Restauração

Vistoria do Condephaat avaliza obras 'sem fim' no Teatro Coliseu, em Santos

Restauração do Teatro começou em 1996 e já motivou ação civil que pede condenação de 14 réus, incluindo dois ex-prefeitos

Nilson Regalado

Publicado em 13/07/2024 às 07:40

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Em Santos, a Câmara rejeitou a abertura de uma Comissão Especial de Vereadores (CEV) para apurar detalhes da obra / Igor de Paiva / Diário do Litoral

Continua depois da publicidade

A Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico - Grupo de Conservação e Restauro de Bens Tombados emitiu parecer técnico considerando que "o projeto de restauro (do Teatro Coliseu), aprovado em etapas pelo Condephaat, está sendo conduzido conforme as normas vigentes". A Unidade de Preservação é o braço técnico e executivo do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat). E o Grupo de Conservação e Restauro vistoriou o Coliseu após pedido de esclarecimentos sobre as obras no Teatro, que já motivaram até uma ação civil pública.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

O processo judicial foi movido pelo Ministério Público e tramita na 1ª Vara da Fazenda Pública de Santos. O MP reuniu documentos ao longo de 20 anos e acusou 14 pessoas, entre eles os ex-prefeitos Beto Mansur e João Paulo Papa. A ação civil pede o ressarcimento de R$ 128,8 milhões aos cofres públicos por supostas irregularidades na prorrogação de contratos com a empreiteira selecionada para executar os serviços.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Coliseu completou 100 anos fechado, em silêncio

• 'Novela' do Teatro Coliseu termina só em abril de 2025

• Câmara de Santos silencia sobre o Teatro Coliseu em ano eleitoral

O parecer expedido pelo Grupo de Conservação e Restauro do Condephaat salienta que "durante a vistoria, foram observados progressos satisfatórios, demonstrando cuidado e adequação nos serviços executados até o momento". A visita técnica ao Coliseu foi realizada pelos arquitetos Roberto Leme Ferreira, Vera Lima, Erika Fioretti, Roger Guerra, e pela engenheira Viviane Scalia.

O pedido de vistoria nas obras do Teatro foi formulado pelo engenheiro José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Associação Guarujá Viva (ÁguaViva). O envio do ofício por parte da Associação foi motivado pela série de reportagens publicada pelo Diário do Litoral em fevereiro e março, apontando as obras intermináveis no prédio histórico, localizado na esquina das ruas Amador Bueno e Brás Cubas, no Centro.

Continua depois da publicidade

"A ÁguaViva reitera seu compromisso inabalável com a preservação do patrimônio histórico e continuará monitorando de perto os avanços no restauro do Teatro Colyseu", afirmou, em nota, o engenheiro José Manoel.

Em Santos, a Câmara rejeitou a abertura de uma Comissão Especial de Vereadores (CEV) para apurar detalhes da obra e dos sucessivos aditamentos ao contrato original, firmado em 1996 pelo ex-prefeito David Capistrano (1948/2000). A investigação foi proposta em março pela vereadora Débora Camilo (PSol), mas não obteve a quantidade necessária de assinaturas dos parlamentares para que pudesse ir adiante.

Desmazelo

E o Coliseu segue fechado sem previsão de reabertura ao público. Atualmente, a Prefeitura mantém contrato com a Lemam Construções e Comércio, que novamente restaurou a fachada, as portas e as janelas do Teatro. A empreiteira trabalha agora no telhado e na área conhecida como piano bar, que fica na parte descoberta do andar superior.

Continua depois da publicidade

A Lemam aguarda o aval da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para que um guindaste de grande porte possa içar uma estrutura metálica com 320 metros quadrados e quase quatro toneladas.

A peça vai sustentar a parte do telhado próxima à Rua João Pessoa e será encaixada no alto das paredes laterais do prédio, sobre o palco. O serviço deve ser realizado nos próximos finais de semana.

A empresa também vai executar o restauro do palco e refazer o contrapeso das calçadas marginais ao Coliseu. O contrato original com a Lemam expirou em abril e novos aditamentos assinados pela Prefeitura têm garantido a continuidade das obras.

Continua depois da publicidade

Milhões

O contrato atual prevê o repasse de R$ 4,3 milhões à construtora. E uma nova licitação foi aberta pela Administração Municipal em maio.

O objetivo do novo certame é a substituição das cortinas e das cadeiras da plateia, que ficaram expostas às infiltrações no telhado e, também, à poeira provocada pelas obras atuais de restauração do prédio, que é tombado pelos órgãos de defesa do patrimônio histórico santista (Condepasa) e estadual (Condephaat).

A próxima intervenção também deverá atualizar normas técnicas de segurança e acessibilidade. O futuro contrato foi aprovado pelo Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos do Estado no final de 2023. O valor do convênio com o Estado é de R$ 5,4 milhões, com prazo para execução de nove meses.

Continua depois da publicidade

Depois, uma outra licitação deverá ser aberta pata restauro das pinturas artísticas no teto do Coliseu, que foram feitas após o início das obras, em 1996, e terão de ser refeitas, agora. Essa repintura será necessária devido aos estragos causados pela falta de manutenção básica no telhado. Com as infiltrações, as pinturas acabaram desfiguradas e parte do forro do Teatro ruiu.

Inaugurado em 21 de junho de 1924, o Coliseu completou cem anos em absoluto silêncio, tanto no palco quanto na plateia. Só os 28 operários e os cinco engenheiros e assistentes que trabalham na obra 'comemoraram' o aniversário do prédio, projetado pelo arquiteto espanhol João Bernils.

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software