Cultura

Festival de Curitiba abre com ajustes na grade e investimento em coproduções

Em sua 22ª edição, o evento que começa na terça-feira (26) exibe uma programação cunhada nos mesmos moldes dos anos anteriores

Publicado em 24/03/2013 às 14:48

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Veio a maioridade. E não é que, aparentemente, o Festival de Curitiba cresceu? Em sua 22ª edição, o evento que começa na terça-feira (26) exibe uma programação cunhada nos mesmos moldes dos anos anteriores: traz obras de dramaturgia nacional, foca na fusão de linguagens, reserva lugar para alguns experimentos e elege uma boa parcela de títulos atraentes para o grande público. A equipe de curadores, Celso Curi, Lucia Camargo e Thania Brandão, também se mantém intacta há cinco anos. "A receita é a mesma", garante Leandro Knolpfholz, diretor do Festival. Mas o resultado, de alguma forma, é diferente.

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Neste ano, os antes onipresentes musicais à maneira da Broadway saíram de cena. Criações de médio porte que se destacaram na última temporada angariaram espaço considerável. A presença de títulos internacionais cresceu. Também chegou a tão ansiada rotatividade: não se vê mais a oferta viciada que manteve os mesmos grupos e diretores por anos na grade.

No entanto, o sinal mais contundente de que essa edição pode se distinguir está no fato de a mostra ter deixado a posição passiva de apenas amealhar o que se faz no País e passar a atuar como coprodutora. São quatro as montagens nas quais o festival investiu de maneira direta: Homem Vertente, espetáculo em parceria com a companhia argentina Ojalá, Música em Cena, da cantora Cida Moreira, além das peças Parlapatões Revisitam Angeli e Cine Monstro Versão 1.0, de Enrique Diaz. "A intenção é viabilizar propostas que não poderiam estar no festival de outra maneira", aponta Knolpfholz. "Alguns são espetáculos que não ficariam prontos a tempo se a gente não desse um empurrão. Outros são desafios, ideias que a gente propôs. Não temos a pretensão de mudar os rumos das coisas, mas queríamos experimentar interferir na produção, como outros grandes festivais do mundo costumam fazer."

O Festival traz obras de dramaturgia nacional, foca na fusão de linguagens, reserva lugar para alguns experimentos e elege uma boa parcela de títulos atraentes para o grande público (Foto: Divulgação)

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Até o dia 7 de abril, a capital paranaense recebe 32 espetáculos selecionados para o festival, nove deles estreias nacionais. A quantidade é equivalente a de outras edições. Porém, alguns recortes propostos pela curadoria também ajudaram a mudar as feições do evento. Um mesmo texto será apresentado em duas versões: The Pillowman, de São Paulo, e O Homem Travesseiro, do Rio, partem ambos da obra do inglês Martin McDonagh.

Outra mudança a ser comemorada: a lacuna deixada pelos grandes musicais foi ocupada por produções, de diferentes estilos e origens, que utilizam a música em sua concepção. "São criações em que a música não é utilizada apenas como pano de fundo, mas como protagonista da cena", diz o diretor do festival. Ele se refere a espetáculos como Os Bem-Intencionados - em que o grupo Lume, de Campinas, abandona momentaneamente seu olhar para o trabalho corporal para se lançar em uma proposta que valoriza a dramaturgia e, nessa esteira, uma série de canções. Também despontam nesse contexto peças como Gonzagão - A Lenda e Pansori Brecht, uma releitura rock do clássico Mãe Coragem, vinda da Coreia. "Essa utilização diferente da música não acontecia apenas aqui, mas em outros lugares do mundo."

Normalmente, a participação internacional em Curitiba restringia-se a um único título. Agora, estrangeiros estão em maior número: seriam quatro, se a montagem belga Kiss and Cry não tivesse sido cancelada em cima da hora. Outro dado: artistas de fora do País também expandiram seus limites para o Fringe.

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A programação paralela do Festival costuma despertar tanta atenção quanto a lista de eleitos pela curadoria. Apesar disso, os problemas que atingem essa parcela do evento parecem longe de encontrar uma solução. Inspirado pelo Festival de Edimburgo, o Fringe de Curitiba é um espaço sem seleção, livre para quem quiser participar. Em 2013, a cidade verá 376 peças inscritas nessa categoria. É uma cifra robusta. Mas, infelizmente, grande parcela dessas criações é irrelevante. Como conciliar o espírito de liberdade que rege o Fringe com alguma política que garanta sua importância? Ainda não se sabe.

Mesmo que insuficiente, uma estratégia para impulsionar essa parcela do Festival é o foco em mostras setorizadas. Nos próximos dias, os destaques são a representação de Minas, coordenada pelo Galpão Cine Horto, e um compêndio de produções da Bahia, selecionadas pelo ator Wagner Moura.

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