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Mais de 120 mil pessoas participaram de enquete, no portal Câmara Notícias, sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 304/13 e apensada) que extingue o auxílio-reclusão e cria um benefício para vítimas de crimes. Até o início da tarde desta terça-feira (20), quase 95% dos votantes concordavam com a PEC, da deputada Antônia Lúcia (PSC-AC). A pergunta tem gerado um efeito viral nas redes sociais e já é a quarta enquete com mais votações no Portal da Câmara Federal.
O auxílio-reclusão foi instituído há mais de 50 anos, tendo sido incorporado posteriormente à Lei Orgânica da Assistência Social (Lei 3.807/60) e à Constituição de 1988. Ele não é pago aos presos, mas sim aos dependentes, desde que os trabalhadores apenados contribuam para a Previdência Social.
Para ter direito ao benefício, o último salário de contribuição do segurado deverá ter sido de até R$ 1.025,81. Os familiares recebem o benefício enquanto o segurado estiver preso sob regime fechado ou semiaberto e desde que esse não receba remuneração do empregador, auxílio doença ou abono de permanência em serviço.
Se o segurado fugir da prisão ou estiver em livramento condicional ou em regime aberto, a família perde o auxílio.
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Para o deputado Andre Moura (PSC-SE), é preciso pensar que, se, de um lado, a família do segurado da Previdência condenado tem direito a um auxílio enquanto ele cumpre pena em regime fechado ou semiaberto; do outro, a família das vítimas fica sem qualquer amparo.
Relator na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da proposta que extingue o auxílio-reclusão, Moura não vê inconstitucionalidade na PEC e avalia que a medida suscita um debate importante na sociedade.
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“Meu parecer foi pela constitucionalidade. Mas logicamente a matéria será debatida e, na discussão, muitas propostas vão surgir. Propostas que já me chegaram, por exemplo, de outros parlamentares que propõem que uma parte desse auxílio-reclusão fique para a família de quem cometeu crime, que está cumprindo pena, mas que outra parte vá para a família da vítima, que, até então, no nosso País, não recebe nenhum tipo de assistência por parte do governo”, destaca o relator.
Análise da proposta em plenário da Câmara Federal fica para segundo semestre de 2015
Por ser uma PEC, a proposta, se aprovada na CCJ, ainda será analisada por uma comissão especial e pelo Plenário, em dois turnos de votação. Mas, isso só vai ocorrer no segundo semestre de 2015.
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Na avaliação da vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, Maria Berenice Dias, é justo que se busque algum tipo de auxílio às vítimas de crimes, já que a segurança pública é de responsabilidade do Estado. Segundo Maria Berenice, poderia até se criar uma forma de impor ao réu o reembolso das despesas pagas.
A jurista discorda, no entanto, que a criação do benefício às vítimas se faça às custas da extinção do auxílio-reclusão. “Não vejo justificativa para se extinguir o auxílio-reclusão, porque ele vem beneficiar não o réu, mas sua família. Me parece uma coisa um pouco vingativa, aquela visão de que ‘cometeu um crime, azar, vai mofar na cadeia e a família que morra de fome’. Não dá para tirar de um para conceder ao outro.”