SANTOS

Reforma de plenário da Câmara de Santos causa desconforto na atual Mesa Diretora

"Proposta foi idealizada pela Mesa Diretora anterior. Cacá só deu continuidade ao processo", afirma Chico Nogueira (PT)

Carlos Ratton

Publicado em 22/03/2023 às 07:00

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A decisão de gastar mais de R$ 3 milhões com reformas no plenário foi de surpresa / Divulgação/PMS

O vereador Francisco Nogueira, o Chico Nogueira (PT), 2º vice-presidente na Mesa Diretora da Câmara de Santos, fez questão de dividir, recentemente, a responsabilidade sobre a decisão de se gastar R$ 3.274.563,63 com reformas no plenário do Castelinho - sede do legislativo santista.

"Estava prevista desde a gestão da Mesa-Diretora anterior (sob a presidência do vereador Adilson Júnior - PP). Foi incluída na peça orçamentária de 2021 e repetida em 2022. O atual presidente (Carlos Teixeira Filho, o Cacá Teixeira - PSDB) só deu continuidade ao processo", disse ao Diário.

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Sobre a reclamação do vereador Benedito Furtado (PSB), apoiada pelas vereadoras Debora Camilo (Psol), Audrey Kleys (PP) e Telma de Souza (PT) que não houve consulta à totalidade dos vereadores da Casa de Leis sobre a reforma, Nogueira completou: "a Câmara é um colegiado e penso que todos têm o direito de receber as informações sobre as necessidades da Casa", finaliza.

Os demais membros da Mesa preferem não se manifestar. A licitação por pregão eletrônico para definir a empresa responsável pelo serviço ocorreu no último dia 14 e a Câmara deverá revelar o vencedor nos próximos dias. Venceu aquela que apresentou o menor preço, incluindo material. O contrato terá duração de 180 dias.

A decisão de gastar mais de R$ 3 milhões com reformas no plenário foi de surpresa. Somados aos valores gastos, em 2010, no restauro do Castelinho (R$ 14.949.832,52), a reforma do plenário proposta retirou e retirará dos cofres públicos santistas cerca de R$ 18 milhões em obras em 12 anos.

A Mesa Diretora é composta por Carlos Teixeira Filho, o Cacá Teixeira (presidente - PSDB); Roberto Oliveira Teixeira, o Pastor Roberto (1º vice-presidente - Republicanos); Francisco Nogueira, o Chico Nogueira (2o vice-presidente - PT); Lincoln Reis (1º secretário - PL) e João Neri (2º secretário - PSD).

JÁ FOI FEITO.

Conforme vem argumentando a Câmara, o plenário Doutor Oswaldo de Rosis ficará mais acessível às pessoas com deficiência. No entanto, em 2010, a implantação do Legislativo no prédio do Castelinho, que custou cerca de R$ 15 milhões, incluiu todas as normas de acessibilidade, dispondo de rampas e três elevadores.

Vale lembrar que, enquanto a Direção da Câmara anuncia reforma de R$ 3 milhões em um plenário praticamente novo, alunos da rede pública de ensino terão que assistir aula em um galpão mal climatizado e repleto de pontos críticos, no Saboó, enquanto não fica pronta a reforma da Unidade Municipal de Educação (UME) Oswaldo Justo, no bairro Chico de Paula.

Além disso, estudantes de 26 das 86 escolas sofrem sem ar-condicionado e, há meses, o andar superior e a passarela que divide os dois blocos do Centro Cultural da Zona Noroeste (sambódromo) estão comprometidos, pondo em risco alunos da rede que fazem atividades artísticas, esportivas e pedagógicas na parte inferior.

Segundo apurado recentemente, a sala de cinema Toninho Dantas está totalmente abandonada e as bibliotecas Silvério Fontes e Hermínio José, essa última servindo de depósito, não estão funcionando. Desde 2020, praticamente, os equipamentos culturais não são utilizados por falta de dinheiro para mantê-los em operação.

LEMBRANDO.

É sempre bom lembrar que a rapidez com que se está sendo orquestrada a reforma do plenário não foi igual à reforma do prédio da Escola Técnica Acácio de Paula Leite Sampaio, cedido a Câmara em 2019, até hoje inútil à sociedade santista.

Em 2019, o então presidente do Legislativo, Rui De Rosis (União Brasil), recebeu do então prefeito, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), hoje deputado federal, o edifício situado à Rua Sete de Setembro. No local seria instalada Escola do Legislativo e ainda alguns departamentos que hoje se encontram no Castelinho.

Em 2022, já sob a presidência do vereador Adilson Jr, chegou a se anunciar uma parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para a realização das obras de revitalização e restauração do prédio, tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa).

ADILSON E CACÁ.

Procurado, o ex-presidente Adilson Júnior não se manifestou até ontem. O presidente da Câmara, Cacá Teixeira, já disse que os cerca de R$ 15 milhões, investidos em 2010, custearam a restauração do Castelinho e construção do prédio anexo, não podendo ser considerado como reforma num prédio que já tem 12 anos.

Quanto ao pronunciamento do vereador Benedito Furtado, disse que não há posicionamento a se estabelecer, a não ser o de respeito que deve pautar a vida do homem público pelas opiniões opostas às suas.

"E a Mesa Diretora foi escolhida pela maioria dos vereadores e possui a discricionariedade de tomar decisões administrativas em relação à manutenção das instalações da Câmara", finalizou.

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