A Casa das Bananadas ainda reserva as marcas do tempo e a simplicidade da família que a idealizou / DIVULGAÇÃO/PMSV
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Logo ali, na beira do mar, entre o vai e vem de veículos, ciclistas e pedestres, que cotidianamente atravessam a centenária Ponte Pênsil, fica uma casa também centenária, que guarda a rica história da doceria mais tradicional da região, na primeira cidade do Brasil. A Casa das Bananadas completará 100 anos no próximo sábado, 24 de abril. Em tempos em que só se fala no “gourmet”, com docerias, casas de bolos e brigaderias sofisticadas, a Casa das Bananadas ainda reserva as marcas do tempo e a simplicidade da família que a idealizou. Hoje, o negócio é administrado pela dona Osnilda Blume, de 77 anos, que, antes de tudo, preserva a receita dos deliciosos doces que continuam, até hoje, a conquistar o paladar de quem visita o local.
Dona Osnilda, nascida na mesma casa onde funciona o comércio, lembra com clareza do começo de tudo, quando seus avós iniciaram o negócio, que tinha como carro-chefe as bananadas e os doces de abóbora, típicos da fazenda. “Minha mãe nasceu em São Paulo, casou com meu pai e eles vieram morar aqui, com meus avós por parte de pai. Para ajudar no orçamento, minha mãe também começou a fazer outros docinhos”, conta a proprietária. A tradição foi passada de geração para geração e resistindo ao tempo, à modernização e ao crescimento da região. “Naquela época não tínhamos os recursos que temos hoje. Era tudo difícil, meio precário. Os equipamentos foram melhorando e facilitando um pouco mais o trabalho”, explica dona Osnilda, que desde pequena sempre participou ativamente do dia a dia do estabelecimento comercial e, mesmo casada, continuou a tocar o negócio.
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A Casa das Bananadas é parada obrigatória não só para os turistas, mas para quem vive na região e quer degustar um doce com “gosto de casa da vó”, feito com muito carinho, de forma artesanal. A proprietária se orgulha das histórias que coleciona e diz que tem clientes que vinham ao local quando eram crianças, e hoje trazem os netos. “Minhas filhas queriam que eu parasse, por causa da minha idade e eu disse que não. Eu não vivo sem isso aqui. Amo este lugar, porque meus dias são mais alegres. Adoro conversar com os fregueses. Aqui, eu acordo olhando o mar, e vou dormir vendo o pôr do sol maravilhoso”, diz.
Apesar de a receita ser guardada a sete chaves, um segredo é revelado: a bananada da Casa das Bananadas é feita com banana prata. “Geralmente outras docerias fazem com banana nanica”, explica dona Osnilda, que ainda acrescentou que o amor é o ingrediente especial nessa mistura. Outros doces também são muito procurados no local, como o doce de batata roxa, raro de encontrar no mercado, além do quindim, do bom bocado, da banana com chocolate e de uma infinidade de tipos de cocadas. Tudo natural, sem conservantes. Prestes a ver o negócio da família completar 100 anos, dona Osnilda comemora e diz que o momento representa muita luta e muito amor pelo que faz. “Vou continuar até quando der e ainda estou com força para aguentar mais um pouquinho”, brinca.
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