Cultura

Movimento Teatral quer discutir futuro da Cadeia Velha de Santos

A ideia de transformar a Cadeia em museu surgiu numa reunião do conselho do Sistema Estadual de Museus de São Paulo

Carlos Ratton

Publicado em 30/12/2014 às 11:18

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A possibilidade da Cadeia Velha de Santos se tornar Museu da Baixada Santista não está sendo bem assimilada pelo Movimento Teatral da Baixada Santista, que agrega dezenas de artistas de Santos e Região. Ontem, além de alguns se posicionarem contrários à iniciativa pelas redes sociais, a Reportagem descobriu extraoficialmente que uma reunião aberta, para discutir a proposta de forma mais democrática, deverá ocorrer nos primeiros dias de 2015. Há, ainda, a informação de que uma manifestação pública em torno do prédio pode ser deflagrada a partir dessa reunião, por isso dia, local e horário ainda não foram definidos.

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A ideia de transformar a Cadeia em museu surgiu numa reunião do conselho do Sistema Estadual de Museus de São Paulo. O Governo Estadual já estaria sondando o repasse da gestão compartilhada com a Prefeitura de Santos para uma organização social, o Instituto de Preservação e Difusão da História do Café e da Imigração (Inci).

O jornalista Lincoln Spada é dos mais temerários à suposta transformação. Em seu blog, ele elencou várias razões para a Cadeia Velha não se prender a um museu. Entre elas, a que os santistas já recusaram três vezes à iniciativa. “Enquanto Museu Santista, Museu dos Andradas (entre as décadas de 60 até 80) e, no ano passado, pela própria Secretaria da Cultura de Santos, que propôs tornar o espaço multiuso em vez de um prédio para acervos. A própria classe artística também refutou a ideia em protestos e manifestações”, publicou.

Possibilidade de prédio se tornar museu incomoda classe artística de Santos (Foto: Matheus Tagé/DL)

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Spada lembra o atual secretário de Cultura Raul Christiano sempre favorável à Cadeia ser um espaço plural. “Em abril de 2013, ele propôs que o local mantivesse auditório e cafeteria, além de uma livraria, o Museu da Imagem e do Som de Santos (MISS), uma oficina de restauro, uma parte do Museu da Língua Portuguesa e salas livres para cursos artísticos. Com exceção do MISS, podendo ser trocado pela sede da Oficina Pagu, creio que todos os outros espaços poderiam ser instalados lá com maior êxito e fluxo do que no provável Museu da Baixada Santista”.

Quinto em 2 km

O jornalista ainda salienta que o futuro museu seria o quinto num raio de dois quilômetros no Centro da Cidade, pois já existe o Museu Pelé (Ama Brasil), Casa do Trem Bélico (Prefeitura de Santos), Palácio Saturnino de Brito (Sabesp) e Museu do Café (também da Inci) e as visitações não vêm sendo satisfatórias. Além disso, ele afirma que a Baixada perderá um espaço de formação cultural; que os museus do Inci não têm cursos livres artísticos e que seria preciso ouvir a população antes de decidir a melhor alternativa. 

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“Estamos falando do futuro rumo de um dos prédios centenários mais antigos de Santos e, provavelmente, o mais importante politicamente, desde a sua localização, como a sua trajetória em sediar os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário ao longo dos séculos 19 e 20”.

Ele vai ao encontro dos artistas, ressaltando que o debate sobre o uso e futuro da Cadeia “deveria ser ainda mais ampliado em audiências públicas, junto a conselhos municipais e estaduais, vereadores e às instâncias do Legislativo estadual. A população da região é que deve decidir qual o melhor projeto de ocupação da Cadeia Velha de Santos”, revela, entre outros pontos.

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