Henrique vende brigadeiros no ponto de ônibus para complementar a renda familiar. / Arquivo Pessoal
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“Um anjo”, é assim que Rosângela Lopes define o professor de Educação Física e vendedor de doces Carlos Henrique Salles. No último dia 02, uma terça-feira, Henrique passou de desconhecido para inesquecível para a família Lopes, após resgatar Arthur, um menino autista de 11 anos, filho de Rosângela.
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Era fim de tarde, quando Arthur desapareceu após sair de casa acompanhado do pai e do avô para ir à casa da avó, localizada na mesma rua, na Encruzilhada, em Santos. O caso viralizou após Rosângela divulgar o ocorrido nas redes sociais, na última sexta-feira (12), como forma de agradecimento.
“Enquanto o avô e o pai fechavam a porta da nossa casa, meu filho parou na porta da casa da avó e tocou a campainha. Em questão de segundos, enquanto a avó pegava a chave para abrir o portão, o Arthur sumiu”, afirma Rosângela. A mãe estava em casa no momento do incidente e só depois ficou sabendo do ocorrido.
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“Meu sogro e meu marido achavam que ele já estava dentro da casa, com a avó, quando perceberam que ele tinha sumido, todos correram para a Avenida Washington Luiz e começaram a perguntar se alguém tinha visto um menino com as características do Arthur. Foi então que um vendedor de doces afirmou ter visto o Arthur entrando em um ônibus com destino a Cubatão”, conta.
Formado em Educação Física, Henrique trabalha atualmente em uma transportadora e, após o expediente, vai ao ponto de ônibus vender brigadeiros feitos pela esposa para complementar a renda familiar.
Ao sentir o desespero do pai e dos avós procurando a criança, Henrique largou seus doces e pertences e começou a correr atrás do ônibus. “Eu não pensava em nada. Só pedia para Deus me dar forçar para alcançar esse menino no ônibus”. Até esse momento, Henrique acreditava que Arthur havia fugido de casa e não sabia que ele era autista.
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O coletivo já tinha passado do ponto seguinte, mas ao ouvir os gritos e ver Henrique correndo, o motorista parou. “Expliquei que uma criança havia subido sozinha no ônibus. O motorista ficou surpreso, porque ele subiu na frente de outros passageiros e, achando que estava acompanhado, acabou liberando a catraca. Ele pediu desculpas, mas eu o tranquilizei, também vi o menino entrando correndo no ônibus, e não tinha como saber que ele estava sozinho”.
De acordo com Rosângela, quando seu marido entrou no ônibus, o Arthur estava sentado no último banco. Ao ser questionado do porquê ele entrou no ônibus, ele inocentemente respondeu: "passear".
O reencontro de Arthur com os avós foi tomado de emoção. Nesse momento, Henrique descobriu que o menino não havia fugido de casa, mas é autista e tomou tal atitude sem saber o que estava fazendo. “Só então eu entendi que fiz algo maior do que eu imaginava. Pensei nos meus filhos, poderia ser um deles”.
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No relato que viralizou nas redes sociais, Rosângela afirma que o Henrique salvou seu filho. “Só Deus sabe o que poderia acontecer no meio do caminho se ele tivesse descido em algum ponto distante. Ele sabe se expressar em palavras, mas não sabe dialogar, nem tem noção de perigo”.
Uma semana após o ocorrido, Rosângela conseguiu se encontrar com Henrique. “Fiquei muito emocionada e com o coração cheio de gratidão pelo que fez com meu filho. Resolvi contar o que aconteceu para homenagear esse rapaz, porque nada pagará seu gesto de amor”.
Henrique, no entanto, não se considera um anjo. “Sou uma pessoa normal. Eu fui só um instrumento de Deus naquela hora”.
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