Saúde

Baixo índice de doações de sangue coloca em risco procedimentos médicos

Enquanto 3,5 milhões de pacientes necessitam de transfusões, apenas 2% da população doa sangue; hospitais dependem de bolsas de sangue para salvar vidas

Da Reportagem

Publicado em 07/06/2023 às 09:02

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Equipes médicas dependem de doações de sangue para garantir o sucesso de procedimentos complexos / Reprodução/PMS

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A medicina está em constante evolução, abrindo novos caminhos a todo momento. Seja por meio de transplantes de órgãos, cirurgias oncológicas ou atendimentos emergenciais, ela continua transformando a vida das pessoas ao redor do mundo. No entanto, há um aspecto que não muda: as equipes médicas dependem de doações de sangue para garantir o sucesso desses procedimentos complexos. Apenas no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 3,5 milhões de pessoas necessitam de transfusões sanguíneas anualmente. O número é alto se considerar que menos de 2% da população tem o hábito de doar sangue.

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Um ato de solidariedade que se revela crucial para pacientes com doença renal crônica. As doações de sangue auxiliam no tratamento da anemia, uma condição característica da doença, e permitem que o rim seja transplantado com segurança. "É um procedimento complexo, que exige suturas cuidadosas de veias e artérias, além de resultar no sequestro de um grande volume de sangue ao conectar o órgão com o receptor. Portanto, durante cada cirurgia são necessárias cerca de duas bolsas concentradas de hemácias, juntamente com outros componentes, como o plasma", detalha o cirurgião Bruno Pimpão, chefe da equipe de transplante renal do Hospital Universitário Cajuru.

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O Brasil desponta como um dos líderes mundiais em transplante de órgãos e retoma os índices pré-pandemia. Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), apenas no período de janeiro a março deste ano, foram realizados cerca de 2 mil transplantes de órgãos, sendo mais de 1,3 mil deles relacionados ao rim. Dentro dessa operação, o Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), que atende exclusivamente pelo SUS, é referência no transplante renal. “A excelência da equipe de transplante torna possível que, em 95% a 98% dos casos, haja sobrevida do enxerto e do paciente ao longo do primeiro ano", afirma Alexandre Tortoza Bignelli, nefrologista e coordenador do serviço de transplante renal.

Fonte de esperança

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O tratamento do câncer é uma das áreas da medicina que mais têm evoluído nos últimos anos. A inovação no clássico tripé de enfrentamento da doença, que inclui cirurgia, radioterapia e quimioterapia, reduz o volume de células cancerosas e pode remover completamente o tumor. Como uma das principais formas de tratamento, a cirurgia é necessária em 70% dos casos e, de acordo com um levantamento do Observatório de Oncologia, costuma ser indicada para 10 mil pacientes a cada ano no Brasil. A operação é complexa e depende da disponibilidade de bolsas de sangue para que seja realizada.

Mas muitas vezes o tratamento do câncer está na própria transfusão sanguínea. A transferência de sangue ou de um dos seus componentes é essencial, especialmente para pacientes com cânceres hematológicos, como as leucemias. "Trata-se de um tratamento suportivo para melhorar as condições clínicas do paciente, restaurando o transporte de oxigênio para os órgãos e tecidos bem como a capacidade de coagulação. Isso também contribui para que as cirurgias sejam realizadas sem comprometer a saúde do paciente", afirma Fernando Michielin, hematologista do Instituto de Oncologia do Paraná e do Hospital São Marcelino Champagnat.

Chamado à ação

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A demanda por bolsas de sangue também se torna essencial para salvar vidas de pacientes que chegam a hospitais de referência no atendimento de traumatologia. No Hospital Universitário Cajuru, as vítimas de acidentes de trânsito correspondem a 12% da demanda do Pronto Socorro, resultando em uma necessidade de cerca de 100 bolsas de sangue a cada mês. "O paciente com traumatismo necessita de transfusão sanguínea de urgência para controlar hemorragias provocadas por fraturas e lesões graves", salienta José Arthur Brasil, coordenador do Pronto Socorro do hospital.

Doar sangue é um gesto simples que pode salvar até quatro vidas. Para fazer parte dessa corrente de solidariedade, a pessoa deve atender a alguns requisitos, como ter entre 18 e 65 anos, pesar acima de 50 quilos, estar em boa saúde, não usar medicamentos e não ter feito tatuagem, endoscopia ou colocado piercing nos últimos doze meses. No entanto, são apenas 14 doadores regulares de sangue para cada mil brasileiros e os estoques estão em constante estado de emergência. "É importante a execução de campanhas que estimulem a doação, para a manutenção dos estoques dos bancos de sangue em nível de segurança adequado", conclui Fernando Michielin.

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