Cultura

Morre o ator Hugo Carvana, aos 77 anos

Cineasta estava internado no Rio por complicações em decorrência de um câncer de pulmão

Publicado em 04/10/2014 às 18:00

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Morreu neste sábado, 4, no Rio, aos 77 anos, o cineasta e ator Hugo Carvana, em decorrência de câncer no pulmão, que apareceu havia muitos anos e voltou há cerca de seis meses. Ele convivia com o mal de Parkinson desde 2011, mas, segundo a família, a doença era de baixa intensidade.

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Carvana estava internado desde domingo no Hospital Pró-Cardíaco, com insuficiência respiratória, e morreu por volta de 11 horas. O corpo será velado no domingo, 5, no Parque Lage, na zona sul do Rio, a partir das 9 horas.

O ator Antônio Pedro, que atuou em seis dos nove filmes do amigo, disse que a volta do câncer havia deixado família e amigos apreensivos. “É uma falta imensa. Ele tinha ótimas ideias. A gente se conheceu nos anos 1950 e ficou amigo nos anos 1960, no período das passeatas. Hugo é uma parte da minha vida”, afirmou, abalado, no hospital.

“Nem sabia que o Carvana estava internado, ele não estava saindo muito de casa. Sempre teve problema de coração, era fraquinho de saúde. Éramos muito amigos, desde o Cinema Novo. Fiz vários filmes com ele e admirava seu trabalho. Era um comediante que criou um personagem, como Cantinflas, como Charlie Chaplin: seu malandro é um ícone do cinema brasileiro”, disse o cineasta Cacá Diegues.

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Repercussão. Marcos Flaksman, diretor de arte dos três últimos filmes de Carvana – os dois Casa da Mãe Joana (2008 e 2013) e Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo (2011) –, iria visitá-lo no hospital, mas foi surpreendido pela notícia de sua morte. “Ele adorava trabalhar. Era um homem cheio de vida, que teve um câncer que veio, foi curado e depois voltou com muito mais força do que a gente esperava. Estava enfraquecido. Sempre tratou todas as doenças, mas isso foi uma circunstância, ele era muito maior do que isso, um cineasta brasileiro muito importante, comparável a um (Mario) Monicelli (o rei da comédia ‘à italiana’). Tinha olhar fresco, bem humorado e juvenil sobre a vida, a existência humana e sua insignificância”, disse.

Morreu neste sábado, 4, no Rio, aos 77 anos, o cineasta e ator Hugo Carvana (Foto: Joelson Paiva/Divulgação)

A disposição para o ofício foi confirmada pelo ator Paulo Betti, que já estava com o roteiro do próximo filme de Carvana nas mãos – não havia data ainda para que fosse rodado, pois estava na fase de captação de recursos.

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O ator destacou o “perfil único” de Carvana, que, na visão dele, era o “último remanescente de um estilo de interpretação, o último representante da malandragem no cinema”. Betti também lembrou o Carvana ator. Ele estava comemorando 60 anos de carreira no cinema este ano – a estreia foi em Trabalhou Bem, Genival. De lá para cá, foram mais de 90 filmes como ator, sendo o último Giovanni Improtta, do ano passado, dirigido pelo amigo José Wilker, também morto neste ano.

Carvana chegou a dar entrevista falando serenamente sobre o mal de Parkinson. O diagnóstico foi há cinco anos, porém, segundo a família, a doença tinha baixa intensidade e atrapalhava apenas o caminhar, levando Carvana a usar bengala. “A única coisa que lamento (do processo de envelhecimento) é não ter mais agilidade’’, declarou.

O diretor era casado havia 40 anos com Martha Alencar, e acreditava ter se tornado, com a idade, “mais amoroso e afetuoso”. Segundo dois de seus quatro filhos, Carvana teve o primeiro câncer em 1996, no pulmão direito, parou de fumar, fez o tratamento e ficou curado. Há seis meses, o cineasta recebeu novo diagnóstico de câncer no mesmo pulmão. “Ele lutou muito, tinha muita esperança que ia sobreviver. Na semana passada, o quadro piorou”, disse a filha Maria Clara, produtora de cinema.

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A atriz Tássia Camargo lamentou a morte do colega. Em nota divulgada à imprensa, a atriz diz que foi surpreendida de manhã com a “triste notícia do falecimento de um grande amigo”, que “também era um excelente ator, diretor e cineasta”.

Tássia lembra que trabalhou com Carvana na novela O Dono do Mundo (1991), da TV Globo; e no seriado Plantão de Polícia (1979 a 1981), também da emissora. “Há algum tempo tive a honra de encontrar o Hugo num encontro de artistas e intelectuais aqui no Rio. Estou muito triste com a notícia, é uma perda muito grande para a classe artística, o Brasil e a cultura brasileira”, diz a nota assinada por Tássia.

Festival

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Carvana está sendo homenageado pelo Festival Internacional de Cinema do Rio, que realizou uma sessão de gala do clássico Vai Trabalhar, Vagabundo, em cópia restaurada, há sete dias. Com o filme, Carvana ganhou o Kikito de Ouro de Melhor Filme no Festival de Gramado. Segundo o filho Júlio, que trabalha na produtora de Carvana (MAC, cujas atividades terão continuidade), o pai viu a cópia restaurada. “Ele estava muito feliz com o restauro e com a homenagem”, disse

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