desse total de 2020 são de vinhos nacionais.
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“Podemos dizer que esse aumento no consumo se deve ao fato de as pessoas cozinharem mais em casa e, com os restaurantes fechados, não podiam mais sair para jantar. As redes sociais também têm seu papel: foi muito comum ver várias postagens com taças de vinho, o que influencia no seu consumo”, diz a nutricionista Priscila Moreira, do Conselho Regional de Nutrição da 3ª Região (SP-MS).
A escolha do vinho é um belo acerto, visto que a bebida (e o suco de uva, que não contém álcool), tem uma série de substâncias benéficas. Uma delas é o resveratrol, que aparece principalmente nos vinhos (e sucos) tintos. “Ele atua diretamente na saúde da parede das nossas artérias, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares. Essa ação pode proporcionar uma melhor circulação sanguínea, e isso ajuda todo mundo, quem já tem algum tipo de doença, até quem pratica esportes”, afirma.
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E tem mais: ele tem ação antioxidante, que ajuda na prevenção do envelhecimento precoce, e evita o aparecimento de alguns tipos de câncer. “O vinho e o suco de uva têm mil e uma utilidades”, brinca Moreira. A bebida que mais tem resveratrol é a que vem das uvas mais roxas, com coloração mais escura – é delas que vem o vinho e suco de uva tintos. Já as bebidas claras têm uma concentração bem menor da substância.
Outro detalhe a ser levado em consideração é o tipo do vinho. Embora o suave (que é doce) e o seco (sem açúcar) tenham benefícios, segundo a nutricionista, o tipo seco é mais vantajoso. “O tinto seco tem um teor de açúcar menor que o suave. Há outro detalhe: em ambos os casos, o vinho possui um sabor residual que ‘amarra’ na boca, causado pelos taninos, substâncias que também estão presentes na bebida. Algumas pessoas não gostam desse sabor, por isso, em algumas marcas, o vinho suave é mais diluído que o seco, para diminuir essa sensação”, explica. Os taninos fazem bem, com ação antioxidante que retardam a morte das células e previne as doenças degenerativas.
Mas alto lá com a empolgação: embora sejam bebidas cheias de vantagens, o consumo deve ser moderado. No caso do vinho, a quantidade de álcool é um dos fatores para se levar em conta. “O consumo ideal, se for diário, é de duas taças por dia, para homens, e uma por dia, para mulheres. Então, são 150 ml para as mulheres e 300 ml para os homens”, diz.
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Claro, esse consumo é para quem não toma medicamentos, visto que o álcool pode interferir no metabolismo de alguns remédios. Já no caso do suco de uva, o pé no freio tem a ver com a quantidade de açúcar. “É importante lembrar que mesmo o suco de uva sendo integral, sem adição de açúcar, tem uma quantidade de açúcar proveniente da própria fruta. Cerca de 120, 150 ml de um suco de uva integral, por exemplo, chega a ter o mesmo teor de açúcar que uma banana, uma maçã”. Ou seja: o vinho (e o suco de uva), além de serem agradáveis, fazem bem – mas com moderação.
Vinho faz história
O vinho é uma das bebidas mais antigas que se tem notícia. Há registros dela de até 8 mil anos antes de Cristo, na Europa, e ele surgiu provavelmente porque alguém esqueceu o suco de uva em algum recipiente aberto. A bebida sofreu fermentação, e o resultado do processo foi tão bom que ele vem sendo reproduzido desde então. A bebida foi fundamental para a economia de alguns povos da antiguidade, e até hoje é parte importante da lista de itens de exportação de alguns países, como a França, Espanha, Itália e Chile.
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