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De janeiro até agora, 9% dos metalúrgicos da Grande São Paulo perderam o emprego. Foram cerca de 30 mil demissões, de uma base composta até então por 335 mil trabalhadores. Boa parte desse contingente é de funcionários de autopeças e fabricantes de máquinas
"No ano passado, no mesmo período, foram mais ou menos 4 mil demissões, mas a maioria era reposição; já este ano são cortes e não há contratações", diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da Força Sindical, Miguel Torres.
Durante toda a semana, a Força Sindical promoveu manifestações em diversos bairros da capital paulista em protesto contra as demissões ocorridas entre os metalúrgicos nas cidades de São Paulo, Mogi-Guaçu, Poá, Guararema, Biritiba-Mirim, Guarulhos, Osasco, Santo André e São Caetano do Sul. "Daqui pra frente, qualquer demissão que ocorrer vamos parar a fábrica", diz Torres.
Segundo ele, há alternativas ao corte, como férias coletivas e lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho). Ele admite, porém, que o quadro econômico é complicado e lamenta que o Banco Central tenha sinalizado que os juros vão continuar subindo, o que pode retrair ainda mais a economia.
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Montadoras. Novo grupo de montadoras anunciou paradas em razão da queda das vendas. No Rio de Janeiro, MAN Latin America, Nissan e PSA Peugeot Citroën anunciaram férias coletivas e lay-off.
Segundo o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Bartholomeu Citeli, a fabricante de caminhões MAN encerrou o segundo turno de trabalho na fábrica de Resende e colocará 600 funcionários em lay-off. Os cerca de 800 trabalhadores do primeiro turno vão continuar operando com jornada e salários reduzidos em 10%.
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Na PSA, em Porto Real, entre 700 e 800 funcionários ficarão em casa por três semanas a partir de segunda-feira. Na Nissan, inaugurada no ano passado também em Resende, a produção de automóveis será interrompida entre 24 de junho e 12 de julho, com a dispensa de cerca de 1 mil a 1,2 mil trabalhadores. Neste ano, até maio, as montadoras eliminaram 6,3 mil postos de trabalho.
A forte crise pela qual passa a indústria automotiva afeta também o segmento de autopeças. No primeiro quadrimestre, o nível de emprego no setor recuou 10,61% em relação a igual período do ano passado. Só em abril, a queda foi de 11,72% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).