Os animais que foram furtados do Orquidário de Santos sofrem risco de extinção / Nair Bueno/DL
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Uma situação que coloca em dúvida a eficiência da segurança dos patrimônios públicos de Santos. Uma pessoa entrou às 9 horas no Orquidário Municipal, no último domingo (13), e furtou um Papagaio-De-Cara- Roxa e três saguis – dois da espécie Do-Tufo-Branco e um Da-Serra-Escuro. Levou quatro horas para que a Polícia Civil fosse acionada. O Boletim de Ocorrência (1093-1/2024) foi registrado no 7º Distrito Policial de Santos somente às 13 horas. Todos os animais estão sob risco de extinção.
Conforme informado à Polícia pelo guarda municipal que trabalha no Orquidário, uma das tratadoras, ao chegar na baia onde fica o pássaro, deu falta do papagaio anilhado sob a identificação Maluf, após perceber o gradil danificado.
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Depois, foi verificar as demais baias – onde ficam os saguis – e percebeu o furto deles, todos microchipados. Não há vestígios da autoria dos furtos, testemunhas e se o Centro de Controle Operacional (CCO) estava funcionando em tempo real.
Segundo o Boletim de Ocorrência, as imagens das câmeras de monitoramento devem ser enviadas à Polícia e as investigações estarão a cargo da delegada Cláudia Santana Barazal.
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Vale lembrar que o CCO faz o monitoramento da Cidade todos os dias (24 horas) com o auxílio das câmeras instaladas em pontos estratégicos, permitindo mais agilidade no atendimento a ocorrências de todos os tipos (crimes, acidentes de trânsito, alagamentos etc).
Ele Integra o trabalho da Guarda Municipal, Defesa Civil, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Ouvidoria, Transparência e Controle e Polícia Militar, com supervisão e suporte da Secretaria de Governo.
Atualmente, a Cidade tem 1.763 câmeras distribuídas por vias públicas e nas áreas internas e externas de unidades municipais, como escolas e policlínicas e o Orquidário.
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Essa situação não é a primeira vivida no local. O Orquidário já foi alvo de diversos crimes ao longo dos anos. Em 2021, por exemplo, um trio foi preso após invadir o local e furtar peças de metal e um monitor de computador.
No ano seguinte, em agosto de 2022, um criminoso conhecido como o ‘Ladrão de Orquídeas’ foi responsável por uma série de furtos de plantas na cidade, incluindo no próprio Orquidário. Embora nos últimos anos os furtos não envolvessem animais, o histórico de ocorrências mostra que o espaço continua vulnerável.
O Papagaio-De-Cara-Roxa (Amazona brasiliensis) é uma das espécies mais visadas no tráfico de animais, o que contribui para seu status de espécie ameaçada de extinção. Conhecido também como Chauá, esse papagaio caiçara enfrenta graves desafios devido à destruição de seu habitat na Mata Atlântica e às dificuldades de reprodução em cativeiro.
Sua plumagem verde vibrante com detalhes em vermelho, roxo e azul o torna alvo frequente de caçadores. Além do tráfico, a perda de áreas naturais agrava ainda mais a diminuição da sua população.
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O Sagui-Do-Tufo-Branco (Callithrixjacchus) e o Da-Serra-Escuro (Callithrixaurita) são duas espécies de primatas brasileiros fortemente impactadas pelo tráfico ilegal de animais e pela destruição de seus habitats naturais, ambos localizados na Mata Atlântica.
O primeiro é nativo de diversas regiões desse bioma, se destaca pelos tufos brancos ao redor das orelhas, contrastando com sua pelagem acinzentada.
Essa espécie, adaptável a diferentes ambientes, incluindo áreas urbanas, também sofre com a captura ilegal para o comércio de animais de estimação.
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Por outro lado, o Sagui-Da-Serra- Escuro, endêmico das regiões montanhosas do sudeste do Brasil, é caracterizado por sua pelagem escura e tufos pretos nas orelhas.
Esta espécie enfrenta uma pressão adicional devido à competição com espécies invasoras, como o Sagui-Do-Tufo-Branco, além da destruição de seu habitat pelo desmatamento e expansão urbana.
Apesar do pequeno porte, o Da-Serra-Escuro é um dos primatas mais ameaçados do País, com sua população em declínio constante devido ao comércio ilegal de animais.
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A Prefeitura garante que o delito foi cometido entre a noite de sábado (12) e a madrugada de domingo (13), período em que o local está fechado. Trata-se da primeira ocorrência do gênero registrada no parque, onde os tratadores identificaram a falta dos animais no início do expediente deste domingo (13), por volta das 9 horas, quando imediatamente acionaram as autoridades policiais, que também atuam (24h) no Centro de Controle Operacional do Município.
Vale ressaltar, ainda, que os papagaios e saguis abrigados no Orquidário têm, respectivamente, anilhas e microchips para devida identificação. Todas as informações bem como as imagens das câmeras de monitoramento já foram disponibilizadas à polícia, que investiga o caso.
A segurança do parque será reforçada pela Guarda Civil Municipal (GCM). A população pode denunciar o paradeiro dos animais e crimes contra animais pelos telefones 153 (GCM) e 181 (polícia ambiental).
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