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“Todos nós, que ficamos presos no Raul Soares, estamos à espera da verdade sobre o navio-prisão. Queremos saber qual foi a linha de Comando e de quem partiu a ordem para enviar o navio ao Porto de Santos para humilhar tanta gente, principalmente os sindicalistas da região”. O desabafo é de Thomas Maack, médico alemão, naturalizado americano, que foi um dos presos do navio, atracado no Porto de Santos, de 24 de abril a 23 de outubro de 1964. Ele fugiu do País, após a desativação do navio, e se exilou em Nova Iorque, Estado Unidos, onde vive com sua família até hoje.
O cientista médico, que é professor emérito da Cornell Universidade de Nova Iorque e cuja prisão, em 1964, ocorreu no prédio da USP, esteve na redação do Diário do Litoral, onde participou de um café da manhã junto com sindicalistas da Baixada Santista. Ele mencionou como prestou atendimento aos presos. “ o navio não tinha médicos, e com isso, passei, mesmo na condição de preso e incomunicável, a prestar atendimento, o que gerou muitas amizades com sindicalistas que estavam presos naquela embarcação”, explicou Maack.
O médico disse aos sindicalistas Herbert Passos, diretor da Força Sindical na região, Ademir Irussa, presidente em exercício do Sintrasaúde, Robson Apolinário, presidente do Sintraport, Beto Santos, diretor do Sindest, Luiz Augusto, da Associação do Aposentados Portuários do Sintraport, Antonio Maria, presidente da Associação dos Aposentados do Sindicato dos Conferentes, e aos diretores que os acompanhavam, que o maior problema da Comissão Nacional da Verdade (CNV) do Brasil é a sua falta de visibilidade para o público. “A razão principal dessa invisibilidade é a falta de um líder da Comissão que possa ser reconhecido pelo público, que está em contato permanente com a mídia, e que constantemente divulga ao público os trabalhos da Comissão”.
E prossegue: “a Comissão Nacional da Verdade teve seu prazo estendido ela deve eleger o seu presidente de forma permanente em vez de ser de forma rotatória como está sendo feito atualmente. Esse presidente seria então a face pública da Comissão que faria a divulgação frequente de seus trabalhos e transmitiria entusiasmo ao povo pelo objetivo de averiguar os crimes da ditadura.”
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Thomas Maack diz que prestou depoimento à CNV, recentemente sobre sua prisão, de junho até 23 de outubro de 1964. “Já está provado que o navio Raul Soaares foi um dos locais onde ocorreram violações dos direitos humanos. Esperamos pela verdade e não queremos que esses depoimentos sejam apenas arquivados, como uma espécie de memória política. Eu não aceito isso”.
Médico será homenageado no conferentes
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Thomas Maack vai se reunir hoje, a partir das 9 horas, com sindicalistas da Baixada Santista, no Sindicato dos Conferentes. Evento tem apoio do DL da Força Sindical e NCST. Ele vai participar de um debate sobre as prisões no navio.
Os sindicatos dos químicos e dos conferentes vão prestar-lhes homenagens, tendo em vista as vidas de sindicalistas que ajudou a salvar na prisão.