Cultura

O Rei Momo primeiro e único

Waldemar Esteves da Cunha foi Rei Momo do Carnaval santista por 42 anos

Publicado em 16/02/2013 às 00:16

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Uma energia toma conta da avenida, no ritmo compassado da percussão, numa só harmonia que contagia a multidão. É Carnaval. Oh, abre alas para o Rei Momo passar. É a hora dele, Waldemar Esteve da Cunha abre o Carnaval santista, na cadência da marchinha.

O ano era 1950. Começava então a trajetória de um folião cuja irreverência e animação lhe garantiriam o ‘trono’ de rei do Carnaval por 42 anos. Conversando com o Sr. Waldemar, hoje com 87 anos de idade, é fácil entender porque ele recebeu o título de Rei Momo primeiro e único.

Além de ser o Rei Momo que mais tempo figurou no Carnaval de Santos, Waldemar tem carisma, espírito festivo e a paixão pelo Carnaval que lhe renderam uma bateria de troféus conquistados em quase meio século. “Ah, eu gostava muito. Dançando e sambando eu me transformava no meio da multidão. Era uma paixão”, diz ele saudoso. 

A paixão pela maior festa popular brasileira foi despertada ainda na infância. “Minha mãe fantasiava a gente (ele e os irmãos) para brincar o Carnaval. Ela mesmo fazia as nossas fantasias. Depois (adulto) comecei a sair no Banho da Dona Dorotéia como a própria Dorotéia. Em 1950, houve um concurso e eu fui escolhido Rei Momo”, lembra Waldemar com saudade dos tempos de folia. O concurso foi realizado pelo extinto jornal ‘Diário’.

Ao longo de quatro décadas abrindo a Folia de Momo, o Sr. Waldemar cumpria sempre o mesmo ritual. As fantasias de Sua Majestade carnavalesca eram confeccionadas todos os anos por sua mãe, Dona Albina de Luca Cunha. Ele já era casado com dona Eunice, tinha quatro filhos, mas era na casa de Dona Albina que ele se arrumava e saia para abrir os desfiles dos blocos carnavalescos.

A esposa, Dona Eunice, não gostava muito de ter um marido Rei Momo. “Eu sempre pedia para ele deixar isso, mas ele nunca deixou o Carnaval”, afirma. “Mas eu tenho saudade, só que a idade avança, né?”, diz o Sr. Waldemar depois de ouvir a esposa, completando: eu faria tudo de novo, se pudesse”, sorri.

Sr. Waldemar que era protético dentário conta que os compromissos como Rei Momo aconteciam entre janeiro e fevereiro. “Entre janeiro e fevereiro, depois do trabalho, eu visitava os clubes onde aconteciam os bailes e lá ficava até 2h, 3 horas da manhã. Eu também participava como jurado dos concursos para eleger a Rainha do Carnaval e os enredos das escolas de samba”.

Com tantos anos dedicados ao Carnaval, Sr. Waldemar diz que não possui uma escola de samba ou mesmo uma marchinha preferida. “Eu gosto de todas as escolas de samba e de todas as marchinhas, não tenho preferidas. O que eu queria mesmo era sambar”, diz ele sorrindo, recordando os tempos de folia.

A última participação do Sr. Waldemar como Rei Momo foi no Carnaval da virada do milênio, em 2001. Ele foi convidado pelo então prefeito Beto Mansur para abrir a festa popular  naquele ano. 

O curioso é que o Rei Momo primeiro e único do Carnaval santista nasceu na Capital. O paulistano que deixou a terra da garoa ainda menino e se consagrou na multidão caiçara de foliões, tornou-se um cidadão-samba — fazendo alusão a outro título carnavalesco — conhecido de muitos carnavais.

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