Cidadãos e cidadãs, entre eles funcionários públicos, artistas e fomentadores de cultura lutam pelo Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU das Artes) da Praça da Paz Universal / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL
Continua depois da publicidade
Imagine um equipamento público de fundamental importância sociocultural, com biblioteca, um espaço para cursos, um de Informática (com 10 computadores), três quadras esportivas e, ainda, um cineteatro de 125 lugares novo, na iminência de se transformar numa policlínica, sendo que já existe uma a 30 metros de distância.
Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.
Continua depois da publicidade
Pois a luta para que isso não ocorra está sendo travada por cidadãos e cidadãs, entre eles funcionários públicos, artistas e fomentadores de cultura contra a possível extinção do Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU das Artes) da Praça da Paz Universal, no bairro Jardim Castelo, na Zona Noroeste de Santos. A Prefeitura nega a possibilidade.
Ontem, um grupo que representa a comunidade informou à Reportagem que o movimento é de opinião que ter mais um equipamento de saúde em Santos não significa eliminar um de cultura. Principalmente na região do Município tão carente de espaços alternativos de esporte, leitura, formação cultural em geral e espetáculos artísticos.
Continua depois da publicidade
O CEU das Artes foi inaugurado em 20 de novembro de 2019. No auge da pandemia foi utilizado para vacinação e agora, segundo contam, querem transformar em policlínica. A população está se movimentando para que isso não aconteça. Hoje, às 19 horas, será realizada uma sessão de cinema e de conscientização.
A funcionária pública e agente cultural Yara Esteves Peres é uma das inconformadas com a possibilidade de perder CEU das Artes. "Estamos no meio da comunidade, que abraçou o equipamento porque chegamos a atender crianças, jovens, idosos e deficientes físicos. A inclusão estava se consolidando. Veio a pandemia, foi necessário interromper os trabalhos e, agora, chegou essa intenção de transformar o espaço em uma policlínica, que já existe aqui a poucos metros. A arte, o esporte e a educação são fundamentais", afirma.
O educador João Domingos garante que possui documentos e imagens de todo o trabalho que estava sendo desenvolvido no CEU. "A solução aqui é a inclusão. Se existe insegurança, a melhor alternativa é esporte, educação e artes. Policlínica já tem e não adianta agir com repressão, com polícia. Este equipamento foi construído com impostos da comunidade. Isso não pode ser desfeito", explica.
Continua depois da publicidade
O historiador Iago Gomes de Moura, do Comitê Popular de Santos pela Memória, Verdade e Justiça, explica que memória sem cultura não existe. "É preciso produzir arte. Foram só quatro meses de funcionamento. O cineteatro está intacto, novo. Engraçado que todos os equipamentos culturais foram reabertos, menos os da Zona Noroeste. A quem interessa isso? Parece que foi construído para depois deixar deteriorar e alegar desuso", afirma.
Presidente do Núcleo de Mulheres da Zona Noroeste, Maria Dinalva de Carvalho Lisboa, a Diná Lisboa, salienta que o CEU é muito importante para socializar. "Principalmente para a população mais carente. Esperamos muito tempo. Foi uma promessa e uma realização do prefeito anterior (Paulo Alexandre Barbosa). Temos muitos artistas que estão aguardando a retomada das atividades. Estamos nos sentindo traídos", dispara.
Alcione de Araujo Simões é deficiente física e fez questão de ir ao CEU para engrossar o grupo. "Eu frequentava todas as atividades. Eu adoro usar o palco do cineteatro para dança em cadeira de rodas. Ele tem dois banheiros adaptados, rampas, enfim. Não há necessidade de outra policlínica. É só ampliar a já existente que está próxima", revela.
Continua depois da publicidade
Em visita ao local antes da inauguração, o então prefeito Paulo Alexandre Barbosa, acompanhado do seu secretário de Governo e atual prefeito Rogério Santos, lembrou que o equipamento era fruto de um convênio com o Governo Federal e de suma importância para a Zona Noroeste. "Vamos ter, entre outras coisas, teatro, quadra poliesportiva e um espaço para assistência social voltado à comunidade. Vim aqui hoje com a equipe da Prefeitura para acertar os últimos detalhes da entrega", disse na ocasião.
O CEU faz parte da reurbanização da praça, orçada em R$ 4,1 milhões (R$ 3,5 milhões do Governo Federal e o restante em contrapartida da Prefeitura) e incluiu também uma quadra poliesportiva, área para jogos de mesa, pista de skate, quadra de areia para vôlei de praia, espaço para crianças e equipamentos de ginástica.
PREFEITURA.
A Prefeitura de Santos confirmou que, durante a pandemia, uma sala multiuso do CEU das Artes vem sendo usada provisoriamente para a campanha de vacinação e testagem da Covid-19 aos moradores do local, devido à suspensão temporária de atividades artísticas no equipamento, mas que o atendimento segue na policlínica do bairro.
Continua depois da publicidade
"Até o momento, não há definição sobre uma transferência da policlínica do Castelo e nem projeto de restruturação do espaço, que abriga um teatro, uma biblioteca, uma sala multiuso e salas de atendimento referenciado da Secretaria de Desenvolvimento Social", finaliza nota. (
Continua depois da publicidade