Expectativa é que, até o final do ano, o reflorestamento esteja concluído, aumentando, assim, a resiliência às chuvas no próximo verão / Carlos Nogueira/PMS
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A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) vai reflorestar uma área equivalente à de três campos de futebol nas encostas do Monte Serrat. E a primeira das 300 mudas deve ir à terra em março. A expectativa é que, até o final do ano, o reflorestamento esteja concluído, aumentando, assim, a resiliência às chuvas no próximo verão. O projeto prevê o uso exclusivo de espécies da Mata Atlântica. As mudas virão de uma rede socioambiental formada por moradores de quilombos do Vale do Ribeira. E serão muitas frutas, para gente e para passarinho! No rol de árvores frutíferas estão previstas goiabeiras, grumixamas, abius e palmeiras jerivá. Mas, também serão muitas flores! O reflorestamento também contempla os majestosos ipês e outras espécies floríferas, quem sabe até manacás.
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Além de proteger as encostas em uma área de risco iminente, a ideia é criar corredores ecológicos que ajudem na melhoria da sensação térmica na região central da Cidade. Mas, o secretário de Meio Ambiente, Marcos Libório, sorri quando perguntado se há, também, uma preocupação estética com o plantio de flores.
“Queremos dar uma mexida também no visual. Por que não criarmos um roteiro, de forma que o turista possa visitar e interagir com a comunidade? O que propomos é uma mudança de cultura”. Essa possibilidade de convívio mais próximo com a mata tropical atlântica atrairia especialmente estrangeiros a bordo de transatlânticos. Esse modelo já é explorado, por exemplo, pelo Rio de Janeiro, com pacotes específicos na Floresta da Tijuca.
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O projeto está em fase final de elaboração e conta com patrocínio e consultoria da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Governo da Alemanha. Os alemães já foram parceiros da Prefeitura na elaboração do Plano de Ação Climática, em 2022. O Ministério do Meio Ambiente é o avalista da empreitada.
ENRIQUECIMENTO.
No último sábado, as equipes da Semam subiram o Monte Serrat para dialogar com a comunidade. “A gente está fazendo de tudo para conectar as pessoas no projeto porque não queremos nada que seja autoritário”, salienta Libório.
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“Queremos o envolvimento da comunidade, desde o plantio até a manutenção das mudas. Queremos criar pertencimento”, completa Libório. No total, cinco áreas do Monte Serrat serão contempladas.
Até que a primeira muda vá à terra, as equipes trabalharão no enriquecimento do solo. Em seguida, serão introduzidas espécies de leguminosas, como o feijão e a crotalária, que têm rápido crescimento, ajudam a fixar nutrientes no solo e evitam erosões imediatamente após o plantio. Essa é uma fase preparatória para a introdução das mudas de árvores.
Para fortalecer a sensação de “pertencimento”, os técnicos da Semam também vão promover a capacitação da comunidade para o plantio de espécies com valor alimentar e econômico. Nesse sentido, Libório projeta pomares de maracujá e de chuchu, por exemplo. Mas, o projeto também inclui a reintrodução de ervas medicinais na comunidade, além implantação de hortas no Monte Serrat.
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As medidas adotadas pela Semam integram o pacote de ações do Município em conformidade com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs), conjunto de políticas públicas prescritas pela Organização das Nações Unidas. A meta dos ODSs é a promoção do desenvolvimento econômico com inclusão social e sustentabilidade ambiental até 2030.
Segundo o secretário, o projeto no Monte Serrrat contempla os ODSs número 13 – Ação contra a mudança global do clima – e 15 – Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres. A ação também atende ao ODS 17 – Reforçar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
FRUTA PARA PASSARINHO.
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Mas, a ideia de criar corredores ecológicos que ajudem a diminuir o calor na região central da Cidade já conta com o engajamento de parte da sociedade. Esse é o caso da comunidade no entorno da Rua São Bento, no Valongo.
No trecho entre a Avenida Visconde São Leopoldo e o Largo Marquês de Monte Alegre, onde estão o Santuário do Valongo, o Museu Pelé e o embarque dos bondes turísticos, há um autêntico pomar. E variado!
Em pouco mais de 200 metros, trabalhadores dos comércios da via e moradores, como o vendedor de carros Roberto Pertusi, plantaram mudas de abacate, pitanga, guaraná, mamão e manga. Um dos abacateiros já está em plena produção e tem ajudado a matar a fome de moradores de rua.
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“É sombra e fruta para os passarinhos, para a gente e para os moradores rua”, resume Pertusi, que junta as sementes, faz as mudas e, depois, planta nas calçadas do Valongo.
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