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‘Nós estamos lutando pela regulamentação da profissão dos empregados em edifícios, pois com ela, virão outros direitos com mais benefícios e respeito para a categoria’. A informação é de José Maria Félix, presidente do Sindicato dos Empregados em Edifícios de Santos e Cubatão, que nos últimos anos vem lutando e obtendo várias conquistas aos trabalhadores do setor.
DL- Como está a situação do trabalhador em relação ao aprimoramento da mão de obra?
Sempre imaginei um sindicato participativo e forte nas questões trabalhistas, mas entendia também que precisava avançar em algumas áreas, como a formação e o aprimoramento da mão de obra. Por isso, não medi esforços em formar parcerias com empresas e respeitadas instituições de ensino para propiciar a chance aos trabalhadores de aprenderem mais, de se reciclarem. E, para isso, contei com o apoio decisivo e unidade de seus companheiros de diretoria.
DL- O sindicato vem realizando cursos e até implantou salas de aulas em sua sede. Como isso ocorreu?
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Tive uma ideia de aproveitar um quase ocioso espaço no segundo andar da sede do sindicato, na Rua Júlio Conceição, 238, na Vila Mathias, para implantar salas de aula. A empreitada deu certo: hoje, são quatro salas devidamente preparadas para diversos tipos de cursos. E valeu a pena, porque a categoria aproveita e lota esses espaços quando temos palestras ou cursos.
DL- A categoria dos empregados em edifícios vem crescendo. Como o sindicato acompanha esse crescimento?
Nós trabalhamos para dar todo suporte aos trabalhadores. Chego cedo ao sindicato para organizar o trabalho e para poder acompanhar o que ocorre e tentar encontrar soluções para os problemas.
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DL- Dizem que os empregados em edifícios possuem mais de um patrão, ou vários patrões. Por que isto?
É que eles trabalham em condomínios, às vezes, muito grandes, com vários moradores e, essas pessoas que pagam os seus condomínios, onde estão embutidos os salários dos trabalhadores, sempre quando precisam recorrem aos zeladores, pessoal de portaria, e outros empregados, quando, na verdade, deveriam primeiro recorrer ao síndico.
DL- Está chegando o período de calor intenso. No último verão a categoria sofreu bastante dentro de cabines não ventiladas. Como resolver isso?
Nós já avançamos bastante nessa questão e o problema praticamente já está resolvido, com algumas exceções que ainda estão sendo negociadas, mas a maioria dos condomínios já providenciou sistema de refrigeração para atender nossos trabalhadores e amenizar o forte calor. Mas isto só não basta. Estamos negociando outras melhorias.
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PERFIL
“Tá vendo aquele edifício moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar”
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A primeira estrofe da música Cidadão, de Zé Geraldo, pode explicar parte da história de José Maria Félix. Como muitos nordestinos, o hoje presidente do influente Sindicato dos Empregados em Edifícios de Santos e Cubatão (Sindedif) , antigo açougueiro em sua cidade natal, veio para São Paulo em busca de melhores condições de vida. É casado com Josefina e pai da adolescente Bianca, de 16 anos.
Nos anos 80, Félix se encaixou como faxineiro em um condomínio. Ficou por muito tempo na labuta até subir de posição, passando a porteiro e depois zelador em prédios da Cidade e no Centro de Santos. Em muitas ocasiões, chegava a dormir em quartinhos improvisados no próprio local de trabalho, mas a vontade de se firmar e prosperar aqui, no “Sul Maravilha”, eram mais fortes que o desânimo que por vezes rondava os pensamentos desse potiguar, de pele morena e cabelos lisos, típicos de sua terra natal, o Rio Grande do Norte.
Da pequena cidade de Martins, no interior do estado, à orla santista, Félix foi construindo sua trajetória. Retomou os estudos que havia deixado, passando por escolas como o Cleóbulo Amazonas, Azevedo Júnior e Primo Ferreira, onde concluiu o antigo Segundo Grau, hoje Ensino Médio.
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Ao mesmo tempo em que estudava e ganhava pontos como um bom zelador, ele viu uma outra necessidade: lutar pela categoria à qual pertence. Participava das assembleias com disposição, opinava e debatia os assuntos com velhos e novos companheiros.
Essa militância o levou à diretoria de base do Sindedif. Não recusava tarefas na entidade sindical, mostrando disposição incomum para a luta por melhores condições de trabalho. Primeiro, durante a gestão do falecido Antonio Berni, homem astuto e um dos remanescentes da velha guarda de zeladores dos prédios santistas.
Com Berni, Félix ganhou mais espaço e chegou ao cargo de tesoureiro geral do Sindedif. O dinamismo lhe rendeu prestígio, especialmente junto aos trabalhadores do setor. Com a saída de Antonio Berni, a presidência foi assumida por Pedro Sirqueira, outro dirigente que vivenciou os anos de consolidação dos direitos dos empregados em edifícios.
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Sob o comando de Pedro, também falecido, Félix se tornou vice-presidente. Manteve o mesmo ritmo de trabalho até a aposentadoria do comandante em 2011. Passou então a assumir o cargo maior no Sindedif de forma interina até ser levado à Presidência no processo eleitoral.
Desde então, o Sindedif vem passando por uma fase de transformações, tendo à frente esse nordestino inquieto, que vive e respira sindicalismo. Ele luta incansavelmente pela categoria, quer seja pelo sindicato, federação ou pela Força Sindical, com pouco tempo para se dedicar à família e ao lazer.