Cultura
A obra mostra o passado e o presente do prédio da antiga Casa de Saúde Anchieta, que na década de 80 recebia seres humanos com problemas psicológicos
A obra é roteirizada e dirigida pelo jornalista Carlos Ratton / Reprodução
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Não marque nada na próxima quarta-feira (4). Reserve esta data na semana para a estreia do documentário Nossa Louca Resistência, que acontece em duas sessões - às 19h30 e às 21 horas - no Consistório da Universidade Santa Cecília (Unisanta) - Rua Oswaldo Cruz, 277, térreo - Boqueirão. A participação é gratuita, mas é preciso se inscrever pelo endereço eletrônico: https://bit.ly/NossaLoucaResistencia
A obra - roteirizada e dirigida pelo jornalista Carlos Ratton - mostra o passado e o presente do prédio da antiga Casa de Saúde Anchieta, que na década de 80 recebia seres humanos com problemas psicológicos, dependentes químicos, gays e até jovens de espírito rebelde que, vítimas do preconceito da sociedade, eram submetidos a tratamentos de choque e torturas no hospital psiquiátrico conhecido como Casa dos Horrores.
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Passadas mais de três décadas da intervenção municipal - iniciativa que mudou os rumos do local - o cenário é outro. No interior de paredes que ecoavam gritos de desespero, só há música, afazeres domésticos, vozes de crianças brincando, reuniões dominicais de 69 famílias. São mais de cinco dezenas crianças, pessoas com deficiência e idosos que vivem há anos no prédio do antigo manicômio.
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Há dois anos, as famílias inteiras ocupam o prédio do Anchieta e lutam nas ruas de Santos para não serem despejadas. Foram várias manifestações públicas e passeatas para sensibilizar a opinião pública e a Justiça.
A questão da falta de habitação é uma ferida há décadas aberta sem solução. Seria preciso pelo menos 100 mil moradias dignas para acabar com o martírio de uma população que mal tem saneamento básico, fundamental para a saúde humana.
RETOMADA.
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Nossa Louca Resistência acontece no ano em que a Frente da Luta Antimanicomial Baixada Santista promoveu, na Praça Mauá, no Centro de Santos, uma ação para chamar a sociedade para diálogo e compreensão sobre o cuidado em saúde mental. O evento público chamou-se "Alinhavando Mentes" e faz parte do filme.
As bandeiras da Frente são pelo fim dos manicômios; da lógica manicomial; contra as formas de opressão e exclusão social; por cuidado em liberdade; em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e por um SUS antimanicomial.
A Luta Antimanicomial vai se configurando a partir das discussões da Reforma Psiquiátrica, que ocorreram na década de 70 ao redor mundo. Na década de 80, ganha forças a partir da organização de trabalhadores da saúde mental, junto às pessoas usuárias de serviços/pacientes de cuidados em saúde mental e familiares.
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MOVIMENTO.
O Movimento Nacional da Luta Antimanicomial nasceu há mais de 30 anos, alinhado às lutas sociais, defesa dos Direitos Humanos e respeito à vida. O movimento cresceu e avançou para outras importantes bandeiras de luta, como a Reforma Psiquiátrica, a Redução de Danos, a Gestão Autônoma de Medicação (GAM).
A obra Nossa Louca Resistência tem patrocínio da Unisanta e apoio cultural do Diário do Litoral; Estúdio Wave; Toca do Tubarão; Instituto Guitar Team e produção da Valentte Filmes e Tela Vip Digital.
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O filme conta a participação de grandes profissionais da Baixada Santista, tem a Direção de Fotografia assinada por Tony Valentte e música tema assinada pelos músicos Luciano Albano e Roberto Canuto.
PEDAGÓGICA.
Como o filme Colchão de Pedra, o projeto tem função pedagógica e, neste sentido, abriu para participação de uma equipe universitária formada pelos alunos (as) de Jornalismo e Psicologia Adriano Silva Bastos; Indira Coelho de Souza; Marcela Moreira Perdigão; Nathalia Facion; Mikaely Fernanda; Geovanna Norato Caraviello; e participação especial: da ex-prefeita e atual vereadora Telma de Souza e Lívia Valenttina (criança).
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