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Muito trabalho. Essa é a definição mais usada pelos integrantes da banda Bula para definir as conquistas alcançadas logo no primeiro ano de formação do power trio santista, formado por Marcão Britto (vocal e guitarra), Lena Papini (baixo) e André “Pinguim” Ruas (bateria).
O grupo foi lançado oficialmente em novembro do ano passado. Desde então, foram muitos shows, participações especiais, como no Dia Mundial do Rock, e nos dois principais festivais do Brasil: Lollapalooza (São Paulo) e Rock in Rio (Rio de Janeiro).
“Quando começou tudo isso, não tínhamos um planejamento de chegar aonde chegamos. Estávamos simplesmente acreditando na música como forma mostrar o nosso trabalho, sabe? Não quisemos criar expectativas porque isso pode ser muito perigoso. Você ficar pensando milhões de coisas. O legal é que aconteceu de forma natural. Gravamos as músicas e o disco, daí pintou a gravadora, o Lollapalooza e o Rock in Rio. Isso é muito gratificante. Existe muita dedicação no nosso trabalho. Graças a Deus a gente faz o que gosta, mas nos cobramos muito também. Estamos entregues ao trabalho”, disse Marcão, analisando o primeiro ano de Bula.
“Eu acredito muito em resultado pelo trabalho. As coisas que tenho até hoje eu consegui com bastante suor. Não veio nada de graça para mim, embora eu tenha tido oportunidades valiosíssimas em relação à música. Esse ano a gente trabalhou bastante. Estamos aqui no estúdio praticamente todo dia. As coisas aconteceram, neste ano, de maneira inesperada. É resultado do nosso esforço sem pretensões. A gente trabalha para caramba para poder se divertir”, comentou Lena.
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O primeiro show foi realizado em 6 de fevereiro, em São Paulo. Apesar da bagagem como músicos, eles contam que o “frio na barriga” não passa e que a banda vem evoluindo a cada apresentação.
“É engraçado porque sou veterano e, ao mesmo tempo, novato. É muito gostoso sentir esse frio na barriga. Espero nunca perder isso. Primeiro show foi muita adrenalina e foi muito louco porque só tocamos músicas nossas. Não saímos preocupados em tocar um monte de cover para agradar o público. A gente apostou no nosso trabalho e foi um retorno muito legal porque vimos a molecada cantando as músicas. Foi uma grande surpresa”, falou o vocalista.
“Tivemos uma liga bem interessante. Nos primeiros encontros nós vimos que aquilo iria dar um caldo. De lá para cá, a banda só vem ficando cada vez mais coesa. Os três convivem bastante, tocam bastante. Isso legal porque vamos também conhecendo o nosso próprio som e extraindo a identidade da banda disso”, completou Lena.
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Pinguim também destacou a mudança de Marcão, passou de guitarrista, como no Charlie Brown Jr, mas assumir também os vocais. “O Marcão era um guitarrista que ia começar a cantar. Depois de um ano, ele é um vocal que toca guitarra. É uma responsabilidade nova. Ele está feliz e nós também por tudo que está acontecendo e se firmar como o vocal que estávamos procurando. Ele consegue criar coletividade com a plateia que está ali. Hoje tem muita gente que começa a cantar por causa dele, não tocar guitarra. Já é outra referência”.
Lollapalooza e Rock in Rio
O primeiro grande palco enfrentado pelo trio foi o Lollapalooza, no dia 28 de março, em São Paulo. A banda foi a primeira atração no palco Onix. O grupo encarou o ‘batismo de fogo’ com músicas autorais e divulgando o trabalho do CD “Não estamos sozinhos”.
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“Foi um passo muito importante. Era o começo da banda. A gente não tinha três meses de disco. O festival tem uma visibilidade bem forte no País e fora. Foi muito importante. Abriu portas para outras coisas que vieram”, comentou Lena.
“Foi uma vitrine. A gente tocou do mesmo jeito que o Skrillex, o Robert Plant. De igual para igual. Foi uma oportunidade de mostrar nosso som com toda qualidade. Como é um festival com grande público e tem gente que não conhece, é uma forma de amplificar o nosso trabalho”, analisou o baterista.
Marcão lembrou a ansiedade para a apresentação. “Foi difícil dormir à noite. É muita responsabilidade. Esse festival foi uma grande surpresa para nós. Ficávamos pensando como faríamos durante o show. Foi muito legal ver a reação da galera curtindo a banda. Muita gente conheceu a banda ali. Uma coisa legal do Lolla foi que gerou a curiosidade das pessoas”.
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No Rock in Rio, a Bula se apresentou no dia 25 de setembro, mesmo dia de Slipknot e Faith no More. Na data, Marcão ganhou uma guitarra Fender do evento. Foram fabricadas e entregues, no total, 30 instrumentos como esse, em referência aos 30 anos do evento. O guitarrista brincou que foi um dos presentes de aniversário que recebeu, já que comemorou aniversário no último dia 1.
Já a apresentação também foi um “presente” para Pinguim, que sempre sonhou em, ao menos, assistir uma edição do Rock in Rio. “Nunca tinha ido ao Rock in Rio porque sempre estava tocando, trabalhando. Ir pela primeira vez ao evento, com a sua banda para tocar... não foi meu aniversário, como o Marcão, mas foi um grande presente”.
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A baixista Lena se empolgou com a vibração do show. Tanto que, ao final da apresentação, que durou cerca de 1 hora, se jogou na plateia.
“Eu vi a frente do palco encher rápido. Uma galera com o olho arregalado querendo saber o que estava acontecendo ali. Tinha o nosso público, que cantava nossas músicas, mas vi muita gente chegando para conhecer. Fiquei feliz quando, na metade do show, a galera abriu uma rodinha lá no meio. Joguei-me na galera no final. Foi o nosso melhor show como banda”.
A ligação entre o evento carioca e Marcão é mais profunda. Não apenas pelo sonho do guitarrista em tocar no Rock in Rio brasileiro, pela primeira vez, com sua banda. Mas também pelo evento ter sido marcante em sua vida, em 2013. Na época, ele foi convidado para tocar ao lado do Kiara Rocks e de Paul Di’Anno.
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“Foi um lance que ajudou a me reconectar com a música. Naquele momento estava completamente sem rumo. Tinha acabado de perder o Champignon e já vinha da história do Chorão. Eu estava sem chão e o festival me ajudou um pouco a enxergar que a música era o caminho. Eu tenho uma gratidão muito grande por todos porque eles ajudaram muito nesse momento”.
Para a apresentação do Rock in Rio, a Bula tocou algumas músicas do Charlie Brown Jr. De acordo com Marcão, foi uma forma de homenagear os amigos Chorão e Champignon.
“Construímos um negócio muito bacana com o Charlie Brown. Eu carrego isso comigo, é a história da minha vida. Passei metade dela nessa banda e quero manter esse sonho vivo. São músicas importantes para nós e que se comunicam com o nosso trabalho. Temos um DNA que vem dali e queremos entreter as pessoas. Isso nos emociona bastante também. Não tem porque ficar de fora. O Rock in Rio, por tudo que ele representa para a história do gênero no Brasil e pelo o que eles tinham, de querer tocar no festival, e eu sei porque trabalhei com eles, foi um momento certo e mais do justo lembrar mesmo”.
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Próximos trabalhos
No próximo sábado, a Bula se apresenta, junto com o Raimundos, no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Já os fãs de São Paulo podem acompanhar o trio no dia 14 de novembro, no Superloft.
Marcão também citou os projetos que estão por vir. “Vamos lançar um videoclipe, mas é surpresa. O planejamento é tocar cada vez mais. Queremos ficar mais na estrada do que em casa. Estamos fervilhando de ideias. Compondo músicas novas, preparando material para 2016, já que ainda tem muita coisa bacana para mostrar nesse disco. Sempre bolando coisas novas para o show. Cada apresentação nós mostramos um trecho instrumental novo, um arranjo di fe rent e para uma música. A gente gosta de trabalhar isso. É uma forma da gente sempre fazer coisas diferentes. Dá uma vida nova”.
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Invasão no camarim, imitações do Pinguim e semelhança com Dave Grohl
A descontração e os risos dominam o ambiente da Bula. Segundo o trio, o primeiro ano na estrada foi de muita risada e situações engraçadas. “É engraçado o tempo todo. A gente dá muita risada porque todo mundo é um pouco engraçadinho. O Pinguim faz várias imitações curiosas. Nós tivemos uma passagem pelo Sul onde ficamos quase uma semana fazendo divulgação em rádios. Foi uma experiência de ficar próximo, dormindo nos mesmos lugares. Acordando todo dia e vendo o Pinguim de pijama (risos). Coisas assim. É legal porque temos um convívio em que nos divertimos”, comentou Lena.
Uma das principais imitações do baterista é a do jornalista e apresentador Cid Moreira, da Rede Globo. O músico costuma a copiar a voz icônica do global em situações inusitadas.
“Comecei a cantar uma música com a voz dele. Foram só risadas. Faço coisas como, por exemplo, como é o Cid Moreira pedindo um bife com arroz e feijão em casa”, exemplificou Pinguim, que já chegou a ficar imitando Cid Moreira em uma viagem de 6 horas e precisou ter a atenção chamada por Lena para voltar a si.
“A gente trabalha bastante fazendo música, então, esse é um momento de diversão para gente. Para descontrair”, ressaltou Marcão.
A banda também possui um ritual antes dos shows. “Marcão pega o violão. A gente tem uma musiquinha que cantamos juntos. Fazemos divisão de voz, aquecemos. É como se fosse um hino. Só que ninguém sabe a letra. Então, todo mundo enrola (risos)”, explicou Lena.
A baixista também foi protagonista de uma invasão do trio, sem querer, no camarim do produtor musical de música eletrônica Skrillex. O fato ocorreu durante o Lollapalooza. “Existem vários camarins lá. Tem os das bandas e uns que ficam ao lado do palco, de espera. Nós entramos e a Lena começou a pular no sofá branco. Jogar água e cerveja para todo lado. Daqui a pouco veio uma gringa, a produtora do cara, e começou a gritar”, contou Marcão.
Segundo Lena, a mulher perguntava se eles estavam loucos e dizia para eles deixarem o camarim. “Daqui a pouco vieram nossos produtores, com o rosto um pouco avermelhado, e disseram ‘galera, acho que a gente está no camarim errado’”, comentou Pinguim.
“Mas deu para dar uma zoada. Deixei a marca dos meus pés no sofá branco do cara”, completou Lena.
Outra curiosidade é o visual de Marcão, que tem sido comparado ao vocalista Dave Grohl, do Foo Fighters. “É uma das coisas que eu mais escuto ultimamente. Não foi com essa pretensão. Já tive cabelo comprido. Usava na época que gravei um vinil. Mas acabou ficando parecido mesmo. Às vezes é meio chato isso. Não era isso que queria, vou até cortar o cabelo (risos). Mas ao mesmo tempo eu não ligo. O nosso som não é calcado no Foo Fighters. E o Dave Grohl é um grande cara. Sou fã dele. Tem muita gente que tem cabelo comprido e barba, mas não dizem isso. Eu acho que não me pareço com ele, mas ficou parecido”.