Santos
O mecanismo do equipamento não é simples, o que exigiu a necessidade da intervenção de um profissional especializado, além de o acesso ser complicado
Estação da Cidadania de Santos / Divulgação PMS
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Quem passar pela avenida Ana Costa e der uma olhadinha na Estação da Cidadania de Santos/Concidadania, verá o relógio, que ocupa o ponto alto do prédio e se destaca na arquitetura da instalação, funcionando direitinho. Desde o dia 19 de novembro, ele voltou a marcar as horas depois de mais de cinco anos parado no tempo e após passar por um processo de restauração.
Marco da antiga estação de trem, o relógio passou por recuperação da parte mecânica. O mecanismo do equipamento não é simples, o que exigiu a necessidade da intervenção de um profissional especializado, além de o acesso ser complicado, conta a coordenadora geral, Marise Teixeira Cabral.
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O trabalho foi realizado pelo artesão dos relógios Antonio Rodrigues de Lima. Aos 80 anos, com mais de 60 deles dedicados à área, Lima é um apaixonado por sua arte. Ele tem um currículo extenso. Há 30 anos, por exemplo, é o responsável pela manutenção dos relógios da torre da Estação Júlio Prestes, na capital paulista.
Ele também cuida dos aparelhos da Igreja da Consolação e do Museu do Café de Santos. Aprendeu o ofício com o pai ainda menino e hoje trabalha com o filho Gilberto. "Este relógio é histórico. Você tem que buscar soluções que não alterem suas características. Então, fiz uma peça onde ficam os ponteiros e o conjunto que emite sinal para a máquina principal do relógio. Nesse caso, não é um conserto, mas uma arte", diz o artesão.
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SÍMBOLO
O retorno do relógio à sua função principal resgata todo o simbolismo de uma época, na qual o tempo era fundamental por conta das partidas e chegadas das pessoas,na antiga estação de trem. Agora marca também uma nova fase para a Estação da Cidadania de Santos. "Este simbolismo traz agora uma questão da nossa organização, porque também estamos passando por muitas mudanças. Perdemos nosso coordenador geral, Célio Nori, e várias pessoas do conselho de coordenação. Então, estamos em fase de renovação nesse momento pós-covid", finaliza Marise.
HISTÓRIA
O imóvel histórico abrigou a antiga Estação Sorocabana por mais de um século. A arquitetura da estação é neocolonial. Este estilo recupera características como o beiral largo e as telhas capa-e-canal, bem como ornamentos que lembram construções chinesas, como asas de andorinhas arrematando as pontas dos telhados. A construção é datada de 1936 e foi inaugurada, oficialmente, em 26 de julho de 1938.
O serviço de transporte funcionou até 1997 entre Embu-Guaçu e Santos. Foi comprada pelo Grupo Pão de Açúcar, no final de 1998, após a privatização da Rede Ferroviária Paulista S/A (Fepasa). Em 1999, o prédio foi tombado e restaurado para uso em atividades culturais pelo hipermercado e centro de convenções que se instalou no local do pátio de manobras em 2000, quando quase todas as edificações da estação foram derrubadas, restando somente a sede.
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Após algum tempo a estação chegou a ficar abandonada, passando a partir daí a ser a sede da Estação da Cidadania de Santos, por meio de comodato assinado em 2006 entre representantes da empresa, da então ONG Concidadania e da Prefeitura de Santos.
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