Saúde

China está dificultando liberação de insumos ao Brasil por conta de ataques de Bolsonaro, diz Butantan

Em um novo ataque à China, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu na quarta (5) que o país asiático teria se beneficiado economicamente da pandemia e afirmou que a Covid pode ter sido criada em laboratório

Folhapress

Publicado em 06/05/2021 às 17:16

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A direção do Instituto Butantan afirmou nesta quinta-feira (6) que as declarações do presidente Jair Bolsonaro com críticas à China afetam a liberação de insumos. / Marcelo Camargo/Agência Brasil

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A direção do Instituto Butantan afirmou nesta quinta-feira (6) que as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com críticas à China afetam a liberação de insumos pelas autoridades daquele país.

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O governador João Doria (PSDB), em evento para liberação de lote de cerca de 1 milhão de doses da Coronavac, também disse que as afirmações geraram mal-estar na diplomacia chinesa.

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Em um novo ataque à China, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu na quarta (5) que o país asiático teria se beneficiado economicamente da pandemia e afirmou que a Covid pode ter sido criada em laboratório - ecoando tese que não encontra respaldo em investigação da OMS sobre as possíveis origens do vírus.

"Todas as declarações neste sentido têm repercussão. Nós já tivemos um grande problema no começo do ano e estamos enfrentando de novo esse problema", disse Dimas Covas, diretor do Butantan. "Embora a embaixada da China no Brasil venha dizendo que não há esse tipo de problema, mas a nossa sensação de quem está na ponta é que existe dificuldade, uma burocracia que está sendo mais lenta do que seria habitual e com autorizações muito reduzidas e volumes. Então obviamente essas declarações têm impacto e nós ficamos à mercê dessa situação".

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O diretor do instituto diz que até dia 14 há compromisso de entrega de vacina, de um lote que totaliza 5 milhões de doses, e que depois disso não haverá mais matéria-prima para processar. "Pode faltar [insumos]? Pode faltar. E aí nós temos que debitar isso principalmente ao nosso governo federal que tem remado contra. Essa é a grande conclusão", disse Covas.

Covas explicou que a próxima liberação de insumos teve a data de autorização adiada do dia 10 para o dia 13. 

O volume inicial seria de 6 mil litros, e agora a expectativa é de 2 mil litros. Para ele, as mudanças não são na produção da Sinovac e sim determinadas pelas autorizações das autoridades chinesas.

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Ele acrescentou ainda que há várias informações mentirosas e mirabolantes no discurso do presidente, citando que teria havido uma fabricação do vírus. "A Organização Mundial de Saúde fez uma auditoria, podemos dizer assim, e deixou muito claro quais as condições de surgimento desse vírus, esse relatório foi disponibilizado para o mundo, não resta nenhuma dúvida. E outro ponto, a China fez o que o Brasil não fez, a China controlou o vírus".

Na quarta, Bolsonaro falou em guerra química. "É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?", disse o presidente em evento no Palácio do Planalto, em Brasília. "Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês."

O governador João Doria fez críticas à falta de atuação na diplomacia do governo brasileiro em relação à China.

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"Diante de uma pandemia, o insumo da principal vacina que vai no braço dos brasileiros vem da China, o mal-estar provocado por sucessivas declarações desastrosas do ministro da Economia Paulo Guedes e agora do presidente da República Jair Bolsonaro, e o Ministério das Relações Exteriores silencia. Que Ministério das Relações Exteriores é esse que não faz relações positivas, construtivas, com países, seja pela economia, seja pelo fato de que a China é a principal provedora de insumos para as vacinas?", questionou o governador.

Questionado sobre o assunto, Doria afirmou que deve se vacinar nesta sexta-feira (7). "Eu vou tomar a vacina amanhã. E por que vou votar amanhã? Porque eu tenho que seguir 15 dias de diferença da data que tomei a vacina contra a gripe e a data para a vacinação da Covid", disse.

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