Automotor

Cinco Perguntas para Márcio de Lima Leite

Márcio de Lima Leite, da Stellantis, é o novo presidente da Anfavea

Luiz Humberto Monteiro Pereira, da AutoMotrix

Publicado em 08/05/2022 às 11:00

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Márcio de Lima Leite, o novo presidente da Anfavea / Divulgação

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A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) acaba de empossar a nova diretoria para a gestão 2022-2025. Mineiro de Belo Horizonte, o advogado e contador Márcio de Lima Leite, que é vice-presidente de Assuntos Jurídicos, Tributários e de Relações Institucionais da Stellantis na América do Sul, assumiu o cargo de presidente da Anfavea, em sucessão a Luiz Carlos Moraes, diretor de Comunicação da Mercedes-Benz. Com 51 anos, Leite está há 21 anos no grupo empresarial – denominado Fiat até 2014, depois, FCA (Fiat Chrysler Automóveis) a partir da fusão com a Chrysler, e Stellantis desde janeiro de 2021, com a união da FCA com a PSA. Às vésperas de completar 25 anos de atuação profissional no setor, o executivo é mestre em Direito Empresarial e pós-graduado em Gestão Estratégica, com especialização em Finanças. Atualmente, é professor convidado de pós-graduação da PUC-MG. Para o novo presidente – o vigésimo em 65 anos de história da entidade –, depois de um período atribulado, no qual pandemia foi seguida de escassez global de componentes automotivos e “emendou” com a Guerra na Ucrânia, comandar a Anfavea é motivo de orgulho e uma grande responsabilidade. “Nossas fábricas e nossos produtos são apenas a ponta do iceberg de um enorme ecossistema de empresas, fornecedores de peças e insumos, prestadores de serviço, revendedores e uma variedade incrível de consumidores particulares e corporativos, todos interconectados”, afirmou o executivo.

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Cinco Perguntas
Márcio de Lima Leite - Presidente da Anfave
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A indústria automotiva brasileira é responsável por cerca de 22% do PIB industrial do país, e atualmente o setor congrega mais de 98 mil empresas e 1,2 milhão de empregos. Como é presidir uma a entidade que representa um setor de tamanha relevância?

Mais do que números superlativos, nosso setor induz o desenvolvimento e traz ao país inovações tecnológicas, conhecimento técnico e estratégico, crescimento socioeconômico e uma infinidade de conquistas intangíveis. É em nome de tudo isso e da transformação da mobilidade que queremos atuar e debater os necessários avanços com todas as esferas do poder público, do setor privado e de toda a sociedade.

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 A capacidade instalada para produção de veículos automotivos no Brasil é de cerca de 4,5 milhões de unidades anuais, mas a produção atual gira em torno de dois milhões. Como resolver esse descompasso?

Temos de solucionar problemas de infraestrutura portuária, rodoviária e aeroportuária, é preciso investir mais em educação e no aprimoramento da cadeia produtiva do setor. Só assim conseguiremos reduzir o chamado ‘custo Brasil’ e ganhar competitividade no mercado externo. O Brasil tem potencial para se tornar um grande exportador de veículos.

E quais seriam os projetos mais imediatos nesse sentido?

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Temos de dar continuidade a alguns projetos que já estão em andamento. A redução das emissões de carbono é um grande desafio da indústria automotiva global e o Brasil, com o recurso de usar o etanol para abastecer os veículos, pode sair em vantagem no processo de redução das emissões de carbono. Ainda há muito o que evoluir em termos da utilização do etanol, que é uma solução fantástica em termos de descarbonização. Antes de pensar em investir na eletrificação da frota nacional de veículos, a grande questão é fazer com que a cadeia produtiva do setor possa acompanhar as transformações tecnológicas necessárias, sem abandonar as conquistas já obtidas e perder a competitividade. Atualmente, a cadeia produtiva está desorganizada em virtude de escassez de componentes.

Qual é o real impacto da escassez global de componentes na indústria automotiva brasileira?

No ano de 2021, o Brasil deixou de produzir cerca de 350 mil veículos por falta de componentes. Este ano, já deixamos de produzir aproximadamente 100 mil veículos pelo mesmo problema. A tendência é que a situação evolua ao longo do ano. Para que os negócios do setor possam realmente deslanchar, seria importante evoluir em temas como reforma tributária. A renovação de frotas e a inspeção veicular também são fundamentais. A frota de veículos no Brasil está envelhecida, há uma demanda reprimida e isso representa uma grande oportunidade para o setor, que não está sendo devidamente atendido por falta de condições de entregar os veículos, devido à falta de componentes. A taxa de juros também está elevada, e isso não ajuda. A alta dos preços dos insumos, causada pelo aumento da inflação, é outro fator prejudicial para os negócios.

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A recente redução da tarifa do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) pode representar um alívio para o setor?

O setor vê com excelentes perspectivas a possibilidade da redução da taxa tributária brasileira, que incide fortemente sobre a indústria automotiva. A nossa ideia é debater com o Governo Federal para estabelecermos conjuntamente diagnósticos e tendência para o setor. O Governo tem dado sinais de que pretende implementar uma redução linear na carga tributária. Tornar o automóvel acessível às classes mais baixas é fundamental. Temos atualmente uma taxa de juros de 27% ao ano, que está afastando o consumidor. Contudo, mais do que vender veículos, o setor produz mobilidade. Alguns hábitos estão mudando, como os veículos por assinatura, os carros compartilhados e o transporte por aplicativos. E essas mudanças podem representar grandes oportunidades para o setor automotivo.

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