Santos: júri popular condena 'Maníaco da Peruca' a 60 anos de prisão / Foto: Reprodução/Internet
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O dentista Flávio Nascimento Graça, de 39 anos, foi condenado a 60 anos de prisão em regime inicial fechado, por três homicídios consumados e duas tentativas. A decisão do júri popular foi anunciada por volta das 22h desta quinta-feira (12), após três dias de julgamento no Fórum de Santos. Não há possibilidade de apelação.
Flávio ficou conhecido como o 'Maníaco da Peruca' após atacar as vítimas com o adereço para disfarce entre 2014 e 2015. Ele foi considerado imputável pelo júri, ou seja, o conselho julgador entendeu diante das apresentações que o autor dos crimes sabia o que estava fazendo quando matou as vítimas, sendo então capaz de responder criminalmente pelos atos.
O advogado de defesa de Flávio, Eugênio Malavasi, apresentou dois laudos sobre a sanidade mental do acusado feitos por peritos do Fórum. Segundo ele, os documentos atestaram que o réu teria doença mental, o que compromete a sanidade ao cometer os crimes. Ele também reivindicou acesso a tratamento após a aplicação da pena.
Já o advogado de acusação, Augusto Miglioli, sustentou que Flávio tinha plena consciência, capacidade e entendimento em relação aos crimes. Assim como a defesa do réu, a acusação também apresentou um laudo sobre a sanidade do 'Maníaco da Peruca'.
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Devido as divergências reveladas nos laudos, a Justiça determinou que o caso fosse decidido por júri popular.
O réu está preso há cerca de três anos, na Penitenciária José A. C. Salgado, a P-II de Tremembé, no Vale do Paraíba. Ele chegou à Baixada Santista na manhã de terça-feira (10), e passou a noite na Penitenciária Dr. Geraldo de Andrade Vieira, conhecida como Penitenciária 1 de São Vicente.
Flávio permaneceu mais de três anos foragido antes de ser preso preventivamente, em 2018.
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Julgamento
O julgamento com júri popular do dentista Flávio do Nascimento Graça, teve inicio na manhã de terça-feira (10) no Fórum de Santos e só terminou às 22h desta quinta-feira (12).
O júri havia sido marcado para acontecer no último mês de abril, mas foi adiado devido a um perito estadual não ter sido encontrado pela Justiça .
Motivação
Flávio é apontado como autor de três homicídios dolosos - com intenção de matar - e duas tentativas de homicídio contra os donos e uma ex-funcionária da Clínica Americana, rede de clínicas dentárias com unidades na Baixada Santista. A rede seria concorrente ao consultório do 'Maníaco da Peruca'.
Após analisar imagens de monitoramento, a polícia descobriu que Flávio monitorava os passos das vítimas e cometeu os crimes por vingança. O dentista havia declarado falência e atribuía isso à concorrência. O réu foi preso quatro anos após o primeiro crime.
Júri popular
O pedido para que Flávio fosse a júri popular foi analisado e deferido pelo juiz titular da Vara do Júri e Execuções do Foro de Santos, Alexandre Betini, após dois laudos de sanidade mental do réu apresentarem resultados diferentes. Os exames foram solicitados após o autor dos crimes alegar, em depoimento à Justiça, que não lembrava do que tinha acontecido.
A defesa do réu pediu exame de sanidade mental por acreditar que ele tinha problemas psiquiátricos. O laudo solicitado foi assinado por dois médicos psiquiatras e peritos da Justiça, e atestou que Flávio tem esquizofrenia (transtorno psiquiátrico).
No entanto, durante os exames, um perito do Centro de Apoio Operacional à Execução acompanhou o acusado e, com isso, emitiu um novo laudo.
O documento do perito do Ministério Público concluiu que o réu é inteiramente capaz de entender o que fez e afirma que ele não preenche os critérios para o diagnóstico de nenhum transtorno mental, inclusive esquizofrenia.
Devido a divergência nos resultados apresentados nos laudos, o juiz deterimnou que Flávio fosse a júri popular, em decisão publicada no Diário de Justiça Eletrônico no dia 22 de junho de 2020.
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Mortes em série
Em 23 de dezembro de 2014, o empresário Agilson Corrêa de Carvalho, de 54 anos, foi morto com um tiro na cabeça quando saía da clínica dentária em que trabalhava. Segundo testemunhas, o criminoso agiu sozinho e a rua onde ocorreram os disparos estava movimentada.
Em 15 de julho de 2015, Aldacy Correa de Carvalho, de 56 anos, também foi assassinada ao sair de uma das unidades da clínica, no Centro de Santos. Ela estava acompanhada por outras duas pessoas que também foram alvos. Uma delas, Arnaldo Correa de Carvalho, de 54 anos, morreu após ficar quatro meses internado.
Outro alvo do 'Maníaco da Peruca' foi um sobrinho de Agilson, de 21 anos, que foi atingido pelos disparos, mas sobreviveu. Os tiros acertaram de raspão o nariz e a nuca da vítima, que também precisou ser hospitalizada. A segunda sobrevivente foi uma mulher, de 40, baleada em 23 de setembro de 2015, no Gonzaga.
Flávio foi preso em novembro de 2018, quatro anos após o primeiro crime. Na época, o juiz alegou que o homem oferecia risco à sociedade e determinou sua detenção preventiva até o julgamento.
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