Santos

'O café brasileiro é a Chanel dos cafés', avalia mago da publicidade

Vencedor de 17 Leões de Ouro, santista Hugo Rodrigues foi um dos destaques do 24º Seminário Internacional do Café

Nilson Regalado

Publicado em 02/06/2024 às 07:02

Atualizado em 02/06/2024 às 08:18

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Hugo Rodrigues coleciona 17 Leões de Ouro no Cannes Lions Festival of Criativity, o mais importante da Propaganda no Planeta / Isabella Fernandes/DL

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Hugo Rodrigues entrou na vida adulta aos 17 anos vendendo produtos de limpeza em Santos. E teve várias profissões até conseguir a primeira oportunidade no mercado publicitário. Trinta e sete anos depois, Rodrigues coleciona 17 Leões de Ouro no Cannes Lions Festival of Criativity, o mais importante da Propaganda no Planeta. Hoje, 'vende' de leite fermentado a cerveja, de fralda descartável a cartão de crédito. Presidente da McCann Wordgroup, após suceder o lendário Washington Olivetto, o publicitário voltou a Santos como palestrante no 24º Seminário Internacional do Café. Em 'casa', Rodrigues falou sobre os desafios da nova Economia, atualizou o papel da Propaganda nesse cenário, e projetou estratégias de marketing para a marca Cafés do Brasil.

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Com a autoridade de quem detém algumas das contas de Publicidade mais cobiçadas do mundo, o paulistano com 'passaporte' santista comparou o café brasileiro à revolucionária casa de moda francesa fundada por Coco Chanel e Pierre Wertheimer, ícone do luxo e do bom gosto há 114 anos.

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"A gente precisa reposicionar nosso café", avaliou o presidente da McCann Wordgroup. Porém, Rodrigues preferiu não cravar a melhor estratégia para consolidar a marca Cafés do Brasil no exterior. Atualmente, o País vende, majoritariamente, o café verde, em grãos, e recompra o mesmo café manufaturado na indústria, na forma instantânea ou em cápsulas.

"Eu gosto de trabalhar com especialistas. Não é o que eu quero, o que eu acho. É o que o outro espera. Não é impor o que, muitas vezes, nem foi pedido", explicou o publicitário.

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No dia anterior à palestra de Rodrigues, o economista Ricardo Amorim explicou em números que o mesmo grão vendido pelo Brasil volta ao País custando 37 vezes mais caro depois de industrializado. O economista afirmou ainda que uma reversão nessa estratégia agregaria valor à matéria-prima brasileira, criaria empregos com melhor remuneração na indústria e aumentaria a receita com impostos.

Bacharel em Economia pela USP e pós-graduado em Administração e Finanças pela École Supérieure des Sciences Économiques et Commerciales de Paris, Amorim é considerado o maior influenciador brasileiro na rede profissional Linkedin.

Mas, Rodrigues deu pistas da tática que adotaria para valorizar o produto brasileiro: "Não posso chegar no aeroporto da Suíça e não dar de cara com o melhor café do mundo. No aeroporto de Miami não resolve, porque vamos falar para brasileiros", resumiu Rodrigues. "Precisa fazer o consumidor saber que somos a Chanel dos cafés", completou o publicitário.

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"O café acompanha bem qualquer coisa, e ele precisa ser reconhecido como (um produto) do Brasil", salientou o vencedor de 17 Leões de Ouro em Cannes.

"A gente, como consumidor, não tem noção do que o café brasileiro representa para o mundo. Somos uma potência nessa área e temos que fazer com que o resto o mundo se apaixone pelo nosso produto, em que somos campeões", avaliou o presidente da McCann Wordgroup.

'Nova economia'.

Em pouco mais de uma hora de palestra, o publicitário santista pontuou que "o dinheiro hoje está na mão de pouca gente" e que "os ricos não têm mais o que fazer (com esse dinheiro)". Como consequência, "eles jogam milhões na mão de start ups, jorram dinheiro para quem tem uma boa ideia. E aí vão surgindo os unicórnios...".

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Reconhecido pelo mercado internacional, Rodrigues admitiu que "não vivemos mais a Economia da Revolução Industrial". Falando para um público formado por empreendedores e executivos de 29 países, o santista considerou que "os valores dessa nova Economia são diferentes".

E, de maneira sutil, criticou o comportamento dos "entrantes" no mercado de trabalho atual que, segundo ele, não têm a disposição de percorrer o caminho que ele mesmo percorreu, de começar em funções de menor destaque e subir superando expectativas: "Tem 200 caras achando que vão ser unicórnio. Não temos mão de obra..."

Mas, Rodrigues reconheceu que "os entrantes vão deixar arranhões" e alertou que "a qualquer momento, pode sair um monstro que vai engolir nossa empresa". E deixou uma mensagem de otimismo: "Trabalhe, estude, melhore. Aí, a gente cai na real, vence a barreira da inovação, e volta a entrar na disputa".

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Ciente de que não dá para "ser extraordinário o tempo todo" nem "se manter no topo o tempo todo", o publicitário deu sua receita para quem se dispõe a deixar um legado: "Supere expectativas, inspire confiança, crie tendências, respeite o consumidor, proporcione experiências de impacto e compartilhe seus valores".

Com certa ironia, Rodrigues, porém, admitiu que está "fora de moda" porque, em tempos de polarização, "o meio-termo está fora de moda".

Futuro da propaganda

Com a experiência de quem passou por diversas agências, de diferentes portes, o presidente da McCann Wordgroup explicou que o "consumidor está em transformação" e disse que a "indústria" da Propaganda e da Publicidade deve "atender aos anseios do consumidor".

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E deixou um conselho para os novos profissionais: "Não podemos olhar diretamente para a Propaganda, olhem para a jornada, é isso que assegura a constância. E constância é mais importante do que se imagina. A inconstância é um perigo, porque a gente, às vezes, tem a mania de mudar muito".

E, diante de um cenário pulverizado, onde não há mais a predominância dos poucos meios de Comunicação de décadas atrás, ponderou: "A mídia te suga, então a Propaganda ficou mais difícil de ser absorvida. E campanha publicitária é cara, é frustrante. E eu não preciso ter o filme mais caro do mundo".

O Seminário Internacional do Café aconteceu entre os dias 21 e 23 de maio, e foi promovido pela Associação Comercial de Santos.

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