Santos
Ligação seca vai demandar investimento de R$ 6 bilhões, em parceria que envolve o Governo Federal, o Estado e a iniciativa privada
Governador prometeu 'protocolar o estudo de impacto ambiental' imediatamente / Divulgação/Governo do Estado
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O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) mudou de ideia em relação ao Túnel Santos-Guarujá. No início de maio, Tarcísio não considerava tão importante fixar um prazo para obtenção da licença ambiental. Naqueles dias, os governos federal e estadual haviam pactuado que o licenciamento seria conduzido pela Cetesb e não pelo Ibama. E o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), havia dito que era preciso cobrar agilidade do governador em relação ao empreendimento. Quarenta e dois dias depois, Tarcísio resolveu fixar datas para o trâmite ambiental.
Agora, o governador prometeu “protocolar o estudo de impacto ambiental” imediatamente para que “antes do final do ano já tenhamos a licença prévia”. Vencida essa exigência legal, o Governo do Estado pretende lançar o edital para contratação da empresa que realizará o projeto executivo de engenharia. Na avaliação do governador, o cumprimento dessa formalidade ambiental prévia trará maior “segurança jurídica aos investidores”.
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O estudo ambiental citado pelo governador é uma condição para que a Cetesb avalie o impacto da obra na vizinhança e no meio ambiente e para que a agência possa propor mudanças no projeto capazes de reduzir eventuais transtornos. Ou seja, ele é o ‘marco zero’ no trâmite ambiental. Só após essa análise e eventuais adequações, será expedida a licença prévia para o túnel.
A contradição é que, no início de maio, Tarcísio havia dito que a fase de licença prévia já estava resolvida e não quis cravar uma data para a expedição pela Cetesb da licença de instalação, segunda fase do processo de licenciamento ambiental. E esse trâmite burocrático ainda pressupõe uma terceira fase, que é a licença de operação. É esta terceira etapa que autoriza, de fato, o início dos trabalhos em campo.
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Mais: logo após o feriado em homenagem aos trabalhadores, Tarcísio projetou nove meses para o lançamento do edital para contratação da empresa que realizará o projeto executivo do túnel. Pelos cálculos apresentados à época pelo governador a população das duas cidades só vai se livrar da balsa em 2031. A previsão foi feita durante coletiva de Imprensa no Salão Nobre da Prefeitura e diante do prefeito Rogério Santos (Republicanos).
“Veja, acabamos a consulta pública e vamos fazer algumas incorporações (no projeto) de contribuições que foram feitas. A gente vai publicar o edital provavelmente no final desse ano, mais tardar início do ano que vem”, disse Tarcísio na ocasião.
E o governador citou os passos seguintes para viabilização do túnel: “E vamos fazer a contratação da nossa parceria público-privada. Uma empresa vai ser contratada e vai desenvolver o projeto executivo e, nesse tempo, a licença de instalação sai porque o mais importante que era atestar a viabilidade ambiental do empreendimento, e isso sai por meio da licença prévia, a gente já tem”.
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Mas, na última quinta-feira, o governador suavizou o discurso e disse que “os investidores já estão de olho no túnel” e prometeu que a ligação submersa entre Santos e Guarujá “vai sair do papel”.
Durante as comemorações pelo Dia de José Bonifácio, Tarcísio afirmou que “a gente vai ver isso (a obra) acontecendo”. Porém, o governador admitiu que sequer a primeira etapa no processo de licenciamento ambiental está concluída. Pior, a julgar pelas palavras de Tarcísio no Centro de Santos, só agora é que ela vai começar.
Ainda assim, o governador prometeu que no dia 13 de junho de 2024, quando voltar a Santos para as comemorações pelo Dia de José Bonifácio “já terá licitado o túnel”.
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E deu indícios de que o dia em homenagem ao Patriarca da Independência, data em que a sede do Governo do Estado é transferida simbolicamente para Santos, deverá servir como referência para a concretização de um sonho que perdura há um século: “Vamos retornar aqui para assinar o contrato do túnel”.
A promessa foi feita em frente ao Panteão dos Andradas, diante de populares e na presença de três pré-candidatos a prefeito nas eleições de outubro: Rogério Santos, Rosana Valle (PL) e Paulo Alexandre Barbosa.
No início de março, durante a 28ª edição da Intermodal, em São Paulo, o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, chegou a prever que as obras do túnel Santos-Guarujá poderiam começar já no primeiro bimestre de 2025.
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Ou seja, pelos cálculos de Pomini, os trabalhos poderiam começar pelo menos 12 meses antes das previsões feitas em maio por Tarcísio de Freitas.
"A Autoridade Portuária tem R$ 3 bilhões em caixa e, se tudo correr bem, começamos a obra no primeiro bimestre de 2025", resumiu o diretor-presidente da APS na ocasião.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia decidido ‘tocar’ a obra sozinho. Mas, na tentativa de melhorar a relação com o governador de São Paulo, aceitou a participação da equipe de Tarcísio no projeto.
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O Acordo de Cooperação Técnica para a construção do Túnel Santos-Guarujá foi assinado no dia 2 de fevereiro, data do aniversário do Porto de Santos. A solenidade contou com a presença de Lula, de ministros, deputados federais e do governador.
O túnel terá cerca de 700 metros de extensão, sob o canal de navegação do Estuário e as obras sem custar em torno de R$ 6 bilhões.
O projeto prevê três faixas de rolamento em cada sentido, permitindo o tráfego de carros, motos, bicicletas e caminhões entre as duas margens do Porto. O traçado também reserva espaço para o Veículo Leve sobre Trilhos.
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