Apesar das campanhas incessantes, o câncer de próstata ainda é a segunda maior causa de morte por câncer em homens no Brasil / Divulgação
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Ocupando a posição de segundo câncer que mais mata homens no Brasil, o câncer de próstata é o centro das atenções de autoridades e moradores de todo o País durante o 'novembro azul'. Apesar da campanha já existir desde 1999, entretanto, o número de óbitos mundo afora pela patologia só cresce e o Dr. Fábio ATZ, urologista de Santos, reforça que este período é importante para reforçar os cuidados e a necessidade de exames que podem salvar vidas de homens de todas as idades.
Em conversa com a Reportagem, ele explicou os motivos da doença ainda ser tão mortal e reforçou que os exames de rotina são importantes para detectar os primeiros sinais do câncer enquanto ainda é cedo, momento em que o tratamento é mais simples e pode dar melhor resultado.
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Diário do Litoral - Por que o câncer de próstata é o segundo mais letal?
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Fábio ATZ - Primeiramente, o câncer de próstata ainda mata muito por causa da incidência dele no envelhecimento populacional. É um câncer que normalmente se manifesta após os 45 anos de idade e aos poucos ele vai aumentando a frequência. Então, dos 50 aos 60 tem uma incidência maior, e do 60 ao 70 maior ainda e assim por diante. Como a população vai envelhecendo, naturalmente, há maior presença e detecção de câncer de próstata. O segundo ponto é porque o câncer de próstata é uma doença silenciosa, ela não manifesta clinicamente nenhum sinal, nenhum sintoma se ela não for ativamente procurada nas fases iniciais dela. Muitos dos casos eles são detectados já numa fase onde a doença está incurável, quando a doença já está 'metastática', ela já está fora da próstata. Então esse é o motivo principal de tantos óbitos até porque a doença é indolente na maioria das vezes. Não é um câncer que mata rápido, ele demora muitos anos até levar o óbito. Essa é uma das vantagens de você fazer a detecção do câncer de próstata precoce, mas esse alto índice de mortalidade é por causa disso: as pessoas, os homens, muitas vezes relegam a saúde, a prevenção e deixam a coisa acontecer e só vão tratar quando têm sintomas.
DL - A existência de um histórico familiar da doença é preocupante?
Fábio - Sabidamente há um aumento de prevalência da doença nos casos em que há histórico familiar. Então, para quem teve câncer de próstata na família, seja pai, irmão, avô, consanguíneo, obviamente, há um aumento da chance de desenvolver o câncer de próstata. Existem também dados comprovando, através de alterações de genes, que câncer de mama, também familiar, tem relacionamento por causa de um gene que se chama BRCA e que há um cruzamento entre câncer de mama e câncer de próstata. Então a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que após os 45 anos para quem tem histórico familiar ou é da raça negra, que são fatores de risco, já comecem a buscar ativamente fazer seus exames precoces e para todo o restante da população após os 50 anos de idade.
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DL - Como é feito o exame de próstata?
Fábio - Os exames preventivos preconizam o exame de toque retal, feito em consultório, aonde o médico vai sentir a consistência, o volume da próstata, juntamente com o exame de PSA, que é o exame de sangue, que mostra as alterações decorrentes da próstata mas não exclusivamente do câncer de próstata, então ele não é específico do câncer de próstata o PSA e quando há uma suspeita em relação, ou ao toque ou ao PSA, é solicitada uma biópsia de próstata que normalmente é feita por via transretal através de um ultrassom. Ela é guiada por ultrassom então a gente visualiza a próstata através do ultrassom e retira fragmentos dessa próstata, com o paciente sedado, obviamente, que é para ele não sentir dor, retira e manda para o exame. Hoje também tem disponível, para tentar minimizar algumas dúvidas, outros aparatos de exames que têm, mas que não são tão corriqueiros assim, não estão disponíveis assim. Existem outros tipos de marcadores biológicos laboratoriais e até mesmo exames um pouco mais complexos como ressonância magnética da próstata que tenta estabelecer uma conexão entre as imagens que se encontram e a patologia, ou seja, se aquela imagem é sugestiva de câncer ou não. Existem exames ainda mais avançados como o PET, um PET específico, não pede é com Scan, mas com PSMA que também é um exame que procura, além da doença em si, do câncer de próstata em si, as metástases, as possíveis metástases do câncer de próstata.
DL - Como o Novembro Azul vem beneficiando no processo de alertar o paciente sobre a doença?
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Fábio - O Novembro Azul é uma campanha muito benéfica porque não é exatamente o mês único que o paciente precisa procurar e tomar cuidado para se prevenir, mas essa campanha acaba repercutindo ao longo do ano, né? Ela vai ficando, essa mensagem na cabeça, de todas as pessoas da importância de prevenir o câncer de próstata. É o mês que se aproveita e se fala mais sobre a doença, mas a mensagem, sobre a prevenção, ela é perene, ela é continua, ela tem que ser reforçada sempre e muitos pacientes acabam mesmo procurando em outros meses o urologista no consultório porque ouviram da campanha do Novembro Azul e se lembraram da importância de se prevenir da doença.
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