Cultura

Papo de Domingo: ‘O comércio precisa dos pequenos lojistas’

Presidente da Associação Comercial e Empresarial de São Vicente, José Alves, faz um panorama de um dos comércios varejistas mais aquecidos da região

Publicado em 18/05/2014 às 10:48

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O comércio é o coração da economia de São Vicente e cresceu de 5 a 10%. Na segunda cidade mais populosa da região — número estimado em 350,4 mil habitantes (Censo do IBGE de 2013) — é o varejo que mais gera lucro, impostos e empregos. As franquias também têm crescido na zona comercial do município. O que é bom para o consumidor, mas afeta diretamente o lojista de pequeno porte. Quem apresenta esse quadro é o presidente da Associação Comercial e Empresarial de São Vicente (ACESV), José Alves, que garante: "O comércio precisa também dos pequenos lojistas, não só dos grandes". Para impulsionar a economia, segundo ele, a Associação tem investido na regularização de pequenos comerciantes principalmente na Área Continental, que é a mais carente e a que concentra um universo maior de informais.

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José Alves tomou posse da presidência da associação em janeiro e seu mandato é de dois anos, prorrogáveis por mais dois.

Atualmente, a ACESV tem 650 associados e completou 65 anos de fundação ontem. A instituição tem sede própria na Rua Jacob Emmerich, nº 1.238, no Parque Bitarú, e subsede na Área Continental, inaugurada em fevereiro.

Confira a entrevista do presidente da ACESV José Alves para o Papo de Domingo.

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Diário do Litoral - O comércio de São Vicente é considerado a Rua 25 de Março da Baixada. As lojas estão sempre lotadas de consumidores. Houve crescimento na economia?
José Alves - A economia cresceu de 5 a 10% ao ano.

DL - Ao que o senhor atribui esse crescimento?
Alves -Às ofertas. A força do comércio são as grandes redes como Casas Bahia, Magazine Luiza. Essas lojas de rede têm aumentado na Cidade.

DL - A expansão das franquias prejudica o pequeno lojista?
Alves - O pequeno comerciante vai sumindo com a vinda das grandes empresas. As grandes absorvem as menores que não vão ter a mesma capacidade de concorrência: um preço mais acessível para o cliente.

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José Alves - Presidente da ACESV tomou posse do cargo em janeiro (Foto: Luiz Torres/DL)

DL - Qual é a saída para o pequeno comerciante. A Lei do Microempreendedor Individual (MEI) ajuda o pequeno empresário?

Alves - A associação junto com a Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo) procurou conciliar isso porque o comércio precisa também dos pequenos, não só dos grandes. Então, começamos a legalizar os microempresários individuais. Nós fizemos cursos de orientação.

DL - Quais os benefícios do microempresário formal?

Alves - O microempresário tem um CNPJ, tem o recolhimento direitinho, está credenciado. A Prefeitura também arrecada. Então, nós abrimos essa regularização principalmente lá na Área Continental que é a mais carente nessa situação. A MEI beneficia o microempresário. Essa regularização do pequeno comerciante por meio do MEI foi possível graças a um benefício do Governo aos contadores. O contador abre empresa para o MEI sem cobrar nada e tem benefício fiscal no SIMPLES.

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DL - Ainda falando em Área Continental. A região é muito populosa, mas carente. Qual a situação do comércio lá?

Alves - O comércio na Área Continental teve um crescimento estrondoso. Por isso, nós montamos uma subsede também na região. Havia essa necessidade.

DL - Em relação à segurança, qual é o risco de assalto e furto hoje para os comerciantes?

Alves - Mataram o meu tesoureiro. Ele foi vítima de latrocínio, roubo seguido de morte. Mataram ele dentro da relojoaria às 7 horas da manhã. Ele estava abrindo a loja. Desde então, nós estamos acompanhando (o caso). Prenderam um e a polícia está na captura de dois. Quando ele entrou na loja, dois entraram junto com ele, e tinha um terceiro que ficou no carro. Esse terceiro, o dono do carro, é o que foi preso. Eu estive junto ao Comando da Polícia Militar pedindo mais atenção ao caso. Eu também estive com o delegado titular Pedro dos Anjos e com o Dr. Rui, que é daquela região do Jóquei.

DL - O que falta para reforçar a segurança?

Alves - Contingentes. As polícias Militar e Civil tem desempenhado os papéis deles. Todas as vezes que nós solicitamos a atenção a determinadas regiões, eles têm nos atendido. Mas se desdobram de tal maneira, que você não tem ideia. O governador tem que enviar mais elementos para atender as regiões. Na Área Continental, os policiais fazem escolta de presidiários (do Centro de Detenção Provisória, que hoje abriga 1.693 presos e tem capacidade para 768— dado oficial da Secretaria de Administração Penitenciária), teve um assalto com sequestro a uma pizzaria de lá. A região lá é carente. Então, o que acontece: aquele que começa a aparecer, ostentar um pouco mais já é visado. A gente recomenda aos comerciantes que ostentação é problema para qualquer um.

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DL - Quais as regiões mais afetadas por furtos e assaltos e por que?

Alves - Falta contingente. Então, por exemplo, o que acontece na realidade: o Centro está sendo alvo de assaltos e furtos. A polícia reforça a segurança no Centro. Do Centro, eles (os bandidos) vão para a Área Continental. Chega lá, assaltam aquela pessoa (comerciante) que está crescendo um pouco mais. É um problema. Apesar dos esforços da polícia, falta contingente.

DL - Em abril, o governador Geraldo Alckmin anunciou um reforço de 200 policiais militares por dia na Baixada. O senhor percebeu alguma diferença em termos de segurança, em São Vicente?

Alves - A gente observa rondas, policiais a pé. Melhorou um pouco. Na realidade, o que funciona (coibir criminalidade) é o preventivo. São Vicente é uma tristeza. A incidência de furtos, principalmente, é impressionante.

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DL - E sobre segurança na infraestrutura das lojas. Há estabelecimentos, onde toldos e coberturas estão precários, correndo risco de cair sobre as pessoas. Por que essa infraestrutura está desse jeito?

Alves - Na realidade, o Poder Público tem que ter uma atenção especial sobre isso.

DL - Se a fiscalização da Prefeitura não é suficiente, a associação tem conscientizado os lojistas proprietários de imóveis sobre a necessidade de manutenção de suas marquises e coberturas?

Comércio cresceu de 5 a 10%, segundo estima José Alves (Foto: Luiz Torres/DL)

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Alves - Nós fazemos isso também. Tudo que é relacionado a segurança, não só para o comerciante, mas tambem para a população.

DL - O senhor acha que o VLT deverá acelerar a economia de São Vicente?

Alves - O VLT é excelente, vai trazer bastante benefício nesse trajeto ligando Santos e São Vicente. É realmente um grande avanço, principalmente para São Vicente. Por que? O VLT vai correr pelo Centro e Área Continental. Diferente de Santos, onde a maioria dos bairros tem vida própria, em São Vicente é tudo centralizado, então o VLT, até mais do que as vãs, vai facilitar a locomoção do pessoal.

DL - O Município ganhará em breve outro grande empreendimento que é o Poupatempo. Esse ponto de oferta sortida de serviços poderá render benefícios para o comércio? Em Santos, por exemplo, há pessoas que quando vão ao Poupatempo, acabam se deslocando até o comércio para almoçar ou fazer compras.

Alves - Para a instalação do Poupatempo foram indicados três lugares: antigo Mercado Municipal, perto da Igreja Matriz, mas ali com certeza não vai sair, e outro imóvel na Avenida Antonio Emmerich. Porém, a Associação Comercial está conversando com o Barreto (secretário adjunto do Emprego e Relações do Trabalho do Estado Rogério Barreto) para trazer (Poupatempo) ali para a Rua Campos Sales. Tem ali um antigo cinema que tem todas as condições para instalar o Poupatempo. O edifício fica no Parque Bitarú, próximo ao Centro. Antes da Avenida Capitão-Mor Aguiar. Na mesma direção está o VLT. Então, o acesso é fácil.

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DL - A Associação está completando 65 anos neste dia 17. Qual é o papel da associação e quais os serviços que presta aos associados?

Alves - Às vezes as pessoas perguntam: "mas o que é a associação? Só conhecendo a associação é que a pessoa vai ver os benefícios que tem. Nós temos a parte jurídica, convênios, trabalhamos com a Unimed, associados tem 20% nas mensalidades de faculdades que temos convênio. Também oferecemos crédito, temos convênios com bancos. Parece que não, mas ajuda muito o associado. Temos também convênio com o Sebrae para cursos de capacitação.

Histórico

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Fundada em 17 de maio de 1949, na sede do Esporte Clube Beira Mar, a Associação Comercial e Empresarial de São Vicente (ACESV) começou a reunião de grupos distintos, compostos por comerciantes, industriais, e empresários de outros setores.

Em 65 anos de existência, a ACESV teve 19 presidentes, sendo que alguns exerceram mais de um mandato. Como é o caso de Eugênio Cação, que foi presidente por cinco mandatos e deixou um legado: foi com ele que a ideia de uma sede maior para a entidade começou a ganhar vida, assim como foi quem finalizou a obra do prédio da associação, anos depois.

Em 1981, foi inaugurada a sede na Praça Barão. O espaço, no imponente prédio histórico localizado no coração da Cidade, ficou limitado para o que a entidade tinha a oferecer. Foi quando surgiu a oportunidade de construir um empreendimento para abrigar a nova sede, na Rua Jacob Emmerich, n° 1.238. O prédio de cinco pavimentos e 750 m² de área útil foi inaugurado em 2004. Além de acomodar todos os setores de serviços da entidade, o prédio ainda traz rentabilidade para a associação, já que tem dois andares alugados para o Juizado Especial Cível e Criminal, um espaço para o banco Santander e outro para o Sindicato dos Dirigentes Lojistas.

Uma das conquistas da ACESV foi a inauguração da subsede na Área Continental, em 10 de fevereiro de 2014.

Serviço

Associação Comercial e Empresarial de São Vicente Rua Jacob Emmerich, nº 1238, Parque Bitarú
Telefone: (13) 3569-2910
http://www.acesaovicente.com.br/
Subsede
Avenida Deputado Ulisses Guimarães, nº 1.671, sala 2, Jardim Rio Branco

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