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O Comitê Popular de Santos – Memória, Verdade e Justiça, realizou, no início da noite de ontem, um ato público que relembrou os presos e mortos no navio Raul Soares. A concentração ocorreu atrás da Alfândega, na estação das barcas que seguem para a Ilha Diana, local onde o navio-prisão ficou atracado em 1964 .
Durante o ato foi iniciada uma campanha de recolhimento de informações sobre o Navio Raul Soares e os organizadores do evento pretendem repassá-las para a população de toda a Baixada Santista. Com esse objetivo eles pretendem juntar relatos, fotos e recortes de jornais para a criação de um amplo arquivo sobre o episódio. As pessoas que puderem disponibilizar material, devem entrar em contato pelo facebook do Comitê.
“Alguns fatos e momentos da nossa história devem permanecer vivos na nossa memória, porque o preço que se paga pelo esquecimento é muito alto”, alerta Chico Nogueira, presidente do Settaport, o único sindicato portuário que apoiou esta iniciativa.
O Comitê Popular de Santos – Memória, Verdade e Justiça foi criado em novembro de 2013, durante a audiência pública da Comissão Nacional da Verdade, realizada no Sindicato dos Petroleiros de Santos. Em novembro de 2014, realizou o Encontro com a Justiça de Transição, no Fórum da Cidadania. O ato em memória dos horrores promovidos pelo navio Raul Soares é a Terceira atividade, desde que o Comitê começou a atuar na cidade.
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Sobre o Raul Soares
A embarcação de passageiros foi construída em 1900, pela companhia Hamburg Süd; em 1925, foi adaptada também para o transporte de carga; e, quando já estava inativa, no Rio de Janeiro, foi requisitada pela Marinha Brasileira, pintada de preto e rebocada até o Porto.
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O Raul Soares atracou em Santos, no dia 24 de abril de 1964, para servir de cárcere político para sindicalistas, estudantes, professores, militares dissidentes e trabalhadores de todas as categorias que se organizavam contra o regime repressivo que começava a se instalar no país.
“O Raul Soares é um emblema do golpe militar e da humilhação sofrida pela cidade de Santos, quando perdeu a sua autonomia política”, diz Maurício Valente, coordenador do Comitê.