A história será contada em duas versões - a de Suzane Von Tichthofen (Carla Diaz) e Daniel Cravinhos (Leonardo Bitterncourt) / Divulgação
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Suzane von Richthofen está de volta às telas quase duas décadas após ter participado do assassinato dos pais, em um crime que chocou o país -mas, desta vez, não no noticiário, e sim em dois filmes, estrelados pela ex-BBB Carla Diaz, que estreiam na sexta-feira (24), no Amazon Prime Video.
Os longas estavam previstos para estrear nos cinemas no início do ano passado, mas foram adiados sucessivamente por causa da pandemia até irem direto para o streaming, onde histórias baseadas em crimes reais, conhecidas como "true crimes", ganham cada vez mais força.
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Antes de dar o play em "A Menina que Matou os Pais" e "O Menino que Matou Meus Pais", veja tudo o que você precisa saber sobre os longa-metragens, que causaram polêmica e viraram alvo de fake news quando foram anunciados - entre elas, notícias falsas de que as produções se beneficiaram da Lei Rouanet e que Richthofen lucraria com os longas.
Num estilo não tão comum no cinema brasileiro, a criminóloga Ilana Casoy e o escrito Raphael Montes, que assinam o roteiro, decidiram dividir a história em duas partes devido às incongruências que encontraram no discurso de Suzane e Daniel Cravinhos no tribunal.
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Para mostrar as duas versões da história, a solução encontrada foi produzir dois filmes, com cerca de uma hora e meia cada um. Num deles, por exemplo, Suzane diz ter sido estuprada constantemente pelo pai, o que seria um dos motivos para matá-lo. No outro longa, seu pai nunca praticou qualquer abuso. Por vezes, a mesma fala está em bocas diferentes, a depender do filme.
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Suzane von Richthofen vai lucrar com os filmes?
Não. Os criminosos não tiveram nenhum envolvimento com a produção, e os roteiros foram baseados nos autos do processo criminal.
Suzane chegou a entrar na Justiça para tentar barrar as produções, mas não conseguiu. O Supremo Tribunal Federal rejeitou a tese do direito ao esquecimento.
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A produção tampouco contou com financiamento da Lei Rouanet ou de qualquer programa governamental de fomento, como circulou nas redes sociais.
Os filmes glorificam o crime?
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Também não. Ao apresentar as reviravoltas e incongruências do caso, como num tribunal, é natural que o espectador se sinta na cadeira do juiz e queira fazer um julgamento de quem é mais ou menos culpado.
Nenhuma das versões, porém, inocenta os criminosos. Tanto Suzane quanto Daniel e seu irmão, Christian, foram considerados igualmente culpados pela Justiça, que condenou cada um a quase 40 anos de prisão. Daniel está em regime aberto, enquanto Suzane está no semi-aberto - mas ambos continuam a cumprir suas penas, e os filmes não devem ter impacto no âmbito judicial.
O que as obras fazem é mostrar quem era o casal antes de eles cometerem o assassinato, um recorte pouco explorado pela imprensa à época do crime, na tentativa de levar o espectador a refletir sobre o que levou Suzane e os irmãos a cometerem o crime, diz Casoy, a roteirista, que acompanhou o caso da reprodução simulada ao julgamento.
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"O recorte do noticiário é muito compacto. Não retrata a vítima nem o acusado, mas o crime em si. A gente não retrata criminosos como monstros. O que eles fizeram foi monstruoso, mas eles não são monstros. Eles são seres humanos", diz Casoy.
"Não estou defendendo ninguém. Só quero saber o que leva estas pessoas a fazerem isso", acrescenta a criminóloga, autora de um livro sobre o crime, o "Casos de Família", que também aborda o assassinato de Isabella Nardoni.
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