Saúde
Levantamento aponta crescimento de doenças do coração, como AVC e Infarto, e aumento nas mortes por Pneumonia e Septicemia
Com o aumento da vacinação e o maior controle da pandemia, a Covid-19 deixou de liderar o ranking de mortes por doenças em São Paulo / Aloisio Mauricio /Folhapress
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Passados os primeiros 10 meses deste ano, marcados pelo maior controle da pandemia de Covid-19 e aumento da vacinação, o número de óbitos em São Paulo ainda não retornou ao patamar anterior à crise sanitária. Levantamento inédito dos Cartórios de Registro Civil do estado de São Paulo aponta que o número de mortes em 2022 é 14,8% maior que o computado em 2019, e dez vezes maior que o crescimento anual médio de óbitos registrado no estado antes da doença causada pelo novo coronavírus.
Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos 7.658 Cartórios de Registro Civil — presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros —, e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.
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Em números absolutos, foram registrados, entre janeiro e outubro de 2022, 305.279 óbitos, número 14,8% maior que os 265.780 ocorridos nos 10 primeiros meses de 2019, antes da chegada da Covid-19. Na comparação com os números dos anos em que a pandemia esteve no auge no estado, verifica-se uma redução de 24% em relação ao ano passado, que totalizou 380.835 mortes, e aumento de 1,9% em 2020, que computou um total de 299.258 óbitos.
O ainda alto número de óbitos em 2022 chama mais atenção quando comparado em relação à média da evolução de mortes ano a ano no estado de São Paulo, que variou, em média, 1,5% entre 2010 e 2019. Durante este período, a maior variação no número de óbitos em São Paulo tinha ocorrido em 2016, quando registrou crescimento de 3%. Com exceção aos anos de 2020 e 2021, auge da pandemia no Brasil, quando os óbitos cresceram 13,9% e 22,7% de um ano para o outro no estado de São Paulo, o ainda alto número de mortes sugere que ainda podem haver fatores impactantes relacionados à doença.
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Sequelas da Covid
Com o aumento da vacinação e o maior controle da pandemia, a Covid-19 deixou de liderar o ranking de mortes por doenças em São Paulo, apresentando queda de 83,6% entre janeiro e outubro de 2022 em relação ao ano passado. Em 2021, no período analisado, foram registradas 111.345 mortes causadas pelo novo coronavírus frente a 18.182 neste ano. No entanto, outras doenças, algumas delas relacionadas a sequelas da doença passaram a registrar crescimento diferenciado no estado.
"Os números dos Cartórios de Registro Civil mostram mais uma vez, em tempo quase que real, o retrato fidedigno do que acontece com a população paulista. Embora haja uma diminuição nos óbitos por Covid-19, notamos crescimento de óbitos de outras doenças, como a pneumonia, doenças do coração e septicemia, que podem vir a ser consequências de sequelas da Covid. A partir desses dados, é possível pensar em políticas de saúde pública e prevenção a essas doenças", explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen/SP).
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Um exemplo é o aumento no número de óbitos por pneumonia, que passaram de 37.746 entre janeiro e outubro de 2021 para 51.892 no mesmo período deste ano. Em 2020, foram 39.784 mortes pela doença nos 10 primeiros meses do ano, enquanto 2019 registrou 54.429 óbitos causados por pneumonia. O número de mortes pela doença apresentou queda de 4,6% entre janeiro e outubro deste ano em comparação ao mesmo período de 2019, quando ainda não havia pandemia. O número atual, contudo, é 37,4% maior que o registrado no mesmo período de 2021 e 30,4% maior que em 2020, ápice do coronavírus.
Outra doença que apresentou crescimento em 2022 foram as mortes por septicemia, que registrou aumento de 13,4% de janeiro a outubro de 2022 em relação ao mesmo período de 2019. Neste ano foram computadas 36.498 mortes causadas pela infecção generalizada grave do organismo, enquanto em 2019 foram 32.182 óbitos no mesmo período. Já nos anos auge da pandemia, 2021 e 2020, foram catalogados 32.697 e 29.528, respectivamente, óbitos por este tipo de doença, o que representa um aumento em 2022 de 11,6% em relação a 2021 e de 23,6% em relação a 2020.
Outro número que chama atenção no levantamento diz respeito ao número de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Entre 2019 e 2022, houve um salto de 334,8% nos registros de óbitos por esta doença respiratória. Em números absolutos, foram contabilizadas 1.087 mortes por SRAG nos 10 primeiros meses deste ano frente a 250 registros para o mesmo período de 2019. No entanto, em relação ao ano passado, houve diminuição de 45,7% no número de óbitos, quando houveram 2.002 registros de mortes por esta doença em São Paulo.
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Outro dado observado pelos números de óbitos registrados pelos cartórios paulistas está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração entre janeiro e outubro deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado: cresceram as mortes por AVC (5,4%) e Infarto (7,6%). Em comparação com 2019, ainda antes da pandemia, os números são ainda maiores, 8,5% para mortes causadas por AVC e 7,8% para as relacionadas a infarto.
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