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Hoje (6), às 15 horas, na Rua Riachuelo 27, Centro de Santos, em frente ao prédio da Polícia Federal, está programado um ato contra os ataques aos Yanomamis - grupo de aproximadamente 35 mil indígenas que vivem em cerca de 200 a 250 aldeias na floresta amazônica, na fronteira entre Venezuela e Brasil.
A manifestação é organizada pelas lutadoras e lutadores dos direitos humanos de vários movimentos, feministas, negros, sindicalistas de diversas categorias, partidos políticos de esquerda e lideranças indígenas da região.
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Conforme explicam os organizadores, o genocídio do povo originário acontece desde a invasão em Abya Yala (nome originário do continente onde o Brasil se encontra).
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"A colonização não acabou! É um absurdo o que está acontecendo nas florestas, o garimpo mata!", alertam.
O ato ainda cobra responsabilidades sobre o suposto crime envolvendo uma criança Yanomami, de 12 anos, estuprada até a morte por garimpeiros e outra, de três anos, jogada em um rio, além de incêndios criminosos e indígenas desaparecidos.
DENÚNCIA
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Na noite do dia 25 de abril último, o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, denunciou, por meio de um vídeo, que a menina teria sido vítima de violência sexual e foi a o óbito durante um ataque dos garimpeiros na comunidade.
Segundo Hekurari, com base em informações recebidas via rádio de pessoas da região, uma mulher e uma criança também estariam desaparecidas. Já no dia 29 de abril, o Condisi-YY relatou o sequestro de um indígena Yanomami recém-nascido por um garimpeiro, que alegou ser o pai da criança.
A região de Waikás possui forte presença de garimpeiros e registrou o maior avanço de exploração ilegal de minérios, de acordo com o relatório "Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo", lançado pela Hutukara Associação Yanomami (HAY), também em abril deste ano.
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NÚMEROS
Segundo dados extraídos do documento, em 2021 o garimpo ilegal avançou 46% em comparação com 2020. De 2016 a 2020, o garimpo na TIY cresceu nada menos que 3.350%, ressalta o levantamento. Estudos conduzidos, em 2014, pela Fundação Oswaldo Cruz, a pedido das comunidades, constatou que 92% dos indígenas da comunidade de Aracaça apresentaram índices elevadíssimos de mercúrio no sangue.
Os documentos também apontam que o garimpo é responsável pela desestruturação, aliciamento e abuso sexual nas imediações das comunidades indígenas, o que aponta que o recente crime cometido contra a menina Yanomami não é um caso isolado. Em 2020, foram registrados crimes de violência e abuso sexual e mortes cometidos por garimpeiros a outras meninas Yanomamis.
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PL
Os organizadores do ato santista ressaltam que a tese do marco temporal, junto com os projetos de lei 490 e 191, institucionalizam a colonização e o genocídio.
Ano passado, mais de 160 organizações da sociedade civil enviaram uma carta aberta ao presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira contra o PL 490, que dificulta a demarcação de terras indígenas. Para as entidades que assinam o documento, a PL 490 ataca os povos originários e o Meio Ambiente.
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O projeto de lei 191 vai estimular a atividade garimpeira e provocar morte entre populações indígenas. O PL 191 pretende regulamentar a exploração de recursos minerais e a construção de hidrelétricas no interior de terras indígenas.
A abertura de terras à exploração econômica é promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro.
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